A teoria política de Aristóteles é construída em torno da ideia de que o homem é um animal político por natureza. Ora, o homem é considerado um animal político porque, diferente de todos os outros animais, é dotado da razão e do discurso. Através da razão e do discurso, o homem desenvolve, então, as noções de justo e de injusto, de bem e de mal. Tais noções só se desenvolvem em conjunto com os demais e, por isso, constituem a base da comunidade política. Neste contexto, Aristóteles enuncia as virtudes intelectuais e morais como as excelências humanas necessárias para esta construção.
Não obstante a sua origem filosófica, sempre que ouvimos a expressão “animal político”, somos remetidos para outras interpretações, que nem sempre dignificam o “animal” em si, principalmente quando o “animal” detém o poder. Infelizmente, muitos dos que são apelidados de animais políticos têm pouca aptidão para a constituição da tal comunidade política, privilegiando as deliberações individuais e comportamentos (seletivamente) autistas em relação aos outros.
Tristemente, o “animal político” é conotado com o que “mente bem e finge que faz”. Lamentavelmente, o “animal político” é, também, com frequência, conotado com aquele que, com a voz bem colocada, diz qualquer coisa que muito pouca gente percebe, apesar de garantir que “falou muito bem”, ou com aquele que, pelo contrário, tem um discurso muito bem montado, mas cujas ações ninguém as conhece.
Muitas vezes, são considerados “animais políticos” os que “respondem à letra” e “não se deixam ficar para trás”, normalmente pela elevação do tom de voz, em vez da desejada elevação da qualidade dos seus argumentos e das suas atitudes. Ou, então, menos grave, mas não menos chato, os que terminam as suas intervenções com um irritante e vigoroso “DISSE!”, aniquilando, desse modo, e em absoluto, toda a retórica de até então.
Honestamente, em vez do instinto animal, talvez preferíssemos todos ver salientado um político humanizado, que se distinguisse, de facto, pela excelência da razão e da moral.
É que, efetivamente, defender aquilo em que se acredita, sem agredir os outros, dá MUITO TRABALHO, exige MUITA PACIÊNCIA e, fundamentalmente, obriga a MUITA EDUCAÇÃO. Acontece que, contrariamente à prepotência de tentar calar os outros à lei da força (na personalização espetacularmente indigna e animalesca do “quero, posso e mando”), o trabalho, a paciência e a educação parecem não estar ao alcance de todos.
O animal político, isto se não quisermos ofender os nossos Bobbies e Tarecos, é alguém que tem ideais e convicções sólidas, mas que é capaz de ouvir, de aceitar e de considerar as convicções dos outros, é alguém que trilha o caminho para alcançar os objetivos do bem comum.
Realmente, a política é exercida sempre que as pessoas agem em conjunto, porque o homem é por natureza um animal político e está destinado a viver em sociedade, ainda que muitos continuem a achar que podem fazer tudo sozinhos.
Se chegou até aqui é porque provavelmente aprecia o trabalho que estamos a desenvolver.
A Vila Nova é gratuita para os leitores e sempre será.
No entanto, a Vila Nova tem custos associados à manutenção e desenvolvimento na rede.
Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu simbólico contributo sob a forma de transferência bancária:
MB Way: 919983484
Netbanking ou Multibanco:
NiB: 0065 0922 00017890002 91
IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91
BIC/SWIFT: BESZ PT PL