Aproveitando o momento crítico causado pelo pedido de demissão do Ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, na sequência do caso do roubo do armamento em Tancos em Junho de 2017, António Costa aproveitou para mudar ministros que tinham pedido para sair e efetuou hoje, 14 de outubro, uma remodelação governamental. Quatro ministros foram subtituídos. Dentre estes, destaque para a nomeação do antigo secretário de Estado da Cooperação João Gomes Cravinho como novo ministro da Defesa Nacional.
Doutorado em Ciência Política pela Universidade de Oxford, e com mestrado e licenciatura pela London School of Economics, João Gomes Cravinho é atualmente embaixador da União Europeia no Brasil, desde agosto de 2015, tendo desempenhado o mesmo cargo na Índia entre 2011 e 2015.
Entre março de 2005 e junho de 2011, João Gomes Cravinho foi secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, nos XVII e XVIII governos constitucionais liderados por José Sócrates. Foi também secretário de Estado da Defesa durante a tutela do ministro Luís Amado no executivo de José Sócrates.
Governo com novos ministros da Defesa, Economia, Saúde e Cultura
O primeiro-ministro fez hoje a maior remodelação no Governo desde a sua tomada de posse, envolvendo quatro ministérios, com a substituição, na Defesa, de Azeredo Lopes por João Gomes Cravinho, na Economia, de Manuel Caldeira Cabral por Pedro Siza Vieira, na Saúde, de Adalberto Campos Fernandes, por Marta Temido, e na Cultura, pasta Luís Castro Mendes por Graça Fonseca, nomeações de imediato aceites pelo Presidente da República.
Com as mudanças agora operadas, o número de ministros desce de 17 para 16, já que Pedro Siza Vieira passa a ser ministro Adjunto e da Economia.
No XXI Governo Constitucional, é de referir ainda que o número de ministras aumenta de três para cinco.
Graça Fonseca, na Cultura, e Marta Temido, na Saúde, juntam-se no executivo liderado por António Costa às ministras da Presidência, Maria Manuel Leitão Amaro, da Justiça, Francisca Van Dunem, e do Mar, Ana Paula Vitorino.
Sem contar com o primeiro-ministro, o Governo passa a ter um elenco de 16 ministros, dos quais cinco são mulheres (cuja percentagem aumenta de 18% para 31%).
Em termos de orgânica, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, passa a ser ministro do Ambiente e da Transição Energética, com a inclusão da Secretaria de Estado da Energia na sua esfera de competências.
A Secretaria de Estado da Energia, desde a formação do atual Governo, esteve na área da Economia.
O que dizem por aí:
Miguel Santos Carrapatoso, no Expresso, refere que “o tempo muda tudo. António Costa foi defendendo todos os seus ministros até limite, mas acabou por anunciar a substituição de quatro este domingo, numa remodelação vasta como há quase 20 anos não se via. Há razões que justificam cada ministro que sai: má gestão política, inabilidade, foco de polémicas, apagamento ou erro de casting. O primeiro-ministro dá assim o tiro para um ano político infernal que só acabará no outono de 2019 com as eleições legislativas. Com os novos perfis, parece procurar estabilidade na Defesa, competência técnica e refrescamento na Saúde, liderança e influência na Economia e capacidade executiva na Saúde”.
Por seu turno, Celso Filipe, no Jornal de Negócios, considera que “a ascensão de Pedro Siza Vieira para a Economia e a escolha de João Gomes Cravinho para a Defesa, assim como a de Marta Temido para a Saúde, mostram que António Costa quer entrar no território da pré-campanha eleitoral sem pontos fracos”, daí concluindo que “afinal, não é o Orçamento para 2109 que é eleitoralista. Eleitoralista é o Governo que agora sai desta remodelação. E também aqui o primeiro-ministro voltou a surpreender”.
Entre os partidos políticos, o PCP fez notar que “para lá do papel que a partir da perspetiva pessoal de cada ministro e de como ela se traduz nas respectivas pastas ministeriais, o que é determinante é a política do Governo. Com ou sem remodelação, o que verdadeiramente importa é que a política do governo responda aos problemas que estão colocados ao País” e que “há uma resposta que continua adiada em áreas decisivas, de que são exemplo os direitos dos trabalhadores e legislação laboral, a afirmação do desenvolvimento soberano e uma efetiva valorização dos serviços públicos”. O Observador indica que o líder comunista, Jerónimo de Sousa, resumiu a anterior informação com um dito popular, hoje à tarde, em cerimónia pública de homenagem a José Saramago, afirmando que “quem sabe da vida do convento é quem lá vai dentro”.”
Declaração de relevo sobre a remodelação governamental, no plano político, foi também aquela que Assunção Cristas, a líder do CDS, proferiu, considerando-o um “primeiro-ministro fragilizado” e atacando António Costa: “A remodelação que o país precisa mesmo é a de António Costa”.
Fontes: CDS, Expresso, Governo, Jornal de Negócios, Observador Partido Socialista, PCP e RTP
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