‘Porquê?’
Porque é preciso estimular a curiosidade e formar públicos para as artes e para a cultura, criando consciência e autocrítica. É nesta premissa que assenta a organização do Porquê?, a Semana de Teatro Dedicado à Infância e Juventude que vai decorrer entre os dias 1 e 5 de outubro no Vale do Este, em Vila Nova de Famalicão, numa organização da Associação Fértil Cultural.
Contando com o apoio de dois agrupamentos de escolas – D. Maria II e Gondifelos -, com uma programação fortemente dirigida ao público escolar – os espetáculos foram particularmente escolhidos em função dos diferentes níveis de ensino -, a iniciativa prevê a presença em Famalicão de várias companhias de referência em Portugal no que consta à criação para a infância e juventude, como o Teatro e Marionetas de Mandrágora, Teatro Art’Imagem, Trigo Limpo/ACERT, Urze Teatro e Teatro do Montemuro.
“O objetivo mais imediato é despertar o gosto e a sensibilidade das crianças pelo teatro, ao mesmo tempo que, com uma criteriosa seleção de peças teatrais, se procura ajudar a escola nos seus esforços educacionais no âmbito da formação estética e cívica”, revela Neusa Fangueiro da direção artística da companhia, atriz, encenadora e dramaturga.
O melhor teatro contemporâneo vai, por isso, ao encontro da comunidade, pelo que teremos o Teatro de Marionetas de Mandrágora na Junta de Freguesia de Castelões, a abrir o festival, no dia 1 de outubro, com um espetáculo para o 3.º ciclo, intitulado “Aurora”. O Teatro Art’Imagem vai trazer “A Maior Flor do Mundo” e “Outras Histórias Segundo José”, no dia 2, à sede da Banda de Música de Arnoso, para os alunos do 2º Ciclo. O Trigo Limpo Teatro aterra no dia 3 no Centro Paroquial do Louro para levar às crianças dos 3º e 4.º anos do 1.º ciclo, “Um Urso com Poucos Miolos”, e, no dia 4, é a vez da Urze Teatro, apresentar a sua interpretação da “Ilha do Tesouro” para o 1.º Ciclo. O espaço de ação desta semana concentra-se no Vale do Este de V. N. de Famalicão por opção da direcção artística da Fértil, de forma a criar um ponto de equilíbrio da oferta cultural com o centro do concelho.
Da programação há ainda espaço para uma conversa sob o mote “Porquê o teatro para infância e juventude?” que conta com presença de Ana Caridade (Mosaico – Plataforma de projetos inclusivos artísticos e educativos), Soraia Gonçalves (MOTIM – Mostra de Teatro Para a Infância de Mindelo – Cabo Verde) e Paulo Duarte (Teatro do Montemuro). Para encerrar o “Porquê?”, no dia 5 de outubro, às 16h30, a Fértil propõe um espetáculo para toda a família: “À espera que volte”, do Teatro Montemuro, na Casa da Pedreira.
Este projeto conta com o apoio das Junatas de Freguesia do Louro, Gondifelos-Cavalões-Outiz e Arnoso Stª. Maria-Arnoso Stª. Eulália-Sezures tendo sido seus financiadores a Direção Geral das Artes e o Município de Famalicão.
Uma companhia Fértil
A apresentação do ‘Porquê?’ serviu também para a revelar o percurso, ambições e missão da Fértil Cultural. Na conferência de imprensa realizada ontem na Casa da Pedreira, sede da companhia, o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, realçou a “coragem de sedear um projeto de teatro contemporâneo numa zona do concelho de caraterísticas rurais, sem hábitos e consumos culturais sustentados por parte da população, muito ligado à vertente educativa, como o demonstra o histórico do percurso da Fértil e esta organização do ‘Porquê?'”.
A verdade é que a descentralização cultural está no ADN da Fértil que nasceu precisamente para estender aos meios rurais propostas artísticas contemporâneas, produzindo e organizando espetáculos culturais para subirem tanto ao Palco da Casa das Artes e do D. Maria II, como ao palco da Junta de Freguesia de Cavalões e do Louro.
“É preciso mostrar à população que vive fora dos grandes centros urbanos que as expressões artísticas contemporâneas não são um bicho papão e que a arte, educação e cultura são a base de desenvolvimento de todos os seres humanos”, refere Rui Leitão, diretor da companhia, antropólogo, encenador, dramaturgo e músico.
Rui Leitão sabe que o desafio é difícil e reconhece que é mais fácil trabalhar a partir dos grandes centros urbanos. A verdade, contudo, é que, a partir de Gondifelos, ao longo de oito anos a Fértil produziu dez espetáculos, cinco dos quais para público adulto, mais cinco para infância e um juvenil. Estes últimos foram sempre criados com dois objetivos, um de serem apresentados em teatros, o outro de poderem ser levados às escolas. Durante todo este tempo apresentou publicamente mais de 400 apresentações dos seus espetáculos em várias regiões do país e duas internacionalizações (Espanha e Cabo Verde).
A Fértil é uma estrutura financiada pela DGArtes/ Ministério da Cultura/ Governo de Portugal, desde 2018 e conta com o apoio do município desde a sua fundação, em 2008.
Fontes: Fértil Cultural e Município de Famalicão
Imagens: Teatro de Montemuro (0) e Fértil Cultural (1)