Robert Mapplethorpe (Nova Iorque, 1946 – Boston, 1989) criou algumas das imagens mais icónicas, polémicas e surpreendentes da fotografia contemporânea. Robert Mapplethorpe: Pictures, a exposição, que decorrerá de 20 de setembro, a 6 de janeiro do próximo ano no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, é organizada em estreita colaboração com a Robert Mapplethorpe Foundation, e comissariada por João Ribas, diretor do Museu, com coordenação de Paula Fernandes.
Robert Mapplethorpe: Pictures reúne 179 obras de toda a sua carreira, desde as primeiras colagens e polaróides até às mais belas fotografias de flores e nus, alguns dos quais contendo retratos e imagens de cariz sexual explícito que fizeram de Mapplethorpe um dos fotógrafos mais notáveis do século XX.
Retratos, nus e naturezas-mortas dos anos 70 de Robert Mapplethorpe redefiniram fotografia como forma artística
Antes de escolher a fotografia como meio, Mapplethorpe estudou pintura e escultura em Nova Iorque e foi influenciado pela arte de Joseph Cornell e Marcel Duchamp, mas também pela fotografia do século XIX de Julia Margaret Cameron e outros, de que se tornaria um ávido colecionador. As suas primeiras colagens, assemblagens e fotografias (estas inicialmente realizadas com uma câmara Polaroid) revelam o interesse crescente na sexualidade e na composição — ângulos retos, formas geométricas de luz — que viria a definir a sua obra matura. Trabalhando a partir de 1975 com uma câmara Hasselblad totalmente manual, cujo visor enquadrava o mundo num quadrado, Mapplethorpe começa a recorrer a exposições longas e composições metodicamente dispostas e ordenadas no seu estúdio para criar retratos, nus e naturezas-mortas, cujos equilíbrio, ordem e conteúdo redefiniram a fotografia como forma artística.
Obra fotográfica suspensa na tensão entre intensidade emotiva e política dos conteúdos e clareza da composição
Mapplethorpe tratou todos os seus temas com igual atenção e precisão, desde órgãos sexuais ou arranjos de flores até aos retratos de amigos, amantes, celebridades e colaboradores, transformando a fotografia numa performance controlada entre o artista e o seu sujeito. Controverso e classicista, o interesse pioneiro de Mapplethorpe por sexo, género e raça reflete-se em imagens de corpos, prazer e desejo homossexuais e não heteronormativo e em fotografias suspensas na tensão — como acontece na totalidade da obra do artista — entre a intensidade emotiva e política dos seus conteúdos e a clareza da sua composição.
Conferência enquadra obra de Mapplethorpe no mundo moderno sob perspetiva Renascentista
Em complemento à exposição, no âmbito das Jornadas Europeias do Património, a 27 de setembro, pelas 17h00, o Museu de Serralves apresenta a conferência “Mapplethorpe e Michelangelo: A arte da Renascença encontra o mundo moderno” com Jonathan Nelson, Professor Associado de História da Arte na Universidade de Syracuse, em Florença. Nesta conferência o legado de um ideal de procura pelo belo, presente na cultura clássica, será revisto sob a ótica da obra do fotógrafo estadunidense Robert Mapplethorpe (1946-1989).
Em busca da perfeição na forma
Em Serralves, o público vai poder ver a obra de Robert Mapplethorpe pelo prisma de um professor e estudioso da Renascença que organizou uma exposição do fotógrafo norte-americano em Florença, na Galleria dell’Accademia, literalmente aos pés do David de Miguel Ângelo. O orador começou pelo mais básico: falou com os amigos de Mapplethorpe, nomeadamente Patti Smith, com quem o fotógrafo estabeleceu uma complexa relação, e Philip Glass, encontrou-se com os seus modelos e os assistentes e leu as entrevistas que concedeu em vida. Mapplethorpe afirmou frequentemente: “Procuro a perfeição na forma” ou “Não há diferença entre um tema e o seguinte. Tento captar aquilo que poderia ser escultura”. Esta abordagem está no extremo oposto da que encontramos em artigos de jornal e catálogos de museus, que geralmente se centram naquilo que constitui a matéria das fotografias de Mapplethorpe. Esta conferência procura explorar a forma como o fotógrafo captava a essência escultórica, partindo da sua atenta observação de obras renascentistas, particularmente de Miguel Ângelo. São as próprias palavras de Mapplethorpe que nos conduzem a um novo entendimento das suas obras e nos fornecem uma pista para apreciar a exposição que estará patente na Fundação de Serralves.
Visitas guiadas à exposição Mapplethorpe: Pictures
No sábado, 22, pelas 11h30, decorre a primeira de 6 visitas orientadas. Michael Ward Stout, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Mapplethorpe, e João Ribas, Diretor do Museu de Serralves e comissário da exposição, serão os anfitriões nesta data.
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Imagem de destaque: Robert Mapplethorpe, Self Portrait,1983 © Robert Mapplethorpe Foundation. Todas as obras de arte expostas são propriedade da Robert Mapplethorpe Foundation, Nova Iorque.
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