De dois em dois anos, na primeira semana de agosto, a aldeia de Balugães e a companhia de teatro local, o Teatro de Balugas, levam ao adro da Igreja Românica de São Martinho de Balugães, nos limites de Barcelos com Ponte de Lima, um espetáculo de teatro comunitário e de forte identidade local, assente numa cultura de valorização do espaço e na materialização artística da memória coletiva da aldeia.
Inserido nas Jornadas Culturais de Balugães, o TERREIRO apresenta, no dia 4 de agosto, pelas 22 horas, a comédia “Abaixo o Aeroporto em São Martinho de Balugães”, uma produção do Teatro de Balugas, com a participação da Ronda Típica da Ponte das Tábuas e da aldeia de Balugães. Para esta produção, o Teatro de Balugas convidou ativamente a população a participar, em especial na manifestação contra o aeroporto em São Martinho que irá decorrer durante a apresentação da representação.
A nova produção do Teatro de Balugas está integrada nas Jornadas Culturais de Balugães. O primeiro ensaio decorreu no passado dia 28 de julho e haverá um segundo ensaio no dia da apresentação de “Abaixo o Aeroporto em Balugães” a 4 de agosto, das 15 às 17h00, no adro da Igreja Românica. Esta apresentação deverá ser similar à já apresentada em Rianxo, Barcelos, Arentim e Pedra Furada, esta última integrada no Festa do Teatro de Barcelos e intitulada “Abaixo o Aeroporto em Rianxo”. A assim ser, terá o nosso Governo já ouvido falar de Balugães?
A aldeia de Balugães está toda convidada a participar. A entrada é livre.
Fundado em 2007, o Teatro de Balugas inspira-se na cultura popular do Minho. Acaba de completar 11 anos de vida. Ontem mesmo. Na sua página facebook pode ler-se que a Companhia dedicou esse tempo “a reinventar uma comédia atual, seja na linguagem ou no texto pacificamente revoltado, a testar novas abordagens, sejam cénicas, de espaço e de contacto com o público! Criámos uma estética nossa. E. no sábado, temos de volta a maquinaria, o “catrapilas”, a “motorizada co’carroço”, os cenários grandes e abarrotados de bugigangas, a luz “bermelha a fundo” e o cheiro a comida. Na primeira fila alguém diz sempre: – Oh cum cara#$@, aí vem eles!”
Mas não se ficam por aqui. Nesse mesmo texto, os do TERREIRO, sob a direção artística de Cândido Sobreiro, afirmam tentar divertir-se “não só a criar espetáculos, mas em quase tudo. A nossa identificação com o humor é uma certa maneira de olhar o Minho e o país. Por um lado, é uma visão distanciada, por outro, estamos lá dentro. É a consciência de que não somos superiores ao que retratamos, estamos dentro daquele mundo por razões de vínculo e de pertença a um património imaterial comum. Essa consciência é muito importante para nós, rir de nós próprios, não somos superiores às pessoas de quem fazemos troça, pois troçamos também de nós. Aqui, a terra e o palco assumem-se como dois planos que são indissociáveis da sobrevivência espiritual do homem, mas também da natureza de um teatro comunitário que sempre foi feito do povo, para o povo, e a partir de uma ideia de pertença coletiva.”
O teatro de Balugas é “feito na aldeia, acreditando que este trabalho comunitário manterá viva a identidade desta, enquanto espaço de criação, numa luta contra o desaparecimento do mundo rural, da festa feita nas terras pelas gentes que contavam apaixonadamente as suas crenças, tradições e costumes, de uma certa ideia de progresso que não serve homens nem comunidades.”
A história do teatro de Balugas é feita “de resiliência e continuidade, onde a cultura popular de gerações resiste nas mãos de um punhado de artistas anónimos que pisam o palco de balugas ou borzeguins, botas altas com atacadores, de onde deriva o topónimo da aldeia de Balugães.”
Ligações: Teatro de Balugas – homepage, facebook, vimeo