BioBlitz | Vasco Flores Cruz: Identificar o maior número possível de espécies num passeio pelo parque

O verão está mesmo, mesmo a chegar e é tempo para aproveitar e conhecer, em família, as  espécies que existem no Parque da Devesa nesta estação do ano. Amanhã, 1 de julho, a Casa do Território, do Parque da Devesa, tem prevista a atividade BioBlitz, anteriormente marcada para 17 de junho, mas adiada para este dia devido às condições climatéricas.

 

 

 

Tendo como ponto de encontro, e partida, a Exposição “Ave Selvagem”, patente na Casa do Território, coordenada por Vasco Flores Cruz, pelas 15h00 o grupo partirá à descoberta dessas espécies, quer de fauna quer de flora percorrendo as diversas áreas do Parque famalicense.

A atividade de descoberta da Devesa será orientada pelo ecólogo Vasco Flores Cruz. Vasco Flores Cruz  trabalha em conservação e divulgação da biodiversidade, tendo já dinamizado mais 150 eventos um pouco por todo o país. Em Famalicão tem trabalhado com o Parque da Devesa praticamente desde que o Parque abriu ao público, dinamizando vários workshops e atividades de educação ambiental. Desde Setembro passado, está também a coordenar a exposição patente na Casa do Território sobre a biodiversidade do Vale do Ave intitulada “Ave Selvagem”. Esta exposição estará patente ao público ao longo de um ano.

Esta é já a oitava actividade desta natureza que os serviços do Parque da Devesa organizam e têm tido uma excelente receptividade por parte dos famalicenses. A curiosidade inata das crianças relativamente à biodiversidade e as excelentes condições que o parque da Devesa oferece, permitem realizar este tipo atividades em que aprendemos e nos divertimos ao mesmo tempo.

Sobre a atividade, explica Vasco Flores Cruz que “consiste num passeio pelo Parque. Ao longo do percurso, os participantes procuram, com a minha ajuda, identificar o maior número possível de espécies. A BioBlitz é uma atividade enquadrada no calendário “Devesa em família”, pelo que é portanto pensada para um público genérico. Não são necessários quaisquer conhecimentos prévios sobre a biodiversidade local para participar.”

O ecólogo dinamizador da BioBlitz acrescenta ainda que “a grande diversidade de habitats que existe no parque – bosques, prados, galerias ripícolas, lago, tanques de rega, ribeiro, entre outros – permite aos participantes, num curto espaço de tempo, observar uma grande variedade de animais pertencentes aos diferentes grupos de vertebrados.”

Há um grupo de animais que é mais facilmente identificado entre todos aqueles que é possível encontrar no local. “As aves são sempre o grupo mais representado. Desde que o Parque foi inaugurado já foram identificadas mais de noventa espécies. A sazonalidade e raridade de algumas aves faz com que seja impossível observar tão grande número em uma só visita. No entanto, é fácil observar mais de vinte espécies num pequeno passeio pelo parque”.

Mas Vasco Flores Cruz aguça o apetite aos eventuais participantes: “Os anfíbios e os répteis só são vistos pelos mais atentos. Geralmente são animais de pequenas dimensões. Vivem abrigados entre a vegetação ribeirinha ou as pedras dos muros. A prospeção dos tanques de rega, com auxílio de uma rede camaroeiro, e uma visita atenta aos muros do parque permite sempre descobrir algumas rãs, tritões e lagartixas.” As cobras, não perigosas contrariamente ao que muitos pensam, também podem ser avistadas.

Os mamíferos ocupam também este habitat. “Embora existam várias espécies de mamíferos a viver em estado selvagem no Parque da Devesa, são animais muito tímidos que raramente se deixam observar. Deixam-nos, no entanto, pistas como pegadas, tocas ou excrementos que exigem um olhar de detective para identificar. Os vestígios mais comuns são de lontra, coelho-bravo ou toupeira.” É sabido que, embora raramente avistados, existem por lá também ouriços-cacheiros.