Fábrica de Histórias | Um livro… #07: “Ké iz tuk?”, de Carson Ellis

 

Olá meus amores e amoras,

 

No «Um livro por semana … Por Clara Haddad» desta semana «Ké iz tuk?», apresento-vos um livro absolutamente genial escrito e ilustrado pela norte-americana Carson Ellis. Penso que é uma das traduções mais divertidas e originais que conheço!

Tem uma linguagem divertida como a das crianças a brincar. Amei logo que o vi! Mas a pergunta que fiz a mim mesma logo a seguir à euforia inicial foi: Como vou contar isso?! Era um desafio… Passei dias e dias e pensar… a observar as crianças e seu jeito de comunicar, sobretudo a forma das mais pequeninas que estão começando a aprender as primeiras palavras e “voulá”!

A história inicia com um misterioso caule a brotar da terra. Logo um inseto aparece e olha com admiração algo desconhecido para ele. “Ké iz tuk?”.  É a pergunta que surge. Outro inseto responde: “Mei Nazê”.

Outras personagens vão aparecendo e todas estão surpreendidas com aquele misterioso caule que brotou da terra e está a crescer. A partir daí, vão se desenrolando mil aventuras…. vão surgindo outros elementos e personagens. Uma aranha gigante, uma lagarta, a flor, o pássaro… O tempo vai passando, as estações do ano mudando… Tudo se renova.

Podemos explorar a narrativa através de questões sobre o ganho e a perda, a tristeza e a alegria ,a curiosidade e o medo, o desespero e a surpresa… entre tantas emoções, nem sempre em equilíbrio, mas assim é a vida!

Nas páginas finais, vemos a primavera chegar com sua recompensa redentora… «Ké iz tuk?»., exclama um novo inseto que entra na cena – um convite gentil para refletir sobre para onde os outros foram, quando as estações mudaram, apresentando uma oportunidade subtil para abordar também o ciclo da vida.

A história está maravilhosamente ilustrada e escrita por Carson Ellis, numa “linguagem imaginária”, mas perfeitamente compreensível, cujo significado conduz o leitor a entender as emoções humanas, o ciclo da vida e a interdependência inexorável de alegria e tristeza, triunfo e  derrota, crescimento e decadência.

Faz-me lembrar da bela filosofia japonesa de Wabi Sabi que tem origem no Zen Budismo e está relacionada à imperfeição, um conceito totalmente contrário ao que geralmente buscamos em nossa vida. Trata-se de uma filosofia onde aprendemos a ver a beleza mesmo nas coisas imperfeitas, impermanentes e incompletas.

Um livro que nos convida a encontrar o significado e o conforto na impermanência. Estranho, divertido, desafiador, irresistível. Vale a pena! Não hesitem. As crianças amam essa história imaginativa. Surpreendam-se! 🙂

“Ké Iz Tuk?”, de Carson Ellis (texto e ilustração)

Editora: Orfeu Negro

Preço: 14,90 €

À primeira vista parece que alguém se sentou no teclado antes de imprimir o livro: “Ké iz tuk?”. “Mei nazê”, lê-se logo às primeiras páginas. Percebe-se entretanto que entrámos no universo dos insetos, com direito a uma linguagem imaginária cujo sentido se vai tirando através da semelhança com a nossa e, sobretudo, das ilustrações da premiada Carson Ellis. “O que é isto?”, “Eu não sei”, é o diálogo que surge quando duas das personagens veem um misterioso caule brotar da terra. Entre a surpresa, a alegria, o medo e a tristeza o livro vai decorrendo sempre no mesmo cenário: o caule cresce, transforma-se, apodrece, num belo testemunho sobre a transformação da natureza, a mudança constante, a beleza e o seu reverso. Em quatro palavras: o ciclo da vida.

No Brasil, infelizmente, não está editado.

 

 

Obs: Este artigo foi originalmente publicado em Um livro por semana…. Por Clara Haddad #7.

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