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Ensino Artístico | ACE Famalicão e INAC implementam Curso de Interpretação e Animação circense em 2019-2020. Famalicão produz cultura, diz Paulo Cunha

Imaginar uma escola sem sinal de desmotivação entre os alunos pode parecer uma utopia, mas em Famalicão há diversos exemplos que contrariam essa ideia. ArtAve – Escola Profissional Artística do Vale do Ave, ArtEduca – Conservatório de Música de Famalicão, INAC – Instituto Nacional de Artes do CircoACE – Escola de Artes de Famalicão cumprem tal papel.  

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A frequência destas escolas cumpre com equivalência ao ensino secundário, sendo direcionadas para o mundo do espetáculo e das artes. A ACE de Famalicão é um polo da ACE – Escola de Artes do Porto e aplica na sua prática um programa do Curso de Interpretação igual ao praticado na Escola do Porto. Têm sido, por essa razão, cada vez mais os jovens de todo o norte do país a procurar ocupar as vagas disponíveis para desabrochar e potenciar talentos.

Ao nível da interpretação, a ACE tem dado cartas e assim se pretende manter. O próximo ano letivo – 2018/2019 – irá marcar uma evolução na oferta formativa da ACE de Famalicão. Esta escola, em associação com o INAC – Instituto Nacional de Artes do Circo, vai lançar a primeira formação em técnicas de interpretação e de animação circense de nível IV no norte de Portugal.

Assim, os jovens que querem frequentar um curso profissional de artes circenses já não têm de se deslocar a Lisboa para se inscreverem no Chapitô, a única escola de circo existente em Portugal até agora. A partir de setembro, a Academia Contemporânea do Espetáculo – ACE de Vila Nova de Famalicão vai disponibilizar um novo curso de interpretação e animação circense, uma oferta verdadeiramente inovadora e única na região Norte e Centro, que vai permitir aos alunos uma equivalência ao 12.º ano, possibilitando o prosseguimento de estudos no Ensino Superior ou a inserção imediata no mercado de trabalho.

Orientado para o Novo Circo, este curso nasce de uma parceria entre a ACE e o Instituto Nacional das Artes Circenses – INAC, que se instalou recentemente em Vila Nova de Famalicão.

Estes cursos são certificados pelo Ministério da Educação e dão equivalência ao 12.º ano de escolaridade, o que permitirá, de um lado, o prosseguimento de estudos no ensino superior, e qualificação profissional de nível IV, por outro, permitindo a inserção imediata no mercado de trabalho. A frequência desta escola é subsidiada pelo Estado e as aulas ministradas por conhecidas rostos do mundo do espetáculo.

Esta notícia surgiu há cerca de um mês atrás, com a homologação do Ministério da Educação. Por essa razão, no âmbito do- Roteiro pela Inovação, o projeto educativo da ACE de Vila Nova de Famalicão, dirigido pelo ator António Capelo, esteve no centro de uma visita do presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha às suas instalações, há alguns dias atrás, situadas no edifício que ainda hoje alberga a Escola Básica das Lameiras.

Na ocasião, o diretor da ACE, António Capelo referiu o “momento auspicioso” que vive a instituição atualmente. Com este novo curso de artes circenses “estamos a abrir aqui, em Vila Nova de Famalicão, uma nova porta no país para que no futuro os formandos possam enriquecer o mercado de trabalho”, salientou. O responsável salientou que o objetivo deste novo projeto desenvolvido em conjunto com o INAC e o Teatro da Didascália é, acima de tudo, “dignificar a profissão.”

“Quando a ACE nasceu, há 30 anos, no Porto, foi com o objetivo de criar formação numa área onde [esta] não existia, na área do teatro, o objetivo deste novo curso tem a mesma intenção, queremos ampliar a oferta de produção nas áreas do circo”, salientou António Capelo.

O também ator acrescentou ainda que “Famalicão é um espaço ideal para o surgimento deste projeto, pois conseguimos reunir aqui um conjunto de parcerias, nomeadamente com INAC e o Teatro Didascália, que organiza o festival de novo circo Vaudeville Rendez-Vous”.

 

Projeto-Piloto para pequenos atores

Entretanto, a ACE vai continuar no próximo ano letivo com o projeto piloto de teatro para o enriquecimento curricular do ensino básico. Segundo o responsável, durante este ano letivo, o curso foi desenvolvido com três turmas do 1.º ciclo do concelho, mas o objetivo para o próximo ano é que chegue a mais escolas do concelho e de fora.

“Queremos criar no sistema educativo português uma vertente do ensino articulado virado para as artes performativas e vamos tentar sensibilizar o ministério da educação para essa alternativa”, sublinhou o responsável.

Refira-se que a ACE de Vila Nova de Famalicão tem 3 anos de existência, lecionando neste momento o curso profissional de artes do espetáculo – interpretação, contando com cerca de 80 alunos nos três anos (10.º, 11.º e 12.º). O corpo docente é constituído por cerca de 40 profissionais, entre atores, produtores e realizadores, todos profissionais conceituados no ativ a ACE de Vila Nova de Famalicão apresentou em Abril o magnífico espetáculo O Deserto de Medeia na Casa das Artes e, muito recentemente, Stonehenge.

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Do  seu lado, “o INAC surge de uma necessidade urgente de espaço de treino, formação, criação artística de circo contemporâneo em Portugal. Foi planeado ao longo de 2 anos. Tendo aberto as suas portas em 2016, em apenas 1 ano e meio já possui 5 linhas de trabalho: Formação, Inclusão Social, Residências Artísticas, Plataforma de Criação e Programação”, informa Juliana Moura, Diretora Geral e Coordenadora Pedagógica da Instituição. Todo esse trabalho é desenvolvido naquele que é hoje o maior espaço de prática de circo em Portugal, com 1500 metros quadrados totalmente dedicados ao fomento do circo.

Juliana Moura acrescenta que “era vontade do Instituto (INAC) preencher todas as lacunas de ensino do circo em vários níveis em Portugal e, com a vinda do INAC para Famalicão, faz todo o sentido unir estas duas estruturas para concretizarmos e formalizarmos essa formação.” Assim, existe já uma equipa conjunta a fazer o trabalho de preparação  desde que o ACE foi ao encontro, do INAC. Desde logo, “até porque havia a necessidade de preparar toda uma série de documentação e afins para a aprovação do curso profissional e, após a sua aprovação, continuamos a desenvolver trabalho conjunto e a organizar toda a pré-abertura do ano escolar de modo a estarmos em condições de recebermos os alunos candidatos” para o próximo ano letivo.

Juliana Moura assinala também a qualidade do corpo docente que irá estar afeto a este novo curso. “O corpo docente do curso profissional a implementar é formado pelos professores do Curso Profissionalizante Bi- anual do INAC. São profissionais nacionais e internacionais, formados por outras escolas de circo,  com destaque no mercado de trabalho e que recorrem a excelentes métodos de ensino e boa pedagogia” tomando em linha de conta sempre os resultados a atingir.

O INAC, apesar do seu ainda reduzido tempo de vida, afirmou-se já como “uma referência nacional e internacional. Iremos dar continuidade ao trabalho que tem vindo a ser feito, com muita responsabilidade e respeito ao circo e à arte. Como agentes propulsores, queremos que o circo alcance, além da comunidade circense, também toda a comunidade de Famalicão, pois acreditamos que o circo promove a socialização e a humanização”, para além da capacidade de trabalho físico e artístico dos seus praticantes.

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Na visita efetuada no referido Roteiro pela Inovação, acompanhado por Leonel Rocha, Vereador da Cultura, e Álvaro Santos, Diretor da Casa das Artes, entre outros, Paulo Cunha, rendido ao projeto educativo da ACE, deixou claro, na altura, ser esta uma “grande notícia para o concelho.” O autarca elogiou a parceria entre a ACE e o INAC salientando que se trata de “um sinal de convergência e de inteligência. Estas instituições perceberam que todos ficamos a ganhar com a criação de sinergias e com a colaboração de todos”.

Para Paulo Cunha, com este novo projeto “estamos a criar em Vila Nova de Famalicão condições para o surgimento de novos projetos culturais”. E salientou: “Famalicão, que é conhecido como um concelho ligado à indústria, que produz no têxtil, no setor automóvel, que produz tecnologia, metalomecânica e na área agroalimentar é, também hoje, conhecido como um concelho que produz cultura.”

O edil mostrou-se ainda muito satisfeito ao saber que cerca de 50 por cento dos alunos da ACE chega à universidade e enalteceu “a vocação destes alunos para os cursos artísticos”.

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