A partir do próximo sábado, dia 17, e até 20 de maio, irá decorrer, no Centro de Estudos Camilianos, em Seide S. Miguel, a 12ª edição do Festival de Teatro Amador “Terras de Camilo”, festival este organizado por alturas da primavera, pelo Grutaca – Grupo de Teatro Amador Camiliano. A iniciativa, promovida por este grupo em parceria com a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, arranca com a interpretação da obra camiliana “Os brilhantes do Brasileiro”, colocada em cena pelo próprio Grutaca.
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Foram muitos os textos de Camilo Castelo Branco adaptados ao teatro. Como Luís Francisco Rebelo escreveu em ‘O Teatro de Camilo’, a dramaticidade da sua obra é aliás “reflexo da sua própria vida, tão pródiga em lances teatrais que daria matéria não para um, mas para vários dramas, que ele de resto não se coibiu de escrever”.
Em Vila Nova de Famalicão, terra que Camilo escolheu para viver e produzir a maioria das suas obras, há mais de uma década que a mesma dramaticidade serve de inspiração para a realização do “Festival de Teatro Amador Terras de Camilo”, que tem como principal objetivo impulsionar a atividade dos grupos de teatro amador do país, dando a conhecer o seu trabalho e os seus atores.
Segundo António Alves, do Grutaca – Grupo de Teatro Amador Camiliano, este Festival “tem vindo a dar oportunidade a que várias companhias, do Norte ao Sul do país, venham representar o que há de melhor no teatro amador. Não havendo exceção, até 20 de maio, este ano o Festival conta com a participação de oito companhias” nacionais que poderão ser vistas gratuitamente no palco do Centro de Estudos Camilianos, mesmo em frente à Casa Museu de Camilo, em S. Miguel de Seide.
Para além da apresentação de quase uma dezena de peças de teatro, conta também com uma componente formativa, com a realização de vários workshops, a realizar no dia em que assinala o Dia Mundial do Teatro – 27 de março.

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João Paulo Braga, professor de Português no Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco, também investigador e divulgador da obra camiliana, refere-se a esta obra, afirmando que “tendemos a valorizar o ficcionista de fecunda imaginação, o romancista que nos legou páginas da mais acrisolada sensibilidade romântica, à mistura com trechos do mais cru realismo, tantas vezes deformado pela impiedosa lente satírica.” João Paulo Braga reforça ainda que “Camilo foi muito mais que ficcionista. Foi poeta e foi também prolífico dramaturgo. Peças como O Morgado de Fafe em Lisboa mereceram, ao longo dos tempos, a atenção de encenadores e atores, que a têm levado ao palco com alguma regularidade, incluindo a adaptação televisiva realizada por Rui Ferrão para a RTP, e, 1990, em cujo elenco figurava, por exemplo, Alexandra Lencastre. E, felizmente, outras peças de Camilo, ou adaptações inspiradas na sua obra ficcional ou na sua vida têm sido alvo de renovado interesse, aparecendo em cartaz em vários teatros do país.
João Paulo Braga, um dos dinamizadores, com Sérgio de Sousa, das Noites de Insónia camilianas, apresentadas uma vez por mês no Centro de Estudos Camilianos, salienta também que “Camilo era um autor profundamente dramático. E esse dramatismo, trágico ou cómico, patente em lances patéticos, em cenas cómicas, em diálogos magistralmente construídos anima muitas das suas páginas de ficção. Que admira, pois, que, desde o início, obras romanescas como Vingança, A Queda de um Anjo, Amor de Perdição tenham sido adaptadas ao teatro? Segundo Luiz Francisco Rebelo, “de nenhum outro romancista português se fizeram tantas adaptações à cena como de Camilo, que, sob esse aspeto, se distancia consideravelmente de Júlio Dinis e Eça de Queiroz, os seus émulos mais próximos.” Uma dessas adaptações surgiu em 1902, sobre o romance Os Brilhantes do Brasileiro, pela mão de Gaudêncio Carneiro. É a peça que o Grupo de Teatro Amador Camiliano (Grutaca) leva à cena na sessão inaugural (17 de março) da edição deste ano do “Festival de Teatro Amador Terras de Camilo”, com que mais uma vez se homenageia o teatro, o teatro amador, feito por quem ama o teatro, sob o signo de Camilo Castelo Branco, na terra onde ele escreveu muitas das suas magistrais obras e onde protagonizou o último ato do drama da sua vida, o suicídio em 1 de junho de 1890.”
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Programa
17 de março (sábado), 21h30:
GRUTACA – Grupo de Teatro Amador Camiliano: “Os brilhantes do Brasileiro”, de Camilo Castelo Branco;
25 de Março (domingo), 16h00
Quatro Ventos – Companhia de Teatro (Santo Tirso)
“João Sem Medo”, adaptação de As Aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira;
27 de Março – Dia Mundial do Teatro (terça-feira)
Workshops, pelo Teatro e Marionetas de Mandrágora:
a) Marionetas de Esponja (10h00) – público: Escolas Básicas do concelho;
b) Teatro de Papel (14h30), público: Escolas Básicas do concelho; e
c) “Construção de uma personagem – público: atores de grupos de teatro amador e profissional.
7 de abril (sábado), 21h30
Grupo de Teatro do Centro Cultural Lordelense (Vila Real): “O Chá de São Cornélio”, adaptação de a Mandrágora, obra-prima de Maquiavel;
14 de Abril (sábado), 21h30
Sociedade Artística Tramagalense (Abrantes): “Agarra que é Milionário”, de Tozé Martinho;
21 de Abril (sábado), 21h30
Grupo de Teatro Olimpo (Ansião – Leiria): “Os Mentirosos”, de Pedro Ventura Cabral;
28 de Abril (sábado), 21h30
Nova Comédia Bracarense (Braga): ” As Artimanhas de Scapin” de Moliére;
5 de Maio (sábado), 21h30
Associação Amarcultura (Calendário): “Salsada de Comédia” – Sketches de Monty Python, Barbixas e outros autores anónimos;
20 de Maio (domingo), 16h00
GRUTACA: “Eu, Tu, Ele, Nós, Vós, Eles”, de Sérgio Godinho.

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Breve história do Grutaca – Grupo de Teatro Amador Camiliano e do Festival “Terras de Camilo”
O Grupo de Teatro Amador Camiliano – GRUTACA – foi fundado em 27 de fevereiro de 1994 com o intuito de promover a cultura e difundir o teatro amador. Constituído por um vasto número de atores e atrizes, sendo estes seniores, adultos e jovens, o grupo possibilita a entrada de qualquer cidadão que queira experimentar o teatro (para quem quiser saber mais sobre o Grupo é possível contactar através da página do facebook ou diretamente na Sede do grupo, em Seide de S. Miguel).
No já extenso percurso do GRUTACA, o grupo tem vindo a participar em diversos eventos, destacando-se nomeadamente: os vários festivais de Teatro Amador “Terras de Camilo”; a Festa de Maio: flores & trocas em Famalicão; as “Tardes de Outono” promovidas pela Câmara Municipal de Famalicão nas várias instituições sociais do concelho; as festas de Associativismo e Juventude no concelho de Famalicão; nos vários Encontros Camilianos em Seide, no Centro de Estudos Camilianos; nas muito populares Caminhadas Camilianas, que decorrem no dia 10 de junho de cada ano; apresentações de várias peças alusivas a temas festivos durante o ano (Carnaval, Páscoa, Magusto e Natal); a participação no “Roteiro Associativo” da rádio Digital FM e a participação na Rota Literária Camiliana entre Famalicão e Porto.
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Os brilhantes do Brasileiro
Sinopse: Assiste-se a uma luta entre o círculo da sociedade e o círculo do amor, ambos com direitos sobre as personagens. Já sabemos que Camilo não assiste como árbitro ao conflito entre o coração e a sociedade. Camilo toma partido. Não se limita a julgar Hermenegildo Fialho Barrosas e a deixar, convencionalmente, Ângela “debaixo duma amendoeira florida”. Começa logo pelas proeminências morais, características dos três velhos amigos do brasileiro. Pantaleão Mendes, Atanásio da Silva e Joaquim Bernardo. “Abriram-se os buchos e fecharam-se as consciências” destes membros do tribunal de honra em que Ângela foi condenada à infâmia e à pobreza. O mundo do dinheiro, a opinião pública portuense, a sociedade são sujeitos ao sarcasmo e à troça ou ao severo juízo do novelista. A ousadia em empreender um trabalho de tanta responsabilidade deve ser relevada pelo desejo que o grupo teve de tornar conhecida, no teatro, uma das melhores produções do fecundo autor.

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Ficha Artística – Elenco:
Hermenegildo Fialho Barrosas – Fernando Lima
Ângela – Diana Catarina
Joana – Cláudia Campos
Rosa Catraia – Bárbara Araújo
Francisco da Costa, Médico – Hélder Araújo
Pantaleão Mendes – José Alves
Atanásio da Silva – Francisco Cereja
Joaquim Bernardo – Reinaldo Ferreira
Vitorina e Juca – Serafim Costa
Ourives e Padre – António Alves
Testemunhas – António Alves e Cláudia Campos
Figurantes (vídeo) – Atores dos Grupos de Teatro: Grutaca (S. Miguel de Seide), Projeto Amarcultura (Calendário)
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Ficha Técnica:
Texto – Camilo Castelo Branco
Adaptação de texto – Gaudêncio Carneiro
Encenação – Reinaldo Ferreira
Figurinos – Grutaca
Cenografia – Grutaca
Sonoplastia e Desenho de Luz – José Carvalho
Realização e Pós-Produção Vídeo – Pedro Zimann e Dalila Dano
Género – Comédia
Classificação: M/6
Duração: 75 minutos aprox.
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Entrada: Grátis, até à lotação da sala.
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Imagem de destaque: Cena de Os brilhantes do Brasileiro (Dalila Dano)
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Outras imagens:
A Guerra no tabuleiro de xadrez (arquivo do Centro de Estudos Camilanos – Município de Vila Nova de Famalicão)
Caminhada Camiliana 2016 (José Rocha)
A criada Vitorina (Dalila Dano)
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Ligações facebook:
Grutaca – Grupo de Teatro Amador Camiliano, Município de Vila Nova de Famalicão, José Rocha, Centro de Estudos Camilianos, Dalila Dano
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