Vila Nova - Famalicão Online | Rui Faria em entrevista com Pedro Costa e Márcia Macedo .. Partido Socialista

Grande entrevista | Rui Faria, Presidente da Concelhia do Partido Socialista: União e Ambição. Por Famalicão

O Partido Socialista tem efetuado uma espécie de travessia do deserto, desde 2001, em Famalicão.

Após um longo período em que comandou e orientou os destinos do concelho, sob a presidência de Agostinho Fernandes, que liderou a autarquia durante 18 anos, de 1983 a 2002, período esse durante o qual se estabeleceram toda uma série de infraestruturas essenciais ao seu desenvolvimento: rede de águas e saneamento básico, ligação por autoestrada ao Porto, início da variante à cidade, rede de jardins-de-infância, Casa das Artes, habitação social, arranjos urbanísticos, lançamento (em ideia) do Parque da Devesa, apoio ao desenvolvimento cultural e ao tecido associativo, trabalhos estes que continuaram a ser ampliados e incrementados pelos executivos que se lhe seguiram, o Partido Socialista encontra-se há já 4 mandatos, vamos no 5º, fora do executivo municipal. Segundo os cálculos de toda a gente, este afastamento deverá acontecer pelo menos durante mais 2 mandatos, o atual, ainda no seu início, e o próximo, período durante o qual a maioria das pessoas, por ora, pensa que Paulo Cunha se manterá à frente dos destinos do Município.

As razões fundamentais para esse afastamento são de todos bem conhecidas: de um lado, as divisões ocorridas, nessa altura, entre as fações de apoiantes em torno de Agostinho Fernandes e de Fernando Moniz, de outro, um certo cansaço e desgaste das populações, bem evidente na fase final do 5º mandato de Agostinho Fernandes.

De então para cá, mesmo em períodos em que o Partido Socialista consegue razoáveis votações para as eleições legislativas ou europeias, o partido tem sido sempre cilindrado nas eleições autárquicas.

Nas últimas eleições, no final de 2017, Nuno Sá, natural de Ribeirão, atual deputado na Assembleia da República, obteve aquele que é o resultado mais baixo de sempre do PS em Famalicão, com exceção das referidas eleições de 2001. Então, apesar de tudo, MAF e PS obtiveram uma votação muito idêntica à da coligação PSD-CDS que colocaria Armindo Costa à frente do executivo municipal.

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A candidatura de Rui Faria à liderança da Concelhia de Famalicão, numa lista única, de unidade em torno da sua pessoa e do seu projeto, surgiu, neste contexto, como uma tentativa de sacudir o passado e tentar projetar o Partido Socialista para uma nova aproximação aos cidadãos. União e Ambição. Por Famalicão é a divisa que o move.

Rui Faria tem 42 anos. Apesar de não ser muito conhecido, tem sido militante ativo do Partido Socialista desde o momento em que se inscreveu na sua Jota, a Juventude Socialista. Ao longo dos quase 25 anos em que é militante desempenhou diversas funções políticas, de entre as quais se destaca o período em que foi vereador municipal. Foi já, também, deputado municipal e da Assembleia da sua freguesia – Esmeriz -, atualmente fundida, em termos administrativos, com Cabeçudos. Depois de tão longo período em relativo anonimato, é agora chegada a sua vez. Será o homem certo para as funções? Terá a força e motivação suficientes para desenvolver um caminho árduo, que seja o seu, e permita reconduzir o Partido Socialista local a um estatuto, de que ainda existe memória, mas já perdeu há muitos anos?

Vila Nova - Famalicão Online - Ricon, o fim de um sonho (imagem: logotipo)

Segunda-feira passada, dia 5, encontramo-nos, ao fim da tarde, na Sede local do Partido Socialista.

O ar da rua sentia-se gélido. Indo em direção ao local do encontro, o vento, muito forte, batia na cara e exponenciava o frio percebido. O dia e a hora talvez não tivessem sido muito bem escolhidos, mas foram os possíveis. Estaria também assim frio na sede do Partido Socialista?

Por razões diversas, nos dias anteriores, não fora possível encontrarmo-nos até ao momento. Acontecera também, entretanto, o encerramento da Ricon. Rui Faria tomara posse no sábado anterior. Este era o momento certo para o entrevistarmos.

Era já noite quando chegámos à Sede do PS. Estávamos marcados para as 7h00. A luz, branca, acesa, na sala, e nos néons publicitários envolventes deixava perceber e concentrava a atenção no interior das instalações – Rui Faria já lá estava – e de uma seguradora ali mesmo por baixo situada.

Recebeu-nos de forma cordial, apesar de algum frio que também ali se fazia sentir. Alguma tensão existente, própria de quem não está habituado a estas coisas, seria ultrapassada depois da fase inicial da entrevista, em que o assunto do momento – Ricon – foi abordado pela primeira vez. O símbolo do Partido Socialista, a encher a parede na entrada da sala onde somos recebidos, de uma foto institucional de Mário Soares como Presidente da República, de cartazes verdes nokia com uma mensagem de incentivo ao leitor, por trás da mesa onde Rui Faria se sentará para ser entrevistado, e um ou outro recurso adicional ali presentes remetem para o colorido do partido ou a sua história.

Sente-se, no entanto, que há muito por fazer no Partido Socialista de Vila Nova de Famalicão. Rui Faria tem imenso trabalho pela frente.

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Pedro Costa: Rui Faria tem tido uns últimos tempos politicamente agitados. Contactos para a formação da lista candidata à Concelhia, insolvência da Ricon, tomada de posse…

Rui Faria: Hoje mesmo [5 de fevereiro], os deputados famalicenses eleitos pelo Partido Socialista, no distrito de Braga, desenvolveram uma jornada de trabalho aqui em Famalicão em torno do assunto Ricon. Assim, estiveram no Centro de Emprego com o intuito de saber até que ponto o trabalho desenvolvido pelo IEFP foi ou tem sido eficaz. A Câmara Municipal acabou de informar que tinha já 350 empregos para oferecer aos desempregados da Ricon; em diversas áreas. Parece-me que a Câmara Municipal, em certas alturas, faz o papel do IEFP, digamos assim. A entidade acreditada para rececionar as ofertas de trabalho não é a Câmara Municipal, o que me deixa um pouco confuso. Como é que a Câmara receciona 350 postos de trabalho e vai depois passá-los para o IEFP? Há aqui algo que nos passa um pouco ao lado. É lá que as entidades se devem dirigir. Sem querer estar aqui a levantar qualquer tipo de suspeita, mas parece-me que a autarquia se está a aproveitar um bocadinho para fazer o papel de gentleman no meio desta situação.

Pedro Costa: A questão da Ricon, embora viesse a ser antecipada de há meses a esta parte, precipitou-se em poucos dias com o encerramento da empresa. Já se sabia que a Ricon tinha problemas com a Gant, mas aguardava-se que conseguisse, entretanto, resolver a questão a contento, até porque continuava a laborar normalmente.

Rui Faria: Estou em crer que a Câmara se aproveita um bocadinho desta situação de desgraça alheia para fazer um pouco de folclore político, o que não é de todo simpático da parte de quem gere esta autarquia.

Pedro Costa: Rui Faria, quem é, afinal, o Rui Faria? Vivo em Famalicão há cerca de há 30 anos, sensivelmente, e nunca tinha ouvido falar em si. Sendo certo que estive relativamente alheado das questões políticas no plano local, que não da política, nunca até ao momento em que ouvi falar na sua candidatura tinha ouvido ou lido referências ao seu nome. De qualquer dos modos, em conversa com diversas pessoas que me rodeiam, algumas delas participantes políticos ativos, o que me chegou foi o mesmo. Também não sabiam quem era Rui Faria. Outras, mais informadas e membros do Partido Socialista conheciam-no, claro. Soube que está ligado ao PS há muitos anos, não há dias.

Rui Faria: O meu trajeto na política começou na Juventude Socialista. Fui membro fundador do núcleo da JS de Esmeriz, sendo este o primeiro núcleo a ser implantado numa freguesia. Depois, em meados da década de 90, fui convidado a ingressar no Secretariado da concelhia, liderei a estrutura concelhia da Juventude Socialista, fui deputado municipal, fui 8 anos vereador, nas candidaturas do Dr. António Barbosa e do Prof. Reis Campos, e fui ainda membro da e candidato à Assembleia de Freguesia de Esmeriz.

Durante todo esse percurso, desde os meus 18 anos, fiz sempre parte do Secretariado do Partido Socialista. Desde então, até 2018, acompanhei, de certa forma, todas as lideranças que o Partido Socialista teve.

Pedro Costa: Assim sendo, o Dr. Agostinho Fernandes ainda estava no ativo político quando se iniciou.

Rui Faria: Sim, é verdade! Apanhei as 2 últimas campanhas dele. A última em que foi eleito e a última, em que perdeu, em 2001.

Pedro Costa: Foi a partir dessa altura que o PS passou a viver em estado de perturbação constante. Foi o Diabo que chegou?

Rui Faria [vai observando as suas notas]: Sou militante ativo do PS há duas décadas. Sempre fui leal ao Partido Socialista, respeitando todas as lideranças, o que não significa que concordasse sempre. São coisas diferentes! Nunca tive nenhuma dependência do Partido Socialista, à exceção da dedicação que sempre lhe consagrei. Desde que tenho consciência política, tive sempre um percurso dedicado a Famalicão, ao Partido Socialista e à minha freguesia.

Pedro Costa: Pelo que me apercebo, ao longo destes anos, apesar de ter esta atividade política, dedicou-se sobretudo à sua atividade profissional. Esta sua menção, que gostei de ouvir, significa que não tinha dependência do partido no seu dia-a-dia. Estas questões de ser profissional da política ou não, hoje em dia também se colocam muito, inclusive mesmo com estes movimentos de independentes, utilizados pelos próprios partidos no sentido de escamotear, em parte, a sua imagem. O Rui Faria não aparece desligado, mas…

Rui Faria: A minha formação é em engenharia publicitária e exerço as minhas funções de diretor de marketing numa empresa de um concelho vizinho. Por questões pessoais nunca quis abraçar uma atividade política que me retirasse das minhas funções enquanto profissional.

Pedro Costa: Muito bem! Feita a apresentação, quais são então as linhas orientadoras estratégicas definidas por Rui Faria para o Partido Socialista neste momento?

Rui Faria: Esta candidatura nasce da minha vontade pessoal, mas também da vontade expressa da maioria dos militantes. Previamente ao lançamento da mesma, fui fazendo um trabalho de contactos, tanto com as figuras de proa famalicenses como com os militantes de base, desde os vereadores e os deputados municipais e membros das assembleias de freguesia, até ao militante mais desconhecido. A minha candidatura não surge vinda do nada; houve um trabalho de fundo. Em simultâneo, ocorreu também uma vaga que se levantou em torno do meu nome e a fez despoletar.

Pedro Costa: Tanto quanto sei, acha que o facto de não estar muito ligado a nenhum dos grupos ou fações, como refere, sei que estava mais ligado ou tem relações mais próximas com…

Rui Faria (incomodado): Para que fique bem claro, tenho relações próximas com todos os líderes desde que ingressei no Partido Socialista, desde os meus 18 anos. Acompanhei as lideranças todas dos vários presidentes das comissões políticas ate à data de hoje, exceto um período sabático de 2 anos, por razões pessoais, no mandato do Nuno Sá.

Márcia Macedo: Há, de certa forma, uma linha condutora entre essas pessoas; pertencem todas ao mesmo grupo.

Rui Faria: Não! São de diferentes quadrantes, têm a mesma orientação. Sejam quem forem as pessoas, a linha é sempre a mesma, servir o Partido Socialista.

Aliás, reafirmo, desde o tempo do nosso falecido camarada Domingos Azevedo, até à última liderança, de Luís Moniz, acompanhei os membros todos do Partido Socialista. Nesse sentido, não me sinto acorrentado nem preso a ninguém. Sempre respeitei o sentido e o sentimento do partido em relação às suas escolhas. Acompanhei as escolhas do partido, o que não quer dizer que concordasse com tudo. Por vezes divergi; e divergi em termos internos. Para além disso, sempre trabalhei, independentemente de concordar ou discordar. Por isso não me sinto refém de ninguém. Fiz as minhas críticas internas sem as passar para a comunicação social.

Pedro Costa: O Rui Faria tenta, por essa via, surgir como um polo de união.

Rui Faria: Uma das premissas que propus para esta candidatura, antes de a assumir, foi a de tentar fazer a ligação entre as diferentes sensibilidades do partido. Este trabalho não nasceu há 15 dias, tem vindo a ser feito ao longo dos tempos. Fui aproximando as diferentes correntes de pensamento. O mais interessante de isto tudo, de todas as conversas que fui mantendo, é que havia 2 palavras ou expressões que surgiam e eram referidas com bastante frequência: a “união do partido” e um “partido com mais ambição.” União dos militantes e abertura à sociedade civil. Foi esse sentimento que fez despoletar a minha vontade de avançar. Um partido, se não for ambicioso, dificilmente consegue atingir os objetivos a que se propõe.

Além disso, tenho também consciência que assumo o partido numa situação difícil. Não ignoro as dificuldades que vou encontrar. Tenho bem consciência dos desafios e da importância que a minha liderança assume. Do mesmo modo tenho a motivação e a confiança para esta nova etapa, que se pretende seja resultado da dinâmica de uma vontade forte e abrangente de todos, desde os militantes de base, aos autarcas eleitos pelos diferentes órgãos, Câmara e Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia. Depois de reunida toda esta representatividade, estas ideias encontram-se plasmadas e alicerçadas na nossa moção de estratégia “União e Ambição. Por Famalicão.” Trata-se de um guia de orientação para os próximos 2 anos que, creio, mostra que estamos em condições de começar a empreender um trabalho com a máxima ambição.

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Pedro Costa: Em concreto, neste aspeto, o que destaca, no trabalho que pretende vir a desenvolver?

Rui Faria: O partido está em condições difíceis. O meu trabalho é começar do zero. Do zero! Pegar no partido, reestruturar o partido. Em termos organizacionais, comunicacionais, de abertura para os militantes e depois para a sociedade civil. O trabalho está, de certa forma, todo….

Márcia Macedo: Os militantes estão distanciados. Muito mesmo! Um dos objetivos do que aqui está é preparar listas com a devida antecedência. Nas últimas autárquicas assistimos a listas formadas com muita dificuldade, à última da hora.

Rui Faria: A dificuldade existe sempre independentemente de serem feitas atempadamente ou não.

Márcia Macedo: Mas houve pessoas que se recusaram, o que mostra distanciamento.

Rui Faria: Por essa razão afirmei que o partido tem muito caminho a fazer. Primeiro, é preciso abrir o partido aos militantes, dar-lhes voz, saltando para o terreno, sentindo aquilo que são as necessidades dos militantes em relação à estrutura concelhia. De certa forma, essa compilação já foi feita. Basicamente, o resultado dessa primeira auscultação encontra-se nesta moção de estratégia. O verdadeiro sentir e pulsar do que é o sentimento dos militantes encontra-se aqui, sem dúvida. Agora, é preciso criar a estratégia, montar a máquina partidária de forma a atingir os objetivos que delineei para os próximos 2 anos. Tenho consciência que é ambicioso, tenho consciência que vai dar muito trabalho, tenho consciência das dificuldades.

Pedro Costa: A Juventude Socialista vai ter aí um papel?…

Rui Faria: Neste projeto conto com todos sem exceção. Obviamente, emano também da Juventude Socialista e sei a importância que a JS tem para fazer chegar os partido às camadas mais jovens.

Márcia Macedo: Mas, neste momento, está mais fracionada do que nunca.

Rui Faria: Não queria entrar muito na JS, porque a JS, sendo uma estrutura do partido, é-lhe completamente independente. O facto de terem existido 2 listas candidatas às eleições locais significa a existência de pontos de vista diferentes, não é razão para desavenças. Houve divergências.

O PS sempre teve como tradição ser um partido plural. O PS tenta orientar a JS apenas em termos de ação política, mas não interfere nos desenvolvimentos internos. A JS é uma estrutura completamente autónoma.

Pedro Costa: O Rui Faria lançou este projeto de mudança. Seja como for, e apesar do distanciamento a que atrás nos referimos, não o fez sozinho. Quem está consigo afinal?

Rui Faria: Este projeto, de facto, não é um projeto só meu. É um projeto do Partido Socialista. Quantas mais pessoas estiverem envolvidas, melhor. O Luís Machado foi eleito para a mesa da Comissão Política. Convidei o Luís Moniz a conduzir os trabalhos da Mesa, por uma questão de representatividade, assessorado pelo Luís Machado e pelo André Costa, também ex-líder da JS do meu tempo. Para distribuir um pouco a representatividade e chamar toda a gente ao trabalho. Como disse, quanto mais pessoas estiverem envolvidas, melhor.

Eu trabalho, sinceramente, para acabar de uma vez por todas com esta história de que o MAF e o PS são coisas diferentes. Os principais protagonistas foram os primeiros a dizer que o MAF morreu a seguir às eleições. O MAF, no dia a seguir às eleições declarou que acabava ali mesmo. O MAF morreu no dia a seguir as eleições de 2001.

Márcia Macedo: A verdade é que estas questões foram sendo alimentadas ao longo do tempo: “A culpa é de A, este!”, “A culpa é de B, daquele!” é Possível que o assunto nunca tenha sido bem debatido.

Rui Faria: Foi um pouco o que tentei fazer até apresentar a minha candidatura. Vamos acicatar as feridas e vamos tentar curá-las de uma vez por todas. Ao longo destes anos, de 2001 a 2018, o Partido Socialista tem vindo a fazer esse processo de cura. Neste momento, creio que o partido está no bom caminho. Existe a vontade, existe o querer, existe a união. É preciso, agora, começar a trabalhar a sério.

Vamos curar as feridas.

Márcia Macedo: Esta lista parece ser prova disso. Tem gente das duas listas anteriores, conciliadas e incluídas na mesma lista.

Pedro Costa: Chegou-me aos ouvidos, antes das eleições, que teriam realizado uma espécie de acordo em relação às candidaturas futuras.

Rui Faria: Quando assumi a minha candidatura, que fique bem claro, fi-lo de forma independente e de forma livre. Disponibilizei e disponibilizo o meu tempo para, de uma vez por todas, termos um partido diferente. O que disse foi que irei usar de toda a transparência para gerir todo o tipo de processos de escolha de candidatos. Todos os processos vão ser transparentes. Se surgirem 10 nomes para candidatos à Assembleia da República, Câmara Municipal ou Assembleias de Freguesia, todos se poderão candidatar. Quem vai deliberar sobre as candidaturas será a Comissão Política. Apresentarei esses 10 nomes à Comissão Política. Esta, que é constituída por 61 membros, tomará a decisão independentemente de quem sejam os candidatos. A única coisa que peço é que cada um dos candidatos o faça de forma consciente, sentindo que tem as capacidades para o exercício das funções. Comprometi-me, e comprometo-me a despoletar o processo e encontrar um tempo dilatado para que as pessoas que se queiram candidatar apresentem os seus argumentos, o façam com tempo adequado e suficiente. De resto, não existem pré-acordos, rigorosamente, em relação a nada.

O meu apelo é que a escolha que seja feita, seja uma escolha consciente e que a Comissão Política saiba escolher aqueles que entender terem as melhores condições para o exercício dos cargos.

Apresento-me de forma livre e completamente não preso a ninguém.

Pedro Costa: Na anterior entrevista a um líder socialista concelhio realizada pela Vila Nova, Nuno Sá disse que seria o próximo Presidente da Câmara Municipal. Aliás, utilizamos essa expressão como título da entrevista. Nesse caso, não existindo candidato antecipado, Nuno Sá apresentar-se-á, eventualmente com os demais candidatos ao exercício dessas funções; caso haja mais, claro. Isto, para saber se será ele… [o próximo candidato socialista ao Município famalicense].

Rui Faria: Em relação a essa matéria, não falei com ninguém. Não sei qual é a vontade do Nuno Sá. Se é continuar na Assembleia da República… Nunca abordei o Nuno Sá, nem ninguém, nesse sentido.

A única questão que a mim me cabe despoletar é abrir o processo de forma transparente e credível; e que seja esta Comissão Política a deliberar. Esta é a minha intenção. Se me perguntar se tenho um candidato, a resposta é não. Não tenho nenhum candidato! Tenho a minha preferência pessoal, mas vou guardá-la comigo até ao fim.

Pedro Costa: Mantém-se equidistante. Não quer dizer que na hora do voto… “Voto!”

Rui Faria: Tenho direito a voto. Claro que, nessa altura, farei a minha escolha.

Márcia Macedo: Para quem está de fora, o Partido Socialista é quase um círculo fechado; não é tão aberto quanto outros partidos. Que tipo de ações tencionam fazer para mudar essa circunstância?

Rui Faria [Observa os seus apontamentos]:

Márcia Macedo: Por exemplo, para a apresentação da lista todos os militantes receberam um email. Para a tomada de posse, não. Não acha que seria o momento indicado para chamar todos a conhecerem quem vai tomar posse?

Rui Faria: O Partido Socialista tem uma base de dados. Quem foi convocado para a tomada de posse em 1ª instância foram os militantes que fazem parte da Comissão Política. Tive o cuidado de convidar o maior número de pessoas possível para a tomada de posse no sábado. Acredito que essa informação não tenha chegado a todos os militantes.

Márcia Macedo: Anteriormente chegou até a simpatizantes. Na tomada de posse, não.

Rui Faria: Entrei em funções no sábado.

A anterior Comissão Política é que convoca os atuais membros da mesma. Tive o cuidado, no meu leque de contactos, de ser o mais abrangente possível. Estavam aqui muitos militantes das freguesias que não fazem parte da Comissão Política. Parto, por isso, do pressuposto que uma grande maioria terão sido convidados.

Márcia Macedo: Que tipo de ações irão fazer para aproximar e trazer pessoas ao partido?

Rui Faria [observa novamente os seus apontamentos com atenção]: Vamos lá a ver!…

Em primeiro lugar, quero uma Comissão Política que seja viva, seja atuante e seja participada. E que analise com objetividade os problemas, propondo as soluções necessárias e introduzindo, nessas soluções, para os problemas locais, o conceito de que a política local é a arte de tornar possível o que é desejável e não de tornar desejável o que é possível.

A minha Comissão Política, que atualmente lidero, tem de estar imbuída de um espírito de ambição e mostrar que é capaz de a cada momento dar as respostas para os problemas que possam surgir.

Pedro Costa: Um problema com que o PS se irá defrontar muito em breve é a reorganização administrativa das freguesias. Quer dizer, aqui, em Famalicão, o PS talvez até nem tenha tantas dificuldades com o assunto, uma vez que tem poucos presidentes de junta, mas as populações não deixam de ser uma das partes interessadas, aliás mesmo a parte mais interessada.

Rui Faria: Em relação a esse assunto tenho ideias bem definidas. Tenho um olhar sobre o Partido. Essa é uma das minhas bandeiras. Esse é um processo de diálogo que pretendo encetar. Quando foi feita a reorganização administrativa, não foi com o espírito democrático, sentido de responsabilidade e elevação com que deveria ter sido. E digo isto, não por ter sido o Partido Social Democrata a tê-lo concretizado, mas porque, como o processo foi demasiado rápido, as freguesias não foram auscultadas. As pessoas sentiram-se a perder identidade.

Cada freguesia tem a sua tradição e até rivalidade com a freguesia vizinha. Em Esmeriz e Cabeçudos essa rivalidade sempre existiu, mais até relacionada com a Igreja, entre paróquias, do que rivalidades civis, mas a fusão destas duas freguesias é uma das mais pacíficas e tranquilas que conheço. Quando se deu a fusão era também membro da assembleia de freguesia. Ali a fusão foi pacífica e respeitadora de todas as situações. É quase um caso de estudo. Quando falo em iniciar o processo de diálogo sobre as freguesias significa, em primeira instância, abrir este debate à sociedade civil e perceber até que ponto as freguesias agregadas se sentem bem com essa agregação, uma vez que em termos de mais valias no que concerne a verbas destinadas pela Câmara Municipal o acréscimo foi zero. Temos que fazer a análise e ver até que ponto essa união é profícua e vantajosa. Embora havendo respeito entre as freguesias que se agregaram, quando questionados os concidadãos, em geral, afirmam que se tivessem direito a expressar opinião prefeririam freguesias distintas. Existe o respeito, existe a participação comum e interligação entre as freguesias, mas muitos cidadãos, se lhes dessem a escolher, escolheriam a desagregação.

Pedro Costa: As freguesias poderiam ou deveriam ter sido em grande medida agregadas.; freguesias e câmaras.

Poderia ser feita uma gestão diferente. Mais proveitosa em termos financeiros. O Governo PSD, que fez isto na altura, talvez tivesse feito melhor em agregar Câmaras.

Rui Faria: O 1º memorando da troika falava mesmo em extinguir concelhos, mas o que realmente se efetivou foi a agregação de freguesias. Como forma de suprimir algumas formas administrativas, a opção encontrada, para respeitar o normativo previsto, foi extinguir freguesias.

Pedro Costa: Mas passemos a pontos até aqui não referidos, Rui Faria. A Câmara Municipal está para apresentar [apresentou ontem, dia 8 de fevereiro] o PEDU (Plano Económico de Desenvolvimento Local) que prevê, entre outras medidas, a reabilitação do Mercado Municipal. Embora, provavelmente, o Rui Faria não conheça em pormenor o que vai ser dado a conhecer, acha que este processo poderia ter sido feito ou tratado de forma diferente?

Vila Nova - Famalicão OnlineRui Faria: Há vários aspetos que têm de ser corrigidos e devem ser repensados. O Partido Socialista considera que a requalificação e reabilitação urbanas estão praticamente paradas.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que o espaço do mercado deve ser requalificado e reabilitado e que deve ser para ali projetado algo realmente interessante e que seja motivo de atração e fixação dos jovens ao concelho. Tanto quanto sei, será transformado numa área de lazer – bares e restaurantes. A ideia não é nova; Porto e Lisboa seguiram o mesmo caminho. Requalificar aquele espaço será capaz de atrair jovens de concelhos vizinhos a visitarem a nossa cidade. Requalificar aquele espaço é uma mais-valia para o nosso concelho. O que me preocupa é o facto de não haver uma requalificação global de revitalização da cidade. Por exemplo, aqui mesmo no centro, a zona da Praça D. Maria está semi-abandonada em termos comerciais e muito mal aproveitada. É preciso criar um dinamismo novo para o comércio. A zona da Rua Adriano até é das que está melhor. É necessário repensar a polis como um todo. Defendo um plano urbanístico não centralizado. Quem quer viver a cidade, tem que ter dentro da cidade, em diferentes locais, por exemplo, uma área de bares, outra área de cultura numa zona diferente, para que os famalicenses vivam a cidade como um todo em vez de fazer confluir a cidade apenas para um centro. A cidade precisa deixar de estar focalizada num espaço único. Julgo que o conceito das novas cidades aponta nesse sentido. É preciso tentar fazer com que Famalicão se expanda em diferentes termos, inclusivé académicos, também. É urgente discutir uma universidade pública para Famalicão. Por exemplo, no Quadrilátero, Famalicão é a única cidade que não tem uma instituição académica de ensino superior público.

Pedro Costa: No ano passado, Maria José Fernandes, a Presidente do IPCA – Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, quando tomou afirmou que pretendia implantar um polo da instituição em Famalicão, com cursos técnicos superiores profissionais já em 2018-2019.

Rui Faria: Já se fala há muitos anos.

Mas, se formos a fazer essa análise, foi o PS que durante os seus mandatos atraiu para cá as universidades privadas, a Lusíada e a CESPU. Pergunto: o que é que o executivo fez desde então? O que é que atraiu para Famalicão?

Repare-se: Braga tem a Universidade do Minho com um polo em Guimarães, Barcelos tem o IPCA, Famalicão está de fora do ensino superior público. Famalicão já há muito que merece, no mínimo, um politécnico público.

Durante a crise que atravessamos de 2011 até 2015/6, todas as famílias de uma forma ou de outra foram afetadas. Termos duas universidades particulares em Famalicão e não termos um politécnico, fazermos com que os nossos jovens vão obrigatoriamente estudar para fora do concelho porque, no concelho onde residem, não existe oferta, é lamentável. É certo que isso também tem a ver com as escolhas que cada um de nós faz. Não estou a dizer para ter aqui a Universidade do Minho com um número infindável de cursos. Sugiro é que haja um instituto que atraia os nossos jovens e fixe outros de fora.

Outra vertente:

Todos os dias, caminho pelo centro da cidade, à noite, e é assustador. Por vezes, a partir das 22h00 já não se vê ninguém, não me cruzo com quase ninguém, 2 a 3 pessoas, o que é significativo de uma cidade que deveria ser mais viva. Ao domingo à noite, caminho com alguém, quando vou acompanhado, ou caminho eu e a minha sombra, isto para dizer que há áreas que deveríamos repensar e ter uma política mais assertiva.

Márcia Macedo: O Partido Socialista apresenta ideias e propostas, mas quando as leve à Assembleia Municipal, efetivamente há uma maioria…

Rui Faria: Que as veta!

Márcia Macedo: Que não quer dialogar com a oposição?

Rui Faria: A minha primeira intervenção na Assembleia Municipal foi sobre a carta educativa que foi apresentada. Há uma vertente na carta educativa que gostaria de, com o tempo, chamar a atenção, nomeadamente da comunicação social, para um problema que se prende com a área das necessidades educativas especiais. É preciso fazer muito mais, muito mais! Em Famalicão, há 700 crianças a frequentar o ensino público com necessidades educativas especiais. A Câmara Municipal pode dizer que tem solução para essa problemática mas a verdade é que, em termos práticos e efetivos, o que existe é o mínimo exigido para que essas crianças sejam integradas no ensino. O mínimo! Cada criança, cada jovem com NEE tem as suas próprias especificidades não se deve tratar todos por igual. Em primeiro lugar, considero que é um desrespeito para com a pessoa que tem NEE, porque é obrigada a adaptar-se a um modelo educativo que muitas vezes não se coaduna à verdadeira patologia de que é portadora. Depois, é querer tapar o sol com a peneira. É diferente uma criança que tenha Trissomia 21 de uma criança autista ou portadora de qualquer outra patologia. Há que saber separar as coisas e, nesse sentido, acho que a Câmara Municipal deveria ser muito mais assertiva.

Aqui há uns tempos atrás, estava a falar com alguém que vive de perto com esta situação. Num agrupamento de escolas, professores para a área de educação especial, existem 5, num universo desse agrupamento de quase 200 crianças.

Pedro Costa: Mas as colocações no ensino público, não são feitas pelas autarquias. Embora cada autarquia coloque alguns técnicos, as colocações de professores são realizadas ao nível de cada agrupamento e centralizadas pelo Governo em função das necessidades ou, pelo menos, dos números e regras que permitem a constituição das turmas.

Rui Faria: Sabe, Pedro, quando apresentei algumas medidas, em concreto nessa intervenção que fiz na Assembleia Municipal, o que me foi dito foi exatamente aquilo que o Pedro acabou de dizer. E respeito essa opinião. Cada órgão tem os seus limites em termos de atuação. Há que saber separar as coisas. Mas quando se quer e quando existe vontade podemos sempre ir mais além. Estou a falar aqui só em coisas elementares. O professor não pode exigir que uma criança com NEE escreva da mesma forma que nós escrevemos. Porque tem determinadas características que a impedem de ter essa desenvoltura ou capacidade. No entanto, são seres inteligíveis. Se lhe colocar um teclado com um computador à frente, pode escrever à mesma. É preciso adaptar neste sentido. Para além de serem necessários mais professores nas escolas com meninos NEE, tem que haver também uma auxiliar capaz com formação para o efeito. Não basta ter um funcionário na escola que serve os meninos ditos normais e serve também os NEE. Isto para lhe dizer que há coisas que podem ser feitas.

Vila Nova - Famalicão Online | Rui Faria em entrevista com Pedro Costa e Márcia Macedo .. Partido Socialista (assunto: Ricon)
A Ricon foi foco de atenção de todos os políticos nos últimos dias. (Pedro Costa)

Vou ser irónico! [Rui Faria mostra-se agitado.]

Há uma Câmara Municipal que, no caso da Ricon, escute bem isto, hoje [5 de fevereiro] publicou no site da Câmara, escute bem, tem 350 postos de trabalho para oferecer ao IEFP. O IEFP é a entidade acreditadora para rececionar ofertas de emprego. Como é que a Câmara vai oferecer 350 postos de trabalho ao IEFP? Repare bem! Não é estar a subverter tudo? Tem capacidade para fazer umas coisas numa área para dizer que é atuante, para sair nos jornais, quando, na verdade, em termos práticos, o que faz é zero. Dizer que montou um gabinete de apoio social de apoio aos desempregados da Ricon tentando chamar a si essa responsabilidade, acho que devem criar um gabinete e até em algumas situações ir muito mais além. Estive na Ricon, e aliás, ainda hoje, ao final do dia, estivemos aqui reunidos com a Comissão de Trabalhadores e a Diretora de Recursos Humanos da Ricon e estes referiram que o PS foi o único partido que dialogou e se interessou pela situação dos trabalhadores e a sua causa. O Sr. Presidente da Câmara foi daqui reunir-se com a administração. E os 650 trabalhadores não são ninguém?

Pedro Costa: O Bloco de Esquerda também lá esteve hoje e sexta-feira passada.

Rui Faria: Desconhecia.

Isto para dizer o quê? Que o primeiro partido a agir fomos nós. Foi o Partido Socialista.

Em termos de consequência e de visibilidade, o Partido Socialista sabe muito bem as suas fragilidades nomeadamente em relação à comunicação social.

Pedro Costa: Mas houve medidas concretas tomadas pelo Partido Socialista em relação a esse assunto?

Rui Faria: Os deputados do Partido Socialista eleitos por Famalicão fizeram despoletar, junto do Secretário dos Assuntos Parlamentares e junto da Secretaria de Estado para a Internacionalização, os mecanismos necessários para tentar que o Governo português chegue à fala com o governo sueco no sentido de tentar fazer com que a Gant ajude, bem como que haja algum esforço no sentido tentar influenciar a Gant a apoiar funcionários que queiram pegar na marca, se quiserem explorar a marca, continuar a fazer esse trabalho, inclusive, se houver ali qualquer forma de a Ricon Indústria continuar a produzir.

Pedro Costa: Estava a pensar na ideia de os operários, ou, mais provavelmente, alguns quadros, tomarem conta da “empresa”? Outra empresa se instalar no local?

Rui Faria: Aquilo que os deputados de Famalicão fizeram foi despoletar a diplomacia económica.

Famalicão tem tradição têxtil. Mas uma coisa é uma costureira especializada na confeção de roupa (vestuário), outra coisa é uma costureira ligada ao ramo automóvel. Pegar num funcionário da Ricon e colocá-lo numa empresa têxtil do concelho a trabalhar na indústria automóvel não pode ser feito de forma direta. Estas costureiras têm de receber a formação adequada.

Para além disso, colocam-se também questões de mobilidade.

Todos sabemos que a indústria têxtil não pratica salários elevados. É sabido que uma empresa têxtil absorve mão-de-obra na área em que está implantada. Se tivermos em conta a rede de transportes que temos, fazendo uma análise séria, que cobertura temos? No Porto, os STCP passam de 15 em 15 minutos, levam-me daqui para ali com o 15, o 19 ou outro, e vou onde quero. Aqui tenho um autocarro que passa às sete e meia, tenho outro que traz os meninos da escola às cinco e meia e outro, por fim, que chega às sete. Pergunto: como é que uma pessoa se desloca de Ribeirão para a TMG, mesmo aceitando e recebendo a formação necessária para trabalhar?

Uma coisa é fazer um casaco, uma camisa, umas calças; outra coisa é produzir estofos de automóveis. Como é que essa pessoa que vive em Ribeirão, se desloca para Vale S. Cosme, Oliveira Sta. Maria, Joane, Riba d’ Ave ou seja para onde for? Com os salários atuais, que se praticam, para esta pessoa comprar um passe, que custa 70 a 80 euros por mês, é incomportável. Essa pessoa vai fazer o quê? Vai ganhar o quê?

Temos de ser realistas na forma como apresentamos as coisas. Não basta dizer: “Nós temos 350 empregos” para fazer um show off que depois dá em zero.

É preciso sermos mais coerentes e ir de forma direta à questão.

Na sexta feira passada, às 19h30, reuni com trabalhadores na Ricon. Aquilo que me diziam é que existem funcionários que vivem única e exclusivamente com o ordenado que lá têm, casos que se multiplicam às dezenas. Para mim, foi chocante! Exemplifico com uma senhora jovem ainda para trabalhar, com 50 anos. Ainda tem 17 anos até à reforma. Essa senhora tem o marido desempregado e doente. O único salário que entra em casa é o da senhora, tem que pagar a renda de casa os medicamentos para o marido, que segundo me disseram são caríssimos, pôr comida na mesa, já para não falar noutras situações. Aí sim, acho que a Câmara deveria atuar. Em casos como esse, em que uma pessoa que tenha casa para pagar não o consiga fazer. A pessoa que fica desempregada não recebe de imediato o respetivo subsídio. De que é que estas pessoas vão viver? O espaço de intervenção da Câmara deve ser precisamente aí. Numa atenção mais direta, dizer: “Vamos tentar ajudar estas pessoas.”

Agora dizer: “Temos 350 empregos…”

Acho que é abusivo e um desrespeito às instituições. O IEFP está implantado pelo Estado em todos os concelhos e ninguém se deve fazer substituir a isto. É aí que digo que há um aproveitamento político no meio disto tudo, deveria existir no imediato um fundo de emergência para apoiar estas pessoas de imediato. Criar um gabinete de apoio psicológico, tudo bem! Apoiar as pessoas em termos emocionais, acho bem. Mas isso não chega! Vamos também tentar reorientar esta pessoa, estabilizá-la em termos emocionais é muito pouco. É preciso muito mais, ser consequente. [Rui Faria acelera o discurso] Vamos criar condições: primeiro, ajudar na carência, depois, criar condições: apoiar aquele operário, para que a pessoa consiga ou trabalhar na área ou ser requalificada. As pessoas não querem subsídios, as pessoas querem ter autonomia, ter o trabalho delas e viver à custa do seu trabalho.

Pedro Costa: Neste momento, parece que a maioria dos trabalhadores ainda não estará muito preocupada com a situação. Embora não haja muita oferta de trabalho na localidade, parecem estar convencidos que, dado o ambiente económico que se vive e as perspetivas de aquele espaço produtivo poder retomar a laboração, que as coisas se hão de resolver.

Enquadrando agora a situação num plano nacional, considera que o Governo está, de facto, a corresponder às expectativas? Acha que o Governo vai levar as coisas a bom porto? Que lhe parece que se adivinha para o futuro? As empresas de rating têm vindo a melhorar as perspetivas para o nosso país de forma contínua.

Produto Interno Bruto Mundial em Abril de 2016 (Fonte: Fórum Económico Mundial, Abril de 2017)

Rui Faria: De há uns anos a esta parte, a economia é global. Qualquer coisa que se passa em qualquer lado do mundo, nos Estados Unidos, na China ou em qualquer outra região, afeta todo o mundo. Estamos sujeitos a tudo o que se passe de bem ou mal em qualquer outra parte do mundo. A abertura dos mercados significa, numa primeira instância, que todos nós estamos vulneráveis ao bem e ao mal. Há esse índice de vulnerabilidade permanente. Nesse sentido, dizer que uma empresa financeira diz que Portugal está a sair da crise… É preciso ter alguns cuidados. Isso aplica-se a Portugal, Espanha ou a qualquer outro país. Hoje em dia, as coisas passam-se numa macro-escala.

O facto de existir um mínimo desvio na Ásia terá impacto na Europa. Nesse sentido, todos os países são muito voláteis. Falando em Portugal, em concreto, se fizermos uma análise rigorosa da gestão de Pedro Passos Coelho, que afirmava não haver outro caminho senão continuar com medidas gravosas para todos nós – para as empresas e para o cidadão comum -, que não havia outro caminho, que tinha que ser aquele caminho, que não havia mais nada para além daquilo e que se houvesse um desvio Portugal entraria outra vez em default, se compararmos essa gestão com a liderança do Governo socialista, com o apoio do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista, constatamos que há outras formas de governar um país, facilmente descortinamos que existe vida para alem da troika.

Rui Faria: De há uns anos a esta parte, a economia é global. Qualquer coisa que se passa em qualquer lado do mundo, nos Estados Unidos, na China ou em qualquer outra região, afeta todo o mundo. Estamos sujeitos a tudo o que se passe de bem ou mal em qualquer outra parte do mundo. A abertura dos mercados significa, numa primeira instância, que todos nós estamos vulneráveis ao bem e ao mal. Há esse índice de vulnerabilidade permanente. Nesse sentido, dizer que uma empresa financeira diz que Portugal está a sair da crise… É preciso ter alguns cuidados. Isso aplica-se a Portugal, Espanha ou a qualquer outro país. Hoje em dia, as coisas passam-se numa macro-escala.

O facto de existir um mínimo desvio na Ásia terá impacto na Europa. Nesse sentido, todos os países são muito voláteis. Falando em Portugal, em concreto, se fizermos uma análise rigorosa da gestão de Pedro Passos Coelho, que afirmava não haver outro caminho senão continuar com medidas gravosas para todos nós – para as empresas e para o cidadão comum -, que não havia outro caminho, que tinha que ser aquele caminho, que não havia mais nada para além daquilo e que se houvesse um desvio Portugal entraria outra vez em default, se compararmos essa gestão com a liderança do Governo socialista, com o apoio do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista, constatamos que há outras formas de governar um país, facilmente descortinamos que existe vida para alem da troika.

Exemplifico com um caso concreto: Tínhamos um país a atravessar uma crise profunda. Medidas como retirar feriados, quando Portugal e a Europa e o mundo atravessam uma crise semelhante, em que as empresas tentam arranjar trabalho, venha eles de onde vier, em que as empresas muitas vezes não têm trabalho para dar aos seus funcionários, retirar feriados… Qual foi o impacto que isso teve na economia? Zero! Efeito prático: zero. Não teve impacto nenhum.

Outro exemplo: Há uma economia que em tempo de crise aposta de forma declarada nas exportações, não na internacionalização, mas nas exportações. O Governo [de Pedro Passos Coelho] de um país que atravessa uma crise nacional, por sua vez oriunda de uma crise mundial, apostou tudo nas exportações, fez contrair a economia com medidas gravosas para as empresas e o cidadão comum, deixou o cidadão comum a reduzir compras ao que é elementar e ao que é básico. Essa atuação implicou o fomento do desemprego. E fomos todos afetados pelo desemprego, direta ou indiretamente. Se não fui afetado pelo desemprego, foi-o a minha esposa e diversos outros familiares. Muitas famílias foram afetadas, sentiram-se delapidadas, sem capacidade de compra. Com uma perda clara de rendimentos, não existe capacidade de compra. O que é que o Governo faz? Aposta tudo na exportação num momento em que o mercado externo não absorve tudo o que é nacional porque cada país quer também vender aquilo que produz, porque também está em crise. Qual é o resultado ? A economia não cresce porque as pessoas têm menos dinheiro e vão gastar menos, as pessoas vão poupar e não vão gastar; e muitas vezes nem para poupar o dinheiro chegava. Delapidamos as empresas e as famílias. Como vamos fazer crescer a economia se as pessoas não têm dinheiro? Deveríamos ter tentado apostar também no mercado interno. E tentar minimizar o impacto da troika. Não estou contra certas medidas, porque algumas eram necessárias. A questão é: Como é que alguém que governa os destinos do país aposta exclusivamente nas exportações quando o mercado não as absorve na sua totalidade e deixa o país chegar ao estado calamitoso em que ficou? Porquê apostar apenas no mercado externo? Conheci situações de miséria mesmo ao meu lado.

Quando o partido socialista chegou ao poder, houve uma desacreditação, a nível europeu e a nível mundial desta Geringonça: “Isto não vai funcionar”, “Não há respeito”. Porque o PS estaria a querer chegar ao governo a todo o custo. O respeito é o da maioria parlamentar. Não ganha quem tem mais votos, ganha quem tem mais força no hemiciclo. Juntaram-se diferentes forças políticas, com sentido prático e pragmático. O PSD critica a Geringonça, mas teve uma geringonça com o Partido Popular. Qual é a diferença entre 3 partidos à esquerda ou 2 partidos à direita a formarem Governo enquanto geringonças? Essa diferença está na política, está nas políticas.

Márcia Macedo: Aqui em Famalicão, na Assembleia Municipal, perdemos muito tempo a falar nessas questões já discutidos na Assembleia da República. No plano local, o PS vai tentar aproximar-se de outros partidos? Certamente terá ideias válidas mesmo para pessoas simpatizantes de outros partidos. Não há aqui uma vontade ou esforço de aproximação, mesmo com a atual maioria?

Rui Faria [mudando de rumo, mas concretizando também com uma das dificuldades de aproximação sobre a visão da realidade]: Há uma coisa que se chama MadeIn. O MadeIn é uma marca. Por baixo dessa marca, tenta florear aquilo que não é real. Por outras palavras: Quando foi criado, foi-o com o intuito de colmatar o desemprego no nosso concelho. O MadeIn cria microempresas e pequenas empresas. Depois há uma ou outra empresa, com alguma dimensão, que através do 20-20, e agora até vem aí o 20-30, que tenta conciliar. Mas a génese do MadeIn é criar pequenas e microempresas, que empregam 1 única pessoa, ou 2 ou 3.

Pedro Costa: As grandes empresas não estão a aproveitar alguns benefícios, nomeadamente fiscais?

Rui Faria: Sim! Aproveitam, sim. Em termos práticos, o MadeIn resume-se a um show-off sem qualquer tipo de fundamento. Ir a uma empresa, do tipo Continental-Mabor e ser fotografado ao lado do CEO e dizer “Famalicão é um concelho empreendedor”, o que é que a Câmara Municipal faz para tornar o concelho mais empreendedor ainda? A Câmara Municipal tem a sorte e a felicidade de ter aqui localizadas a Continental, a TMG, a Leica, a Vishay e mais algumas empresas de referência no concelho que realmente fazem capitalizar o nosso conselho e levá-lo a ser o 3º concelho mais exportador do país. É isto que Famalicão tem. Então, a Câmara Municipal aproveita-se e aparece ao lado como se fosse o timoneiro do sucesso daquela empresa.

Márcia Macedo: Mas a ideia de uma incubadora, em si mesma, é boa! Por exemplo, a própria Corticeira Amorim tem uma incubadora. Alguém aparece com uma proposta e o Grupo Amorim, desde que envolva a cortiça, une ali esforços e associa outras empresas aos projetos que considera válidos.

Rui Faria: A incubadora é um cluster, é âncora. Depois tem diversos protagonistas e outras empresas que gravitam em torno daquela ideia. Essa é a função da incubadora. A sua função é pegar na ideia e desenvolvê-la. Por exemplo, uma empresa pretende criar anéis de cortiça. Apresenta a ideia. Se a ideia agrada, desenvolve-se o produto. O que é que o MadeIn faz em Famalicão?

Primeiro, tenta ocupar um lugar que não é o dele. A Primor e a Leica têm o sucesso que têm porque possuem o know how, quem procura os mercados são as empresas. É precisamente isto que temos de começar a desmontar. Já li muito sobre o MadeIn, sei o que é o MadeIn, mas continuo a ter dificuldades em entender qual é a função do MadeIn.

Como alternativa ao atual MadeIn, cremos que é importante em Famalicão, nesta área, neste molde e neste conceito, fazer aqui a correlação entre as universidades, as empresas, os centros de investigação famalicenses, e criar aqui as condições para que as empresas pudessem chegar junto do MadeIn e expor claramente qual o produto que pretendem desenvolver e esse centro de investigação as ajudasse a desenvolver a fórmula apresentada. É preciso juntar estas sinergias de universidades, que fazem investigação, de escolas, ajustando os cursos àquilo que o mercado precisa, porque é isso que que faz toda a diferença. Convém criar cursos nas áreas com grande défice de trabalhadores especializados, como a metalomecânica ou a serralharia civil, na área da serralharia mecânica, áreas em que existe grande procura.

Pedro Costa: Nos últimos anos também houve muita gente a abandonar essas atividades, ou a emigrar, e não houve gente nova a interessar-se por elas. São necessidades que foram ressurgindo agora, com a saída da crise e a recuperação económica.

Rui Faria: Certo! Mas temos que acompanhar o desenvolvimento do mercado. Uma empresa evolui em termos tecnológicos, de desenvolvimento de produto e, dentro da sua gama de produtos, cria novos produtos para determinada gama do mercado. As empresas acompanham a realidade do mercado, as escolas também necessitam acompanhá-la. A sociedade e, nomeadamente o setor da educação, tem que acompanhar as reais necessidades do mercado de trabalho. As empresas recorrem às universidades para ir buscar um engenheiro informático, um economista, um contabilista. As empresas também têm estes recursos, mas também quando são as próprias empresas, através da AIM, da Associação Empresarial do Baixo Ave ou da ACIF a dizerem aos presidentes de câmara, ao Governo, às escolas, que é preciso criar um curso nesta área ou naquela, se não houver esta adaptação estamos a produzir jovens que não vão ser absorvidos pelo mercado de trabalho. Defendemos um modelo integrado onde todos consigam confluir para um objetivo comum. Temos que satisfazer aquilo que são as necessidades, não precisamos andar aqui a inventar necessidades. Nesse sentido, é preciso que a evolução seja transversal, não podemos estar a evoluir por um lado e estarmos estagnados no outro.

Márcia Macedo: Como pensam passar essas ideias para os cidadãos eleitores? Como é que o PS vai passar essas ideias para o exterior e mobilizar simpatizantes para as suas ideias?

Rui Faria: Uma das grandes apostas do Partido Socialista passam por tentar aproveitar as redes sociais, como o facebook ou o instagram, para tentar ganhar outra projeção e dinamismo e tentar criar uma interação entre o partido e a sociedade civil. O primeiro passo a dar é desenhar a implementação, em termos estratégicos, dessas redes sociais e pô-las a funcionar.

O pré-teste será feito com o próprio partido. Veremos a reciprocidade entre a concelhia, as freguesias, os militantes e quem quiser aderir. E também meu desígnio criar uma newsletter mensal, daquilo que é o trabalho desenvolvido ao longo de um mês, onde existirá um espaço onde o militante ou o cidadão possa emitir as suas opiniões, num espaço aberto de diálogo.

Pedro Costa: Regressando à questão política da estratégia do Partido Socialista para as autárquicas, as pessoas vão-se candidatar, autopropõem-se. No que se refere a horizonte temporal, o PS deve estar a perspetivar as eleições que ocorrerão daqui a 8 anos. As próximas não será ainda, provavelmente o momento para o partido pensar em ganhar eleições.

Rui Faria: As próximas eleições serão em 2021, as seguintes em 2025.

Pedro Costa: Por essa altura, a menos que haja alterações legislativas ou outros motivos de força maior até lá, Paulo Cunha, ele próprio, deverá sair. Embora ainda aparentemente cedo, haverá, neste momento até, quem se esteja a perfilar para lhe suceder. Qual é o sentimento ou a posição do PS em relação a isso?

Vila Nova - Famalicão Online | Rui Faria - entrevistaRui Faria: Aquilo que vou dizer de forma clara e objetiva é o seguinte:

O Partido Socialista deve estar preparado e orientado para, em 2021, em termos políticos e estratégicos, disputar as eleições com o Partido Social Democrata. Este é meu grande objetivo. Vou conduzir o Partido Socialista de 2018 a 2020 com esse propósito. Lá chegados, se entender que tenho condições para continuar o meu trabalho, recandidato-me; se entender que também já não tenho vontade nem motivação, deixarei o espaço a outro. De 2018 a 2020, o meu trabalho vai ser focado em abrir o partido aos militantes, em abrir o partido à sociedade civil e em preparar tudo aquilo que seja o processo autárquico, nomeadamente abrir a discussão dos candidatos à Câmara Municipal, à Assembleia Municipal e às freguesias. O meu trabalho vai estar focado em estribar, de forma clara e objetiva, as ideias para 2021. Este é o meu objetivo e é nesse sentido que vou trabalhar. Vou fazer tudo por tudo para que o partido, em 2021, esteja apto a disputar as eleições com a coligação PSD-PP. Claro, é necessário preparar todo o processo com tempo, montar uma estratégia com sentido de orientação e preparar o partido para disputar eleições de forma séria e credível.

Pedro Costa: Daqui a 8 anos…

Rui Faria [com convicção]: Esta máquina está montada e é uma máquina avassaladora a todos os níveis.

Márcia Macedo: Se daqui a 8 anos tiverem um candidato bem preparado, bem trabalhado daqui até lá, poderão, talvez nessa altura, disputar a vitória nas eleições.

Rui Faria: Vamos fazer esse trabalho, com toda a certeza: Apostar em candidatos que tenham sido candidatos em 2017, que sejam candidatos em 2021 e que, se ainda tiverem a motivação, voltem a ser candidatos em 2025.

Márcia Macedo: Estou em crer que lhes não seja fácil competir com a máquina comunicacional da coligação PSD-PP e da atual Câmara. Mas, às vezes, até se trata de coisas básicas. Percebo que seja difícil competir em verbas, mas a escolha de uma foto ideal, que aproxime e crie empatia, pode fazer toda a diferença, caso contrário as pessoas não aderem. Além disso, à partida, e isto aplica-se a todos os candidatos, o tempo para trabalhar a sua imagem é indispensável.

Rui Faria: As coisas começam a falhar a partir do momento em que os budgets de um partido de oposição é completamente diferente, não tem nada a ver. Aqui há uns tempos atrás ouvi alguém do PSD a dizer, sem que eu conseguisse deixar de soltar um sorriso, que o Partido Socialista é um “cemitério de candidatos”. Discordo completamente.

O PS tem essa preocupação em termos de comunicação, de padronização de campanha, em termos de própria organização da campanha já foi tida em conta. Apresentamos uma imagem coerente em todas as freguesias. Não temos aqui uma base profissional, mas este ano já introduzimos algum trabalho profissional. Apenas numa base temporária durante as últimas autárquicas. Seja como for, as eleições não se ganham a 2 anos. O trabalho tem que ser feito, no mínimo, a 4 anos. Tudo tem que estar organizado direcionado, tem que haver um sentido, tem que haver uma consequência, uma lógica. Se estou aqui e quero chegar ali, tenho que estabelecer este caminho, definir metas. É preciso introduzir esta metodologia no partido. É aqui que quero introduzir também a diferença na minha liderança. Ser capaz de introduzir esta metodologia no meu partido.

É impossível um partido da oposição, de alguém que não está a liderar os destinos de um concelho, e não estou a entrar em coisas promíscuas nem nada disso, ter meios, apoios, envolvência, participação, da mesma forma que aqueles que estão no poder. Cabe ao Partido Socialista ter a capacidade de encontrar a estratégia adequada, a montar e, depois disso, “pedalar” o triplo do que fazem os outros. É isto que se tem que fazer.

Márcia Macedo: A estratégia passa por ter uma cara? Para quando?

Rui Faria: Quando terminar o meu mandato tenciono ter escolhido 34 candidatos às freguesias, se se mantiver a atual configuração administrativa, ter o candidato à Câmara e o candidato à Assembleia. Pretendo, neste periodo de 2 anos, sei que é um bocado ambicioso, definir as nossas bandeiras para 2021, não tenho qualquer receio em as divulgar ou tornar públicas, divulgar esta ou aquelas medidas que nos interessam no imediato, e deixar outras para um pouco mais a frente, para a altura certa. Mas temos esta máquina montada para chegar à altura e fazer despoletar o processo. Se nós não criarmos a imagem do candidato durante este período, quando chegarmos à altura das eleições ela ainda não existe. Gostaria muito que o candidato à Câmara Municipal de 2021 fosse o mesmo de 2025.

Tendo eleições em 2021, gostaria de ganhar já em 2021. Tendo consciência das dificuldades e que não vai ser fácil. Mas tem que existir esta ambição. Tenho por lema “União e Ambição.” Acredito nisto!

A atual equipa da Câmara Municipal não é nenhuma máquina indestrutível. A máquina está bem oleada. Na comunicação social temos pouco espaço, mesmo quando dizem o contrário, as associações dependem da Câmara Municipal. Estou a falar no elementar, não quero entrar em questões mais gravosas. A atual Câmara tem uma máquina que lhe permite chegar e dominar as coisas de tal forma que o Partido Socialista em algumas freguesias teve muitas dificuldades em formar lista.

Um exemplo da capacidade da máquina comunicacional da Câmara Municipal é a EN-14.

Passos Coelho esteve a conduzir os destinos de Portugal durante 4 anos. Durante essas 4 anos não ouvi o Sr. Presidente da Câmara falar uma única vez na Nacional-14. O PSD perde as eleições, o Sr. Presidente da Câmara pega logo na bandeira da Nacional-14 e começa logo a acenar. O governo faz despoletar o processo para começar as obras da Nacional-14 e o Sr. Presidente da Câmara diz logo que a Câmara tem 1 milhão e não sei quantos mil… Quando a Câmara Municipal, a única coisa com que vai entrar, é com uns não sei quantos mil que gastou na rotunda do Grocenter. Este investimento é realizado pelo Governo. Trata-se de puro aproveitamento. Porque tem os meios. Gasta em imagem e comunicação 250 mil euros por ano. Se tivéssemos idênticos meios as coisas seriam bem mais fáceis para nós.

Outro exemplo:

A medida de criar a equipa de proteção dos idosos, lançada muito recentemente. Quem lançou essa ideia? Foi uma das ideias do PS nas últimas eleições autárquicas.

Sentimo-nos agradados com o facto de agarrarem as nossas ideias. O que não devem é pegar nelas e dizer que são deles. Isto denota o desgaste e a falta de ideias que começam a ter. Será por aí que também vamos trabalhar. Aproveitar tudo. Ter a capacidade de sempre que entendermos necessário e oportuno marcar a agenda política. E marcar a nossa posição face às políticas que querem implementar. Apresentaremos as nossas próprias alternativas. Vamos atuar em vários sentidos de forma concertada e com um fio condutor.

Tenho estes passos para dar e vamos fazê-lo de forma objetiva e determinada. Queremos união para o partido e ambição para o concelho. É isso que vamos tentar empreender ao longo destes próximos 2 anos.

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Imagem de destaque: Rui Faria, em entrevista com Pedro Costa e Márcia Macedo. (Pedro Costa)

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Outras imagens:

Sede do Partido Socialista: Pedro Costa

Famalicão (montagem com ícones da cidade): Partido Socialista

Ricardo Dias, em primeiro plano, na tomada de posse da Concelhia da Juventude Socialista de Famalicão: JS – Famalicão

Nuno Sá, em entrevista para a Vila Nova (setembro de 2018): Pedro Costa

Mercado Municipal. Aqui vai nascer uma nova Praça (Pedro Costa)

IPCA: Blogue do Minho

Ricon (panorâmica ao início da manhã de 1 de fevereiro) : Pedro Costa

Produto Interno Bruto / Economia global em 2016 (mapa): Eimukas22

Moção de estratégia “União e Ambição. Por Famalicão”: Pedro Costa

Rui Faria, em entrevista: (Pedro Costa)

Logótipos: Concelhia do Partido Socialista de Vila Nova de Famalicão, Concelhia da Juventude Socialista de Vila Nova de Famalicão, Junta de Freguesia de Esmeriz e Cabeçudos, MadeIn e Facebook.

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