Rui Faria é candidato único às eleições de amanhã, 20 de janeiro, para a liderança da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista em Famalicão.
Rui Faria já ganhou! É o vencedor antecipado, ainda que obtenha apenas um único voto. Até aqui, nada de novo. Contudo, a primeira questão que os famalicenses se colocam é:
Quem é Rui Faria afinal?
Embora seja membro do partido há largos anos, com militância ativa desde a juventude e tendo exercido como vereador e deputado municipal e autarca da sua freguesia – Esmeriz -, para além dos militantes, na verdade, ninguém o conhece.
É sabido de todos que, desde há mais de 15 anos, o PS, em Famalicão, tem vivido uma luta interna que, mesmo após um longo período em que assentou as principais infraestruturas do Concelho e lhe valeram forte apoio da população, colocou o partido arredado da liderança municipal até hoje. E pior, até ao momento o partido não vislumbra sequer tal mudança de paradigma, pelo que qualquer disputa eleitoral em que, a esse nível, se envolva com o PSD não lhe permite pensar, ou fazer passar a mensagem de forma crível, em ganhar eleições; nem os famalicenses arrisca(r/ia)m pensar de outra forma.
A propósito das eleições da semana passada para o PSD, o seu deputado de Famalicão, Jorge Paulo Oliveira, recordou que “os grandes partidos saem sempre reforçadas das suas disputas internas.” Assim tem acontecido com frequência no PSD, como no PS. Nesta área política, basta recordar, no plano nacional, o péssimo resultado, em especial para o país, da contenda eleitoral que opôs Sócrates a Carrilho. Uma irrelevante disputa interna, apesar de Carrilho fazer soar os alarmes bem alto, deu no que deu – um país praticamente à beira da miséria.
De certo modo, e salvaguardando as devidas proporções para os atores políticos Sócrates e Faria, assim como as respetivas conjunturas, o PS local parece querer terminar com as suas guerrilhas internas. E digo “parece” porque, de facto, é o que parece. As duas fações rivais, embora talvez sobretudo a que tem liderado o partido nos últimos anos pois, apesar da insistência, os resultados não aparecem, têm sido, em grande medida, as causadoras do descrédito em que o PS famalicense se encontra, um partido sem militantes e sem eleitores que lhe permitam pensar em mais altos voos, uniram-se em torno de um líder de quem, até ao momento, ninguém conhece ação cívica ou propostas relevantes relativamente às políticas autárquicas seguidas pelo atual Município.
Assim, mais uma questão se coloca:
Será que a disputa, no plano local, já terminou? O silêncio e aparente união em torno do novo líder podem, na verdade, ser insuficientes para que o PS e a democracia famalicense saiam vitoriosas.
Outra questão colocada pelos famalicenses:
Rui Faria conseguirá agir como um verdadeiro líder e passar a controlar o partido apesar de ganhar as eleições?
Das duas, uma: ou Rui Faria se vai embora no final de pouco tempo por ter ficado refém da forma como se candidatou – convém não esquecer que boa parte dos candidatos estão lá porque não se querem ir embora -, ou Rui Faria singra rapidamente, sendo capaz de imprimir uma visão própria e conseguir ganhar o partido para si mediante uma dinâmica fresca, com um novo e mais conhecedor e apelativo discurso do que tem sido habitual. Para o efeito, irá necessitar sobretudo da sua capacidade pessoal, mas também do suporte de uma máquina comunicativa de excelência – basta ver as confrangedoras atuais páginas do PS – Famalicão – que lhe permita chegar próximo de potenciais novos militantes com facilidade, captá-los e assim se afirmar de forma vinculativa perante estes e os potenciais eleitores.
Sobra, ainda, uma quarta questão:
Que vai Rui Faria fazer com o lugar que passará a ocupar?
Rui Faria afirma que o seu projeto, e da lista que representa, é sólido e credível porque, é o único facto relevante que se vislumbra, consegue unir o partido em torno da sua candidatura. E, na verdade, na sua lista estão incluídos os principais socialistas intervenientes ativos no Concelho, quer na qualidade de efetivos quer de suplentes, incluindo os das secções da Juventude e Mulheres. Para a obtenção de um acordo, terá sido decisivo o ganho de maior democracia interna, mediante a possibilidade de os militantes, quem quer que sejam, passarem a poder candidatar-se aos cargos que muito bem entendam caso creiam possuir as qualidades e apoios indispensáveis para os ocupar. Em causa, encontra-se, nomeadamente, a definição de um futuro candidato às eleições autárquicas que se possa bater ombro-a-ombro, se não com Paulo Cunha, figura altamente carismática e que tem sabido manter o PSD e respetiva coligação unidos em torno da sua figura, com o seu eventual sucessor.
Mas existe ainda uma última questão a colocar:
Que ganha Famalicão com a vitória de Rui Faria?
A única ideia a registar, neste momento, para memória futura, é a que propõe o PS como alternativa a Paulo Cunha e ao PSD, referindo que os Famalicenses vivem melhor com o atual governo e opções políticas do PS do que nos tempos de má memória da anterior governação.
Parafraseando Irene Lisboa: (De momento) Uma mão cheia de (quase) nada, outra de coisa (quase) nenhuma.
O tempo irá clarificar a situação. Se Rui Faria conseguir ser um verdadeiro líder, e tem um enorme desafio pela frente, poderá auxiliar o Partido Socialista a sair do pântano em que se afundou. Quer Partido Socialista quer Vila Nova de Famalicão saem reforçadas com esse resultado. Caso contrário, temos apenas o adiar de mais uma batalha interna.
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