Zélia Gonçalves é professora no Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco. Desde há muito interessada pelas questões de Igualdade de Género, reflete neste seu primeiro artigo sobre uma das preocupações essenciais da sociedade contemporânea.
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Enquanto mulher (…) desejo contribuir de forma peculiar na promoção da Igualdade de Género, fazendo com que cada um se coloque na “pele de outrem”, (…) promovendo a igualdade entre homens e mulheres. Daqui a 10 anos, todos terão um maior gozo dos seus direitos numa perspetiva da Igualdade de Género.
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Partilha e inteligência na Igualdade de Género
Enquanto mulher, filha, mãe, tia, prima, madrinha, educadora, professora desejo contribuir de forma peculiar na promoção da Igualdade de Género, fazendo com que cada um se coloque na “pele de outrem”, sabendo escutar, compreender e respeitar as perspetivas de outros; permitir que participem em debates, respeitando as regras do debate democrático, fundamentando as suas opiniões e respeitando a dos outros; permitir que aprendam a respeitar cada pessoa independentemente de diferenças de capacidade, género, raça, cultura e apreciarem e aprofundarem semelhanças de todos os seres humanos e a sua diversidade; permitir reconhecer formas de discriminação e propor vias de as superar.
A partilha de experiências e o vivenciar de situações por cada um afigura-se eficaz na construção de conhecimento e promove a diminuição de diferenças. Como educadora julgo que a escola pode assim associar as ideias de inteligência e de partilha, num novo papel, como refere o autor Celso Antunes (2000).
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Intervir para mudar de atitude
O nosso mundo não se vai alterar apenas com a mudança de equadramento conceptual, mas, devido a ele, modificaremos (ou não) o modo como passarmos a ver esta temática.
Na Declaração Universal dos Direitos do Homem, no Preâmbulo, afirma-se: “Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”, então cada um de nós pode intervir ativamente para a mudança alicerçando a nossa conduta em três pilares fundamentais: informar, formar e intervir, na adoção de princípios de equidade, numa linguagem neutra, promovendo a igualdade entre homens e mulheres. Fazendo, com mestria, refletir e tomar consciência. João Formosinho corrobora este pensamento quando afirma que “Todas as pessoas têm capacidade para aprender desde que seja respeitada como pessoa, ou seja, a sua forma pessoal de aprendizagem” (2004).
É clara a Lei n.º 93/2017, no seu Artigo 2.º – Âmbito quando diz que “1 — A presente lei é aplicável a todas as pessoas singulares e coletivas, públicas e privadas, no que respeita: a) À proteção social, incluindo a segurança social e os cuidados de saúde; b) Aos benefícios sociais; c) À educação; d) Ao acesso a bens e serviços e seu fornecimento, colocados à disposição do público, incluindo a habitação; e) À cultura.
É necessário saber para poder respeitar e cumprir a lei. Todos têm a capacidade de promover a igualdade de género, de oportunidades e de fazer deste tema a sua voz. Pela minha parte, quero “ter uma voz” e não impor a minha voz.
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Otimizar
O respeito pela Igualdade de Género é crucial. Como diz Delors (1996): “A educação deve conferir a todos a liberdade de pensamento, de discernimento, sentimento e imaginação de que necessita para desenvolver os seus talentos e permanecerem, dentro do possível, donos do seu próprio destino.”
Como cidadãos, é nosso dever otimizar a curiosidade, o interesse, a atenção e, consequentemente, contribuir para a promoção da Igualdade de Género numa aprendizagem, num crescendo com sucesso, alargando a definição “promoção da Igualdade” à dimensão socioemocional e pessoal da Criança/Adulto(a)/Todo(a), na sua dimensão pessoal, social e académica. Otimizar hoje para a mudança de amanhã!
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Daqui a dez anos?
A questão ainda não estará resolvida, mas, sem dúvida, todos terão um maior gozo dos seus direitos numa perspetiva da Igualdade de Género. Ter-se-á feito um caminho definido e traçado individualmente, por um conjunto de exigências curriculares e sociais predeterminadas, bem como a construção de valores pessoais e sociais. Muito ainda vai acontecer…
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