A Viúva-de-cauda-comprida, uma ave exótica originária de países da África subsaariana, como Senegal, Etiópia, Zimbabwe, África do Sul e Moçambique, tem sido observada em Portugal, com especial incidência na zona de Aveiro. Motivos para a sua observação são as fugas de cativeiro, as libertações voluntárias pelo Homem e, mais recentemente, também em resultado da própria reprodução.
De acordo com os registos obtidos, a espécie visita o Parque da Devesa desde 2013, verificando-se, de um ano para outro, um aumento significativo do número de indivíduos observados.
Recordo e partilho o momento único da primeira observação. Naquela manhã de início de outono, fui surpreendido pelo canto e pelo voo singular de um macho sobre o prado, próximo do lago. Entretanto pousou no chão para se alimentar. Aproximei-me um pouco e comecei a fotografá-lo sem que desse pela minha presença. Passados alguns minutos, ouvi um canto de alarme vindo do cimo de uma árvore. O que se encontrava no solo baixou-se imediatamente e ficou imóvel. De seguida, o outro, numa autêntica algazarra, sobrevoou-me e distraiu-me por escassos segundos. Quando procurei de novo o que estava a fotografar, já tinha fugido. Fugiram os dois…

Identidade
O seu nome científico é “Vidua macroura” e pertence à família “Viduidae”, da ordem dos “Passeriformes”. Existem outros nomes comuns pelos quais também é conhecida, como por exemplo, “Viuvinha” ou “Viuvinha-de-bico-de-lacre”.
Características
Na época de reprodução o macho apresenta uma plumagem nupcial. O bico é vermelho; a parte superior da cabeça e as costas são pretas; as asas são pretas com um mancha branca; as faces, a base do pescoço, o peito e a barriga, são brancos; a cauda tem umas penas pretas e compridas (aproximadamente o dobro do comprimento do corpo); as patas são escuras.
Fora dessa época o macho é semelhante à fêmea, com bico vermelho, cabeça, costas e asas com manchas pretas e acastanhadas e parte inferior com tom mais claro, entre o beje e o branco.
Os juvenis nascem com bico preto, parte superior castanho escuro e parte inferior castanho claro. À medida que vão crescendo a cor do bico vai mudando para vermelho.

Habitat
Normalmente procura locais como jardins e prados, com árvores dispersas e proximidade a cursos de água.
Alimentação
Trata-se de uma espécie granívora que se alimenta de sementes que encontra no solo.
Reprodução
O período de reprodução acontece entre os meses de agosto e novembro, sendo os meses de setembro e outubro aqueles que registam maior atividade. Nestes meses é possível admirar os machos, com plumagem nupcial, executando os seus rituais de acasalamento, exibindo os seus cantos e danças perante as fêmeas.
A Viúva-de-cauda-comprida (Vidua macroura) é uma ave parasita, o que significa que se serve de outras espécies, os hospedeiros, para a incubação dos ovos e a criação dos seus filhos. A fêmea substitui os ovos do hospedeiro por um ou dois dos seus, repetindo este procedimento em mais que um ninho.
O seu principal hospedeiro é o Bico-de-lacre (Estrilda astrild), outra espécie exótica existente no nosso país há vários anos.
Em outubro de 2016 e de 2017, no Parque da Devesa, foram observados adultos de Bico-de-lacre (Estrilda astrild) a alimentarem, simultaneamente, as suas próprias crias e as de Viúva-de-cauda-comprida (Vidua macroura).

Ocorrência
Os registos efetuados pelo Projeto Avifauna do Parque da Devesa verificaram-se entre os meses de setembro e dezembro, desconhecendo-se exatamente o que sucede nos restantes meses do ano. Admite-se, no entanto, que a maior dificuldade na observação fora do período de reprodução possa ter que ver com a sua deslocação para outras regiões ou habitats, em busca de alimento, ou com a possibilidade de passarem mais despercebidas entre outras espécies após a mudança da plumagem.

Meses do ano com registo de observações: setembro, outubro, novembro e dezembro.
Local com maior probabilidade de observação assinalado no mapa.
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