Está a fazer, por estes dias, dois meses que, em Barcelos, se vive a situação política mais insólita de que há memória: Barcelos tem um presidente de câmara (supostamente) em funções, mas impossibilitado de sair de casa e de poder contactar com os funcionários do município.
Passados dois meses, como é possível o Presidente de Câmara de Barcelos continuar a achar que a atual situação não o impede de estar no exercício “pleno” das suas funções? Não entendo.
Passados dois meses, como é possível que haja alguém, da esquerda à direita, que possa defender o exercício de um cargo público nestes termos? Entendo ainda menos.
Passados dois meses, como é possível que os vereadores eleitos, com pelouros, não se indignem com esta falta de confiança do Presidente? Não só não entendo, como não aceito. Foram ELEITOS!
A partir do dia 1 de outubro de 2017, assumiram um compromisso vital com os Barcelenses. A subserviência ao Presidente da Câmara não pode ser maior do que o compromisso assumido perante o projeto que apresentaram a escrutínio eleitoral. É demasiado grave haver todo um executivo que acredite e propague que realmente é possível gerir a Câmara à distância. Não tem qualquer lógica e não se vislumbra que o servilismo vá ter fim em breve! Agem como se o executivo camarário fosse Miguel Costa Gomes e o resto só paisagem, que é como quem diz, e porque estamos em Barcelos, apenas figurado… mas, convenhamos, mesmo para figurado está fraquinho!
Temos vindo a assistir a um executivo fúnebre, inerte, sem coesão e, fundamentalmente, sem a menor autonomia. De uma ponta à outra, parece não haver eleitos assumidos, mas sim contratados do Presidente da Câmara. Num momento particularmente difícil na política barcelense, era esperado que os vereadores se assumissem (sem vitimizações), se unissem e formassem uma verdadeira equipa de trabalho, séria, que fizesse face ao problema que hoje vivemos. Sim, vivemos, no plural. Este é um problema que nos afeta a todos! Pelo contrário, os vereadores apresentam-se cada um por si e, aparentemente, todos pelo presidente, que está, mas em bom rigor não está… que regressou… só que não (fisicamente)…
Vivemos a pior crise política de que há memória e para se fazer uma reunião extraordinária, no escrupuloso cumprimento da lei, convocada pela oposição e com assuntos propostos por esta, os Srs. Vereadores socialistas têm que telefonar ao Presidente para ver se ele autoriza a data acordada? Quando o Presidente nem sequer poderá intervir na reunião, quando ele nem poderá votar as propostas que por lá passarem? Até parece uma brincadeira, mas infelizmente é o que acontece.
Os Senhores Vereadores, que têm pelouros atribuídos, foram eleitos pelos Barcelenses e é, acima de tudo e de todos, para com estes que têm as maiores obrigações. Não é aceitável que se brinque às reuniões de câmara! A oposição não tem assessores, não tem adjuntos, não tem serviços técnicos e analisa as propostas que são levadas às reuniões, em tempo record, com mais cuidado e seriedade do que os próprios proponentes! Muitas vezes, os vereadores do executivo “em plenas funções” aparentam nem saber o que lá vai a ser discutido, mesmo quando é assunto da competência dos seus pelouros. Em sede de reunião, questionados sobre as suas próprias propostas referem “não ter conhecimento” ou “não ter dados sobre essa matéria”? Francamente, não tenho tempo, nem paciência, nem princípios que se coadunem com este desmazelo. Estes senhores comprometeram-se servir o concelho, servir os Barcelenses. É só isso que Barcelos exige e é só isso que, como Barcelense, eu exijo! Como todos, também pago impostos para que pessoas de valor possam servir a causa pública. Infelizmente, em Barcelos, temos assistido a um penoso e desastroso tributo à democracia.
Nestas humildes linhas faço um apelo a todos os que têm (plenos) poderes: por favor, respeitem e dignifiquem a grande honra que os Barcelenses vos deram!
**
*
Se chegou até aqui é porque provavelmente aprecia o trabalho que estamos a desenvolver.
A Vila Nova é cidadania e serviço público.
Diário digital generalista de âmbito regional, a Vila Nova é gratuita para os leitores e sempre será.
No entanto, a Vila Nova tem custos, entre os quais se podem referir, de forma não exclusiva, a manutenção e renovação de equipamento, despesas de representação, transportes e telecomunicações, alojamento de páginas na rede, taxas específicas da atividade.
Para lá disso, a Vila Nova pretende pretende produzir e distribuir cada vez mais e melhor informação, com independência e com a diversidade de opiniões própria de uma sociedade aberta.
Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu simbólico contributo sob a forma de donativo através de mbway, netbanking ou multibanco.
MBWay: 919983484
NiB: 0065 0922 00017890002 91
IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91
BIC/SWIFT: BESZ PT PL
*