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Regressar a Ingmar Bergman

 

 

Quando lançamos no Cineclube de Joane a rubrica Já Não Há Cinéfilos?!, em Outubro de 2007, estipulamos que estes ciclos, dedicados aos autores da história do Cinema, contabilizariam três filmes, pretendendo-se com a escolha das obras fazer uma súmula possível da obra do autor. Seria pueril crer que com esta regra, essa escolha tripla, se abarcaria o essencial de grande parte dos cineastas eleitos; e para Ingmar Bergman essa ressalva é inevitável, sendo ele um dos gigantes da história do cinema: realizou cerca de 60 filmes, entre trabalhos para cinema e televisão e, por isso, para fazer um ciclo representativo da obra, seria necessário programar cerca de vinte filmes. Portanto, libertados desse peso, perguntamo-nos: por onde começar?

Nesse pequeno ciclo de três filmes, intitulado As Mulheres de Bergman (no primeiro trimestre de 2008) apontamos que a porta de entrada para a obra de Bergman, seria a das suas mulheres, as suas actrizes, as personagens femininas que construiu com elas. Ao longo dos quase 60 anos de percurso, Bergman estabeleceu uma relação cercada de afinidades com várias actrizes, em que muitas delas partilharam também a sua vida íntima; Harriet Andersson, Ingrid Thulin, Bibi Andersson, Gunnel Lindblom e Liv Ullmann, todas intérpretes importantes, atravessando várias fases daquela vasta filmografia. Justificando, então, o título da projecção deste segmento da obra de Bergman, escolhemos três filmes em que os homens, os personagens masculinos, são praticamente inexistentes ou muito pouco significativos: O Silêncio (1963), Persona (1966) e Lágrimas e Suspiros (1972). Esses três filmes, que dialogam com a morte, com a doença, com o contágio, serão um possível apogeu do gigante sueco: no período compreendido entre 1963 e 1972, vinte anos após os seus primeiros filmes, e apesar de antes de O Silêncio Bergman já ter editado algumas obras primas – Um Verão de Amor, Mónica e o Desejo, Sorrisos Numa Noite de Verão, Morangos Silvestres, O Sétimo Selo, foi neste período que o cineasta sueco impôs definitivamente a sua singularidade, explorando vastos territórios na composição dos personagens e no trabalho com os actores, na utilização do espaço e dos cenários.

No fim dessa pequena mostra do universo Bergman, apontávamos alguns temas a explorar no futuro próximo: a moral e as complexidades do espírito, as dinâmicas conjugais, o teatro e o prazer da representação. No inicio de 2015, voltamos a Bergman, com um ciclo de seis filmes, em parte concentrados na fase inicial da obra (nos anos 50) e dois deles na primeira despedida de Bergman do Cinema, em que se observaram enoveladas duas temáticas de eleição no universo bergmaniano: a influência das vivências da infância e a permanente presença da morte. Foram, então, mostrados Mónica e o Desejo (1953), Um Verão de Amor (1951), O Sétimo Selo (1956), Morangos Silvestres (1957), Da Vida das Marionetas (1980) e Fanny e Alexander (1982).

Cenas da Vida Conjugal (1973) junta Johan (Erland Josephson) e Marianne (Liv Ullman) num retrato realista de uma relação estudada ao bisturi, expandida pelo tempo (dez anos) em cenários minimalistas, sobre um casal com práticas e costumes que para quem está à sua volta parece exemplar, até que a relação começa a revelar brechas, egoísmos e insatisfações, que levam a dupla a um jogo de massacre quase teatral, misto de racionalidade e emoção. Quase 40 anos depois, Bergman, retirado há muito, surpreende com uma obra derradeira, Saraband, em que volta às personagens Johan e Marianne, protagonistas de um filme que o tempo definiu como um tratado das relações humanas e das dinâmicas de um casal, para recuperar a ternura que perdurou entre eles, mas também para se deter nas relações dos envelhecidos protagonistas com as gerações seguintes, numa belíssima e crepuscular despedida, que apresentaremos no dia 29 de Novembro na Casa das Artes de Famalicão.

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Saraband, de Ingmar Bergman – trailer


Imagens: DR


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