Em Portugal tem sido muito difícil mudar hábitos e fazer com que os cidadãos andem de bicicleta. E sim, não nos estamos a referir aos passeios de domingo com amigos, ao aumento significativo de praticantes de trail ou de outros praticantes do ciclismo desportivo.
Em alguns países situados mais a norte na Europa, o “choque petrolífero” dos anos 70 desde logo mudou hábitos. Foram muitos então os que na Holanda, em França ou nos países nórdicos aproveitaram para fazer pela saúde e pela carteira passando a deixar o seu automóvel em casa quando se deslocavam para o trabalho. Hoje, questões de natureza ambiental são mais prementes e fazem com que determinados cidadãos evitem o automóvel, já para não falar do prazer que é andar de bicicleta pela cidade onde se vive. No entanto, será necessário também ter em consideração a tipologia de terrenos por onde se circula. É que boa parte das cidades e países mais a norte na Europa, bem como das cidades ou regiões portuguesas, como a Marinha Grande ou Aveiro, possuem terrenos bastante planos.
É precisamente tendo em vista este tipo de fatores, com implicações, por exemplo, também nas metas de descarbonização estabelecidas no Acordo de Paris, mas que também se encontram diretamente relacionados com a qualidade de vida das populações, que governos e autarcas têm vindo a mudar atitudes, começado a ser sensíveis a esses problemas, afinal os seus membros também são cidadãos como os demais, e ido cada vez ais ao encontro dos desejos destas últimas.
Assim, ontem mesmo, dia anterior ao início da Semana Europeia da Mobilidade, que irá decorrer de 16 a 22 deste mês de setembro, o Governo anunciou, através do Ministro do Ambiente, João Matos Fernandes ou que pretende investir 300 milhões de euros até 2030 na construção de novas ciclovias, ligando as já existentes, de forma a incentivar o uso de bicicleta em detrimento do automóvel.
A intenção da tutela foi apresentada no concelho da Amadora pelo ministro João Matos Fernandes e insere-se no Programa Portugal Ciclável 2030, com um horizonte de execução de 12 anos.
No total, o Governo pretende investir 300 milhões de euros (ME) no financiamento de 110 ciclovias, tendo como ambição que, no final do programa, Portugal passe a dispor de 960 quilómetros de ciclovias.
“A bicicleta é um modo de transporte, não é um brinquedo. Também pode ser um brinquedo, mas nasceu para transportar pessoas e é para isso que ela deve ser utilizada. Devemos aproveitar esta onda de lazer e a consciência de que o espaço público não deve ser só pensado em função do automóvel”, afirmou, no final da sessão, aos jornalistas, o governante.
João Matos Fernandes explicou que a tutela pretende aproveitar o esforço que alguns municípios já fizeram na construção de ciclovias e interligá-las.
“Hoje sabemos que em distâncias até 15 quilómetros nós podemos aumentar o uso da bicicleta. Sabendo que só 1% se desloca, em média, de bicicleta de casa para o trabalho ou de casa para a escola esperamos que daqui por 12 anos possamos chegar, pelo menos, aos 7%, que é a média europeia”, apontou.
De acordo com o plano apresentado pelo Governo, que estará em consulta pública até 14 de outubro, caberá aos municípios elaborarem os projetos de natureza municipal ou intermunicipal e sujeitá-los a financiamento, sendo que o limite máximo de apoio é de 75%.
O programa Ciclável 2030 vai dividir-se em três subprogramas, dizendo o primeiro respeito a ciclovias de interconexão entre aglomerações relevantes (160 milhões para 34 projetos), o segundo entre aglomerações relevantes contíguas (110 ME para 55 projetos) e o terceiro para aglomerações relevantes isoladas (30 ME para 21 projetos).
João Matos Fernandes referiu, ainda, que na escolha dos projetos a tutela vai dar prioridade aqueles que aproveitem antigas linhas ferroviárias, sirvam de interface a estações ferroviárias ou rodoviárias e que passem “à porta de geradores de tráfego relevantes”.
Presentes na Conferência Portugal Ciclável 2030, na Amadora, estiveram, entre outros o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, em Aveiro, o município português que tem a maior quota de utilização da bicicleta em viagens pendulares – 9,7% – e o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, em que o edil famalicense deu a conhecer o projeto em curso na autarquia, Mobilidade Ciclável em Famalicão.
Fontes: Partido Socialista e Município de Famalicão
1ª Página. Clique aqui e veja tudo o que temos para lhe oferecer.
Pub
Se chegou até aqui é porque provavelmente aprecia o trabalho que estamos a desenvolver.
A Vila Nova é gratuita para os leitores e sempre será.
No entanto, a Vila Nova tem custos. Gostaríamos de poder vir a admitir pelo menos um jornalista a tempo inteiro que dinamizasse a área de reportagem e necessitamos manter e adquirir equipamento. Para além disso, há ainda uma série de outros custos associados à manutenção da Vila Nova na rede.
Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu simbólico contributo sob a forma de donativo através de multibanco ou netbankimg.
NiB: 0065 0922 00017890002 91
IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91
Paypal: vilanova@vilanovaonline.pt
Obrigado.