Ângelo de Sousa mostra ‘quase tudo o que foi capaz’ em Caminha

 

 

Em 24 de julho passado, inaugurou no Museu Municipal de Caminha a exposição “Ângelo de Sousa: Quase tudo o que sou capaz“. Ângelo de Sousa, um dos mais importantes e disruptivos artistas plásticos portugueses da segunda metade do século XX, é um dos artistas melhor representados na Coleção de Serralves. A exposição, que estará patente até 7 de outubro próximo, sublinha a vontade do artista de trabalhar com elementos simples, ao apresentar as primeiras obras de Ângelo de Sousa, ainda figurativas mas apontando já para a depuração que viria a caracterizar o artista, lado a lado com os exercícios abstrato-geométricos, nomeadamente desenhos, telas e esculturas — que o impuseram como um dos maiores estudiosos da cor e da luz.

Ângelo de Sousa (Lourenço Marques, Moçambique, 1938?2011, Porto), além de ser uma das figuras mais influentes da arte portuguesa da segunda metade do século XX, é um dos artistas melhor representados na Coleção de Serralves, com trabalhos realizados entre os anos 1960 e 2010, e que abarcam todos os meios artísticos a que ele se dedicou ao longo da sua prolífica carreira: desenho, pintura, escultura, instalação, filme e fotografia.

“Ângelo de Sousa: Quase tudo o que sou capaz” junta uma parcela muito considerável destas obras — a quase totalidade dos desenhos, pinturas e esculturas — com o objetivo de sublinhar a importância da contaminação entre aquelas disciplinas para a evolução da sua prática artística: ao reunir cerca de 35 obras de vários períodos da sua carreira, esta exposição combate a imagem dominante do pintor Ângelo, mostrando que o desenho e a escultura são não apenas facetas fundamentais da sua obra como aquelas em que porventura é mais evidente o espírito experimentalista da sua obra.

A mostra “Ângelo de Sousa: Quase tudo o que sou capaz” reunirá, assim, uma parcela muito considerável das obras de Ângelo de Sousa na Coleção de Serralves — nomeadamente a quase totalidade dos desenhos, pinturas e esculturas —, com o objetivo de sublinhar a importância da contaminação entre aquelas disciplinas para a evolução da sua prática artística e de mostrar de que modo o desenho e a escultura constituem facetas fundamentais da obra de Ângelo de Sousa, nos quais é, porventura, mais evidente o seu caráter experimentalista. Não por acaso, o título da exposição parafraseia o nome dado por Jorge de Silva Melo ao documentário biográfico que, em 2010, dedicou ao artista, “Ângelo de Sousa: Tudo o que sou capaz”.

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O espólio do artista colaborou na organização desta exposição com a cedência de duas obras que completam a instalação, uma escultura, originalmente apresentada na íntegra em 1972 na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, e uma curta-metragem, da autoria do artista e datada do mesmo ano, que documenta a instalação.

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Refira-se que esta exposição integra o programa de exposições itinerantes que a Fundação de Serralves desenvolve com o objetivo de tornar a sua coleção de arte contemporânea acessível para além das portas do museu, permitindo assim o alargamento da rede de acesso das populações à arte e à cultura. A título de exemplo, está para muito breve, em Vila Nova de Famalicão, o início da exposição ‘A Minha Casa é a tua Casa‘.

A exposição “Ângelo de Sousa: Quase tudo o que sou capaz” foi previamente apresentada em Matosinhos, entre 24 de fevereiro e 28 de abril. Na altura, incluiu excecionalmente duas pinturas de 1965 da coleção da Câmara Municipal de Matosinhos.

 

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Ângelo César Cardoso de Sousa nasceu a 2 de Fevereiro de 1938 na então capital de Moçambique – Lourenço Marques, atual Maputo. Aos 17 anos, fixou-se no Porto aproveitando uma bolsa de estudo em Belas Artes da Caixa Económica Postal de Lourenço Marques. Aí estudou Pintura, entre 1955 e 1963, integrando logo depois o corpo docente da faculdade durante quase quatro décadas e tornando-se o primeiro professor catedrático em Pintura daquela faculdade.

O seu trabalho em pintura foi exposto publicamente pela primeira vez, em 1959, na Galeria Divulgação, no Porto, em conjunto com Almada Negreiros. No ano de 1964, Ângelo de Sousa é um dos fundadores da Cooperativa Árvore, juntamente com os colegas Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues. No início da mesma década de 60, começou a produzir esculturas e, no final dessa mesma década (1967-1968), viveu dez meses em Londres, onde explorou nesse período o seu interesse pelo cinema experimental.

Ainda entre os anos de 1968 e 1972 integrou o grupo “Os Quatro Vintes”, com os colegas Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues assim nomeado por todos terem obtido a classificação máxima na licenciatura em Pintura na ESBA. Este grupo não propunha um programa comum, nem preocupações artísticas partilhadas, mas pretendiam antes assumir uma estratégia de divulgação e promoção pública organizada.

No seu percurso, Ângelo de Sousa não trabalhou uma metodologia única, e não foi sua preocupação a definição de um estilo mas antes a experimentação contínua de novas técnicas e processos. Trabalhou em cenografia e figuração, trabalhou em pintura, escultura, desenho, filme, fotografia e ilustrou livros de poetas e romancistas portugueses como Eugénio de Andrade ou Natália Correia.

Para além de outros prémios recebidos em grandes exposições internacionais, Ângelo de Sousa foi premiado na XIII Bienal de São Paulo, em 1975, e na Bienal de Veneza, de 1978.

Entretanto, em 1993, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves dedicou-lhe uma retrospetiva de pintura e desenho e, em 2003, o CAM da Fundação Calouste Gulbenkian apresentou trabalhos em desenho, na exposição intitulada Transcrições e Orquestrações: Desenhos de Ângelo de Sousa. Em 2010, Jorge Silva Melo realizou um filme que acompanhou Ângelo de Sousa no último período da sua vida, intitulado: Ângelo de Sousa – Tudo o que Sou Capaz.

Ângelo de Sousa faleceu na sua casa no Porto, no dia 29 de Março de 2011, aos 73 anos de idade.

Local da Exposição: Museu Municipal de Caminha.

Horário: terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e 14h00 às 18h00. Entrada grátis.

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