A população de águia-real (Aquila chrysaetos) encontra-se em ligeiro crescimento em Portugal, estando inclusive a ser reintroduzida na área do Parque Nacional Peneda-Gerês. Esta é uma das mais impressionantes aves de rapina do nosso país, qeuer pela sua dimensão, que facilmente ultrapassa os 2 metros de envergadura e pode chegar aos 7 kg de peso, quer pela mitologia que se lhe encontra associda.
Caçadora de excelência, embora se encontre espalhada um pouco por todo o mundo, encontra-se ameaçada em Portugal, apesar do seu ligeiro aumento, e com o estatuto de ‘Em Perigo’ segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. A distribuição nacional e regional da espécie é bem conhecida, quer através dos Atlas Nacionais, quer através do único censo nacional da espécie.
Para a temporada de nidificação de 2020, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) estima a existência de 65 casais confirmados e 6 casais possíveis de águia-real em Portugal, sendo nos distritos de Bragança e da Guarda que se encontra a grande maioria da população com 44 a 50 casais.
Mais abundante na região Norte e sem relevantes fatores de ameaça
A orografia da região Norte, caracterizada por um vasto conjunto de zonas escarpadas rochosas, sejam maciços montanhosos, sejam vales alcantilados, que formam biótopos rupícolas de grande valor para a fauna e flora, faz com que a população existente nessa região corresponda à população mais numerosa do país (cerca de 72% da totalidade nacional de casais).
Na região Norte, o Parque Nacional da Peneda-Gerês, os Parques Naturais do Douro Internacional, de Montesinho e do Alvão, as correspondentes Zonas de Proteção Especial (ZPE) e adicionalmente as ZPE dos Rios Sabor e Maçãs e do Vale do Côa, abarcam a quase totalidade das populações nidificantes de aves rupícolas. O Douro Internacional corresponde a uma das populações com maior densidade em termos Ibéricos e mesmo a nível Europeu.
Desde 2014 a população desta espécie apresentou um ligeiro crescimento – cerca de 5%. A ‘subpopulação’ do Noroeste, isto é, da região do Parque Nacional da Peneda-Gerês, conta com 1 a 2 casais que estão a ser monitorizados no sentido da reintrodução da espécie na região, após ter desaparecido o último casal que ali nidificava há cerca de uma dúzia de anos. Na zona entre Bragança e Guarda a população encontra-se estável e provavelmente em aumento continuado. A eventual confirmação de 5 casais possíveis poderia aumentar a certeza dessa previsão de aumento, mais a mais porque se enquadra na tendência generalizada da população espanhola.
As observações de exemplares da espécie fora das áreas tradicionais de nidificação têm vindo a aumentar. Através dos estudos de seguimento via satélite de juvenis observa-se repetidamente a utilização de áreas como o vale do Douro Vinhateiro, a bacia do Tua, a alta bacia do Côa, que poderão assim vir a ser colonizadas por esta espécie, o que é uma excelente notícia para a conservação desta espécie em Portugal.
Desde 1994, verificou-se um número superior a 20 casos de morte, que tiveram como causas principais a eletrocussão em linhas elétricas aéreas, o uso de veneno e o abate a tiro.
No cômputo geral considera-se que, presentemente, a população da espécie na região Norte se encontra em situação estável e não enfrenta importantes fatores de ameaça.
Razões geográficas e históricas favorecem fixação na região Centro fronteiriça
Na região Centro o INCF confirma que 10 casais que nidificam nas zonas próximas da fronteira com o Reino de Espanha, desde Vila Velha de Rodão, ao sul, até Almeida, ao norte.
Aqui a águia-real é nidificante nas zonas fronteiriças, num território que inclui diversas Áreas Classificadas, e estima-se a existência de 10 casais nidificantes, sete dos quais localizados no Parque Natural do Tejo Internacional e territórios limítrofes e com reprodução confirmada em 2020.
O tipo e a intensidade da presença da espécie nos territórios fronteiriços devem-se a razões históricas, à disponibilidade de locais adequados à nidificação, proporcionados por áreas escarpadas que reduzem a presença de atividades humanas, e pela disponibilidade de habitat de alimentação favorável, nomeadamente a gestão e exploração de recursos cinegéticos, a sul, e a
atividade pecuária de bovinos e ovinos em regime extensivo, a norte.
Matos e floresta aberta favorecem alimentação da águia-real no Alentejo
Na região do Alentejo, embora no ano de 2020 tenham ocorrido vários constrangimentos durante o período reprodutor, registam-se no território 10 casais de águia-real, que ocupam uma área de aproximadamente 5.600 Km2. As áreas de matos e floresta aberta constituem zonas de maior apetência para a espécie, porquanto as presas favoritas destaes predadores são os lagomorfos – coelhos e lebres -, seguidos de aves de média dimensão.
Em termos de ocorrência desta espécie no Alentejo, destaca-se a elevada importância representada pelas Áreas Classificadas.
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