‘Julieta dos Espíritos’, diálogo visualmente arrebatador de Fellini com a sua intérprete de excelência

 

 

“Suspeitando da infidelidade do marido, Julieta (Giulietta Masina) entra numa jornada surreal de autodescoberta, repleta de sonhos selvagens e fantasias encantatórias que envolvem Suzy, a sua vizinha sexualmente emancipada, e seu estilo de vida glamouroso dos anos 1960”. Julieta dos Espíritos de Federico Fellini será exibido na Casa das Artes de Famalicão no próximo dia 14 de janeiro, pelas 19h00, pelo Cineclube de Joane, e no TVCine – canal Edition – nos dias 15, 17, 27 e 29, respetivamente às 17h35, 5h55, 9h50 e 3h45.

Centésimo aniversário do nascimento do realizador, motivo de revisão da sua cinematografia

Federico Fellini (1920-1993), o mestre italiano do cinema, realizador também de La Strada, RomaE La Nave Va e La Dolce Vita tem sido novamente um nome forte na atualidade cinematográfica portuguesa fruto de uma revisão da sua filmografia integral no centésimo aniversário do seu nascimento.

Filme visualmente arrebatador

Oito anos depois de As Noites de Cabíria, Fellini volta a dirigir a mulher naquela que é a sua primeira longa-metragem a cores. E é justamente o magistral uso do Technicolor, pelo diretor de fotografia Gianni di Venanzo, que se revela um dos grandes triunfos do filme, ao intensificar, pela carga visual, as frustrações sexuais de uma mulher de meia-idade da alta burguesia italiana. Julieta dos EspíritosGiulietta Degli Spiriti no original – é o reverso feminino do ‘eu’ masculino de Fellini Oito e Meio que ‘continua  no mergulho na fantasia e no onirismo‘.

Para sempre de um só homem?

‘Julieta Boldrini é da classe média alta italiana e vive numa casa de bonecas, cercada de empregados e com todo luxo possível’, assim apresenta a protagonista o crítico Ritter Fan em Plano Crítico. Dona de casa, vive permanentemente à disposição do marido, querendo sempre agradá-lo. A dado passo, confessa mesmo à vizinha Suzy que Giorgio não foi apenas o seu primeiro homem, como também sente que nasceu para ficar com ele o resto da vida.

“Mas o que acontece quando desconfia que Giorgio a trai? É envolta nessa dúvida – que depois se transforma em certeza – que Julieta começa uma jornada de autoconhecimento que a levará à emancipação, à independência e, provavelmente (é uma possibilidade interpretativa), à solidão”, arescenta-se.

“Vemos Julieta “sem vê-la” (…) numa saborosa sequência inicial em que Fellini trabalha as câmeras de forma que não vejamos o rosto da atriz”. Trata-se de “um jogo de cortes e de espelhos sensacional que consegue prender o espectador à tela enquanto a personagem troca de roupa e de peruca, esperando o marido para comemorar o aniversário de casamento dos dois que, claro, ele esquecera”. Quando finalmente descortinamos o seu rosto, somos surpreendidos com “um misto de surpresa e tristeza”, mas também de “conformidade” com que a protagonista conviverá quase até ao final do filme.

Diálogo cinematográfico entre autor e intérprete

“Produzido em 1965, depois de Oito e Meio, mas antes de Satyricon, Julieta dos Espíritos é uma carta confessional dirigida pelo cineasta a sua mulher, Giulietta Masina (1921-1994). Fellini já a dirigira várias vezes, incluindo no emblemático As Noites de Cabíria, consagrado com o Oscar de melhor filme estrangeiro referente a 1957. No caso de Julieta dos Espíritos, o facto de a personagem central ‘repetir’ o nome da atriz está longe de ser acidental — este é um diálogo cinematográfico entre o autor e a sua intérprete”, destaca João Lopes na SIC Notícias.

“Julieta/Giulietta vive, assim, uma experiência, de uma só vez intimista e exuberante, que Fellini encena como um imenso e delirante espetáculo de circo. O resultado é uma viagem em que tudo se cruza e contamina, das pequenas anedotas da existência humana até aos mais secretos desejos e fantasmas”.

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Obs: artigo editado em 16012020, com inclusão de informação sobre exibição de Julieta dos Espíritos no TVCine Edition.

Imagens: DR

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