Artes Plásticas | ‘Louise Bourgeois: deslaçar um tormento’ em Serralves

 

 

Serralves apresenta ‘Louise Bourgeois: deslaçar um tormento‘. Esta grande exposição organizada pela Fundação de Serralves dedicada ao trabalho de Louise Bourgeois (Paris, 1911- Nova Iorque, 2010) cobre um arco temporal de sete décadas, revelando obras realizadas pela artista realizadas entre o final dos anos 1940 e 2010, e decorre entre 4 de dezembro e 21 de junho de 2021.

Confrontar os espectadores com as suas emoções

Visitada e revisitada em inúmeras exposições realizadas durantes as últimas décadas, em diversos espaços museológicos do mundo inteiro, a vasta e singular obra de Louise Bourgeois lida com temas indelevelmente associados a vivências e acontecimentos traumáticos da sua infância – a família, a sexualidade, o corpo, a morte e o inconsciente – que a artista, considerada uma das mais relevantes do século XX, tratou e exorcizou através da sua prática artística.

Em esculturas, têxteis, livros, desenhos e instalações arquitetónicas, Louise Bourgeois deu expressão à tensão entre forças opostas – masculino/feminino, passivo/ativo, arquitetura/corpo, amor/ódio – através de equivalentes formais e simbólicos. Embora as raízes do seu trabalho possam ser encontradas num universo profundamente pessoal e introspetivo, exprime nos seus trabalhos emoções universais e a vulnerabilidade das vidas quotidianas. A artista fez psicanálise durante vários anos e o conhecimento de si mesma e o discernimento que isso lhe trouxe refletem-se na sua arte. Expôs conscientemente os seus próprios traumas e emoções na sua obra, agregando narrativa pessoal e lucidez psicológica a uma extraordinária inovação artística.

Sentimentos de insucesso, receios, inveja, opressão ou rejeição e o impacto das nossas relações e interações com outros encontram nas suas obras uma forma física. Através delas, a artista convida o observador a confrontar-se com as suas emoções.

Maman, metáfora da reparação e da criação

Esta visita ao universo de Louise Bourgeois reúne em Serralves 32 obras, que se estendem pelo Museu e pelo Parque de Serralves. No exterior, encimando o Parterre Central do Parque de Serralves, impõe-se talvez a mais emblemática das suas famosas Aranhas – Maman [Mamã], 1999, uma das mais representativas da sua obra. Com oito esguias e gigantescas patas, Maman marca o seu território. No abdómen, esta aranha de aço e bronze carrega uma bolsa de ovos de mármore. Louise criou Maman como uma ode à sua mãe, tecelã de tapeçarias, sendo uma metáfora de reparação: tece a sua teia e repara-a quando danificada. Tal como a aranha protege os seus ovos, uma mãe tem de proteger os seus filhos. Ao mesmo tempo, também via a aranha como um autorretrato: constrói a sua própria arquitetura a partir do seu corpo, tal como ela criava esculturas a partir do seu interior psicológico.

‘Quadros de confrontação’

Nas salas do museu, várias são as obras que levam o visitante a emergir no universo de Louise Bourgeois. Uma obra que abordou vários temas de diferentes perspetivas, ao longo do tempo, em diferentes materiais. E não se furtou a fazer confluir contradições. Por outras palavras, Bourgeois cultivava um jogo dinâmico entre facto e ficção — não é uma coincidência que a escrita tenha um lugar relevante no seu trabalho.

“O aspeto das minhas figuras é abstrato e poderão não parecer de todo figuras ao espectador. Elas são a expressão, em termos abstratos, de emoções e de estados de consciência. Os pintores do século XVII faziam “quadros de conversação”; as minhas esculturas poderiam ser chamadas “quadros de confrontação”. Louise Bourgeois

Curadoria e organização

A exposição conta com a curadoria de Emily Wei Rales, diretora e cofundadora do Glenstone Museum e a organização de Philippe Vergne, diretor do Museu, com Paula Fernandes, na qualidade de curadora.

 

Imagens: (0) Filipe Braga, (1) Ricardo Raminhos

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