Referência em Portugal pelas suas caraterísticas e dimensão e um festivais dos mais antigos e reputados do género na Europa, o festival Encontros da Imagem – Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais decorre, em XXX edição, entre 11 de setembro a 31 de outubro. 36 exposições de 68 artistas em 23 espaços de Braga, Barcelos e Guimarães, mas também Porto e Vila Nova de Gaia. Repensado face à pandemia, o programa escolheu Genesis – um conjunto de 14 projetos fotográficos que venceram o Prémio Descoberta 2020 (Discovery Awards 2020) – como tema unificador da edição deste ano.
A apresentação foi efetuada esta quarta-feira, no salão nobre da Reitoria da Universidade do Minho, no centro de Braga. A sessão contou com o diretor dos Encontros, Carlos Fontes, o reitor Rui Vieira de Castro, a vice-reitora Manuela Martins e a vereadora da Cultura de Braga, Lídia Dias. Exprimindo ‘criação e destruição’, o mote das diversas intervenções, Genesis alia projeções, workshops, ciclo de cinema, visitas guiadas, catálogo, prémios de fotografia, edições de livros e ainda atividades online, como leituras de portefólios, oficinas ou debates.
O Prémio Emergentes 2020 — Prémio Internacional de Fotografia Encontros da Imagem e o Livro de autor (PhotoBook Award 2020) encontram-se também em competição.
A Universidade do Minho reforça a sua aposta na cultura e é um eixo do festival, acolhendo 14 exposições, todas com entrada gratuita. Em Braga, a Galeria do Paço é palco de nove dessas exibições. O que se pode ver aí? O artista finlandês Touko Hujanen revela a primeira escola autossuficiente do mundo, o alemão Robin Hinsch percorre comunidades que extraem petróleo, gás ou carvão e a húngara Kata Geibl foca o individualismo feroz. Da Itália, Annamaria Belloni trata a tensão ser humano vs. natureza, o duo Mattia Micheli & Nicolò Panzeri aborda a mercantilização dos Alpes e Florence Cuschieri visita locais nórdicos em que se perdeu o sentimento de pertença. Sobre a realidade da América do Sul, Marianne e Katarzyna Wasowska evocam a migração de polacos conterrâneos para aquele território, a francesa Elsa Leydier explora o exotismo natural apropriado pelo poder e o canadiano Aaeron Elkaim alude à erosão da Amazónia e dos povos nativos.
Já no Museu Nogueira da Silva, uma unidade cultural da UMinho, a instalação fotográfica da brasileira Nina Franco retrata a violência persistente contra mulheres, enquanto a série do colombiano Felipe Beltran questiona a ação policial face a pessoas sem documentos. Ainda em Braga, mas no campus de Gualtar, o norte-americano James Reeder leva à Escola de Medicina gestos das mãos (re)fotografados de livros e alheios à era digital e no B-Lounge da Biblioteca Geral, o francês Luc Choquer traça a memória de Braga no ano 2000. Em Guimarães, Stanislas Guigui traz ao B-Lounge da Biblioteca da UMinho a degradação humana na guerra civil em Bogotá.
Edição 2020 com algumas alterações
Na apresentação do programa, Carlos Fontes, o diretor do Festival relembrou que a direção se viu na obrigação de “procurar e criar um plano B e C com vista a cumprir e salvaguardar o distanciamento social”, revelou Ana Rita Teles, no Público. Iniciativas como a leitura crítica de portefólios e as conferências e debates presenciais passam, por essa razão, a ser realizadas através de videoconferência.
Tendo em linha de conta “o momento difícil que os artistas estão a passar”, a organização decidiu também dividir o prémio de 5.000,00 euros pelos três melhores projetos e não atribuir o valor apenas ao primeiro melhor. Assim, o primeiro vencedor vai receber 2.000,00 euros, sendo a restante verba distribuída pelos segndo e terceiro classificados.
A abertura oficial dos “Encontros da Imagem” acontece esta sexta-feira, em dois momentos distintos: às 15h00, no Forum Arte Braga, e às 16h30, no Museu Nogueira da Silva. Nesta cidade, o festival passa ainda pelo Mosteiro de Tibães, pela Casa dos Crivos, pelo Museu dos Biscainhos, pelo Theatro Circo, pelo gnration, pelo Edifício do Castelo e pela Galeria EI. Há igualmente obras patentes no Salão Gótico em Barcelos, na Casa da Antiga Câmara e no Museu Alberto Sampaio, ambos em Guimarães. No Porto, os trabalhos podem ser vistos no Mira Fórum, no Instituto de Produção Cultural e Imagem, na Cave Photography e nas galerias Salut Au Monde! e Adorna Corações.
Fontes: Encontros da Imagem, Público; Imagem: Encontros da Imagem