Cineclube | ‘Mosquito’ de João Nuno Monteiro confronta o espectador com as escolhas do presente

 

 

Mosquito vai buscar uma história do passado para nos confrontar com as escolhas do presente. Zacarias é um jovem português sedento por viver grandes aventuras heróicas durante a Primeira Guerra Mundial. Enviado para Moçambique, onde o conflito se desenrola longe dos olhares do mundo, o soldado vê-se deixado para trás pelo seu pelotão e parte numa longa odisseia mato adentro, à procura da guerra e dos seus sonhos de glória. Mosquito, o filme, abriu o Festival Internacional de Cinema de Roterdão, nos Países Baixos, e aí foi muito bem acolhido.

“O mais recente filme de João Nuno Pinto não tem qualquer tipo de paralelo na história do cinema português, habilitando-se a receber o rótulo de “Apocalypse Now” da nossa cinematografia. Mas mais importante ainda será o facto de que se trata também de um documento essencial para o processo de reinterpretação da “aventura” portuguesa em África, missão que nunca estará isenta de percalços e controvérsias”, referiu Fernado Vasquez, na Cinema Sétima Arte.

“Em 1917, com apenas 17 anos, o meu avô paterno desembarcou em Moçambique junto com a 4ª Companhia Expedicionária Portuguesa, para defender a ex-colónia portuguesa da ameaça alemã. Como tantos outros soldados europeus em África durante a Primeira Grande Guerra, teve de fazer centenas de quilómetros a pé, em marchas diárias, enfrentando as mais duras privações, doenças, fome e sede. A diferença é que ele fez isso tudo sozinho, à procura da guerra e dos seus sonhos de glória. Mosquito é inspirado na história da chegada do meu avô a África”, contextualiza o realizador João Nuno Pinto. “No entanto, o que se passou durante a sua longa e solitária caminhada pouco se sabe. É aqui que entra a ficção, a fabulação e o sentido que pretendo dar à narrativa”.

Mosquito vai buscar uma história do passado para nos confrontar com as escolhas do presente. Através da história do jovem soldado Zacarias, somos confrontados com o horror da guerra e a subjugação dos povos africanos pelos europeus através do domínio colonial (…) obrigando-nos a reflectir sobre um período muito maior que foi o nosso direito em subjugar e “civilizar” outros povos que, convenientemente, considerávamos inferiores”, prossegue o realizador.

“Não vamos crescer enquanto não aceitarmos que fizemos coisas horríveis: escravizámos milhões de pessoas, fomos mercadores de escravos, como é que não falamos disso? Este filme é um pouco uma forma de me redimir perante Moçambique por ser filho de colonizadores”, confidenciou João Nuno Pinto a Jorge Mourinha, no Público.

Mosquito, o recém-estreado e premiado filme de João Nuno Pinto, estreia no próximo dia 5 de março. Quase de imediato, a 9, poderá ser visto no Theatro Circo, em Braga. Com: João Nunes Monteiro, Sebastian Jehkul, Filipe Duarte, Josefina Massango.

Mosquito (2020) de João Nuno Pinto – trailer

Fontes: Leopardo Filmes, Theatro Circo, Cinema Sétima Arte, DN, Público; Imagens: LF

**

*

Se chegou até aqui é porque provavelmente aprecia o trabalho que estamos a desenvolver.

Vila Nova é cidadania e serviço público.

Diário digital generalista de âmbito regional, a Vila Nova é gratuita para os leitores e sempre será.

No entanto, a Vila Nova tem custos, entre os quais se podem referir, de forma não exclusiva, a manutenção e renovação de equipamento, despesas de representação, transportes e telecomunicações, alojamento de páginas na rede, taxas específicas da atividade.

Para lá disso, a Vila Nova pretende pretende produzir e distribuir cada vez mais e melhor informação, com independência e com a diversidade de opiniões própria de uma sociedade aberta.

Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu simbólico contributo sob a forma de donativo através de netbanking ou multibanco. Se é uma empresa ou instituição, o seu contributo pode também ter a forma de publicidade.

NiB: 0065 0922 00017890002 91

IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91

BIC/SWIFT: BESZ PT PL

*

Deixe um comentário