Braga, através de uma parceria entre o Município e um conjunto alargado de instituições e personalidades da cultura local, irá celebrar o seu artista André Soares ao longo dos próximos 12 meses, assinalando os 250 anos da morte (1769-2019) e os 300 anos do seu nascimento (1720-2020), com um programa alargado de atividades, sobretudo de índole cultural.
Por iniciativa do Município de Braga foi constituída uma comissão organizadora, onde foram reunidos representantes das principais instituições culturais bracarenses, além de um conjunto de convidados. Esta comissão é constituída por representantes do Município de Braga, do Agrupamento de Escolas André Soares, da Arquidiocese de Braga, da Basílica dos Congregados, da Biblioteca Pública de Braga, da Confraria do Bom Jesus do Monte, Direcção Regional de Cultura Norte, Misericórdia de Braga, Universidade Católica Portuguesa e Universidade do Minho. Na comissão têm ainda assento alguns elementos convidados, entre os quais se contam o historiador de arte Eduardo Pires de Oliveira, a musicóloga Elisa Lessa, o director da Revista Bracara Augusta, Luís Silva Pereira, além de Paulo Oliveira e Isabel Silva, directores do Mosteiro de Tibães e Museu dos Biscainhos respectivamente.
Após um trabalho conjunto desenvolvido nos últimos meses por esta comissão foi elaborado um programa de ações que tem como um dos objetivos mobilizar a comunidade, suas entidades e população, para esta grande celebração da memória e da identidade bracarense, envolvendo-a, o mais possível, na sua concretização.
O programa das comemorações iniciou-se formalmente na véspera do dia em que se assinalam os 250 anos da morte de André Soares (26 de Novembro), com um concerto comemorativo no Theatro Circo, a partir das 21h30, pelo ‘Com.Cordas Ensemble’, sob a direção artística de Miguel Simões, e termina oficialmente a 30 de Novembro de 2020, data em que se comemoram os 300 anos do seu nascimento.
Encontros científicos, publicações, exposições, serviço educativo, um monumento evocativo, concertos, teatro, entre outras iniciativas preenchem o programa que será tornado público na próxima segunda-feira, véspera da comemoração dos 250 anos do artista.
Recorde-se que André Ribeiro Soares da Silva é um dos nomes maiores da arte bracarense, tendo deixado um vasto legado na arquitetura e na talha. Considerado um “génio do rococó”, desenvolveu a sua arte de forma autodidacta e sob a protecção do Arcebispo D. José de Bragança. O historiador de arte Robert Smith haveria de retirá-lo do anonimato na década de 1970 e finalmente os bracarenses acordarem para a sua relevância.
O Arquivo Distrital de Braga recebe na terça-feira, 26 de novembro, às 18h00, a primeira conferência das comemorações dos 250 anos da morte e dos 300 anos do nascimento do arquiteto André Soares, o expoente do rococó e tardo-barroco português. A sessão, intitulada “André Soares, um arquiteto de Braga, do Minho e de Portugal. 1720-1769“, vai ser dinamizada pelo historiador de arte Eduardo Pires de Oliveira.
As comemorações preveem uma série de momentos em várias localidades do país até final de 2020, como visitas guiadas, livros, exposições e conferências. Por exemplo, o livro “18 olhares sobre André Soares” vai ser lançado no dia e local de batismo daquele artista: a 3 de dezembro, na Igreja de S. João do Souto, em Braga. A sua apresentação está prevista às 18h00, pelos investigadores Henrique Barreto Nunes e Teresa Andresen. A obra de 500 páginas conta com autores das universidades do Minho, Católica, Porto, Lisboa, Nova de Lisboa, Minas Gerais, Diamantina e Alcalá de Henares, entre outros.
O objetivo das comemorações é levar a um melhor conhecimento do trabalho de André Soares junto do público em geral e promover a sua visibilidade mundial, afirmando o turismo cultural e a arte portuguesa no mundo. Apesar de a sua obra se encontrar espalhada um pouco por todo o Norte de Portugal, “este é um dos artistas mais injustamente ignorados na arte rococó europeia; a sua obra teve seguidores até na Espanha e no Brasil”, refere Pires de Oliveira.
André Soares produziu dezenas de obras de arquitetura, talha, ferro, desenho e cartografia, destacando-se pela criatividade e ousadia. O seu primeiro grande projeto foi o novo Paço Arquiepiscopal de Braga, a pedido de D. José de Bragança. Seguiram-se naquela cidade mais 21 obras, como no Mosteiro de Tibães, no Palácio do Raio, na Capela de Sta. Maria Madalena da Falperra, na Igreja e Convento dos Congregados e no Bom Jesus. O seu talento estende-se pelo Norte do país, como a talha da Capela da Sra. d’Agonia (Viana do Castelo), do Palácio de Mateus (Vila Real), na Sé de Lamego, além de obras em Guimarães, Vila Verde, Esposende, Ponte de Lima, Amares, Arcos de Valdevez, Penafiel e Vila Nova de Gaia.
Eduardo Pires de Oliveira nasceu há 68 anos em Braga e tem cerca de 250 livros e artigos científicos sobre temas de História de Arte e Património. Esteve nas origens da UMinho, integrado na Unidade de Arqueologia, passando em 1994 para a Biblioteca Pública de Braga. Em 2012 tornou-se o primeiro a entrar num doutoramento em História da Arte em Portugal por um currículo considerado relevante, ou seja, sem necessidade de uma licenciatura prévia; defendeu uma tese sobre André Soares. O investigador do ARTIS/Universidade de Lisboa é membro da Associação Portuguesa de Historiadores de Arte, da Associação dos Arqueólogos Portugueses e o único bracarense na Academia Nacional de Belas-Artes, que em 1994 lhe deu o Prémio José de Figueiredo. Colaborou em escavações arqueológicas nas ruínas de Bracara Augusta e em Conimbriga, cofundou a associação ASPA, pertenceu ao Centro de Estudos Lusíadas da UMinho, foi bolseiro cinco vezes da Fundação Calouste Gulbenkian, trabalhou com figuras diversas como Eduardo Souto Moura e Jorge de Alarcão, deu aulas e tem sido palestrante em vários países.
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Imagens: (0) Noelia Gonzalez Suarez, 1, 2) M BRG
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