Legislativas | Luís Cirilo: Há quatro áreas prioritárias de intervenção: mobilidade, juventude, idosos e ambiente

 

 

Pedro Maia Martins: Como se apresenta aos nossos leitores?

Luís Cirilo: Sou natural de Guimarães. Tenho 59 anos de idade e 40 de vida política. Profissionalmente, já fiz várias coisas: já fui bancário, profissão à qual regressei quando deixei de ser deputado, fui mediador de seguros, trabalhei na empresa de comércio de materiais de construção e decoração do meu pai, entre outros.  A nível político, fui dirigente concelhio, distrital e nacional. Em termos de funções de estado, fui governador civil do distrito de Braga e deputado na Assembleia da República (AR). Também fui dirigente desportivo do Vitória de Guimarães durante vários mandatos, do qual sou um adepto ferrenho.

PMM: Como entrou na política?

LC: Eu tinha ainda 15 anos quando me filiei na Juventude Social-Democrata (JSD), a 21 de janeiro de 1975, seis dias antes do primeiro comício do Partido Social-Democrata em Guimarães, no Teatro Jordão. Contávamos com a presença do Dr. Francisco Sá Carneiro, do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, da arquiteta Helena Roseta e com o Dr. Emídio Guerreiro, que mais tarde viria a ser líder do partido. Eu tinha um grupo de amigos do liceu que entrou para a JSD e também fui. Eu fui atraído para a política pelo carisma do Dr. Sá Carneiro. Tive o prazer de o ouvir em vários comícios e até, uma vez aquando do jantar anterior a esse comício em Guimarães, de o cumprimentar. Mas ficou para a vida. Nesse tempo a JSD fazia a segurança dos comícios. Coitados de nós! (risos)

Eu fiz um longo percurso político no PSD, mas entrei num processo de desilusão com o partido em 2008, aquando das eleições internas. Encontrei uma organização que já não era aquela que eu tinha conhecido noutros tempos, já não era o meu PPD, o partido do Dr. Sá Carneiro ou do Professor Cavaco Silva, nem sequer do Dr. Passos Coelho. Agora é uma mera federação de interesses, sem prejuízo de ter muitos militantes e dirigentes com valor. Está muito enfeudado, funcionalizado, composto por distritais presididas por deputados que devem obediência a quem está no topo, porque senão… O PSD que eu conheci e com o qual trabalhei era um partido cujas distritais tinham bastante autonomia. Elas tinham peso e opinião, com coragem para afrontar a Direção Nacional quando fosse necessário. Perdemos tudo isso. Basta ver a forma como as listas de deputados foram feitas há quatro anos, basta ver os critérios utilizados. Se me perguntar se teria saído do partido se não tivesse aparecido a Aliança, eu respondo-lhe: talvez. Preferiria estar afastado. O meu PSD já não existe. Quando vejo tudo o que o Dr. Rui Rio fez enquanto líder, não fico minimamente arrependido da minha saída.

Após a minha saída, o Dr. Santana Lopes convidou-me para aderir à Aliança, como diretor-executivo, o equivalente ao secretário-geral no PSD. Eu achei o desafio interessante, que me possibilitaria pôr em prática tudo o que aprendi em mais de 30 anos de vida política. Aceitei, cá estou e a Aliança está cá, com esperança por um bom resultado nas eleições.

PMM: Relativamente ao distrito de Braga, quais são as áreas de atuação mais importantes?

LC: Há quatro áreas fundamentais: a mobilidade, a juventude, os idosos e o ambiente.

É necessário apostar nos transportes públicos. Nós necessitamos de investir na linha férrea. Até os Estados Unidos continuam a investir na ferrovia. Em Portugal, fecha-se. Isso não pode continuar. Nós falamos com a maioria dos presidentes de Câmara do distrito e todos acham fundamental ligar as quatro grandes cidades do distrito através de um Metro de superfície. Há mais de 100 anos que se fala da ligar Guimarães a Braga. Mas também é importante ligar Guimarães a Famalicão e Barcelos a Braga. Portugal tem de voltar a apostar fortemente na via férrea, quer por questões económicas quer por questões ambientais. É meio de transporte menos poluente de todos.

Outra questão fundamental é a falta de alojamento para os estudantes da Universidade do Minho (UM). Ainda ontem nós falamos com o reitor e concordamos que há uma grande carência de poucas residências universitárias. Quando estivermos a debater na AR, teremos uma oportunidade de intervir nessa matéria. Só a UM tem 20 mil alunos. Eles não podem ser deixados sem teto.

Outra questão que nos preocupa é o desemprego jovem. Nós defendemos a desoneração fiscal do primeiro salário dos jovens e benefícios fiscais para as empresas que fomentem o trabalho jovem.

Simultaneamente, temos uma forte preocupação com os mais velhos: há cada vez mais idosos e uma carência cada vez maior de lares. Entendemos que é preciso tomar medidas nessa matéria. Uma das nossas propostas, quer a nível nacional quer a distrital, é o aumento das pensões. Na sua maior parte, as reformas são miseráveis. Não é justo alguém que trabalhou toda a viva ter um fim de vida cheio de dificuldades. Os reformados nem devem pagar os transportes públicos. Isso serviria uma duplo propósito, pois ajudaria a fomentar o uso dos transportes públicos e fomentaria a sua vinda aos centros urbanos. Isso levá-los-ia a saírem de casa, levar os netos à escola, ao mesmo tempo que retiraria automóveis das estradas.

Obviamente, o ambiente é outra das nossas preocupações. Queremos uma aposta forte nas energias renováveis, que representam o futuro. Acompanhamos as preocupações das câmaras municipais do distrito nas suas preocupações quanto à exploração do lítio. Na semana passada, fizemos uma ação conjunta com os candidatos de Vila Real e Viana do Castelo: visitamos uma futura exploração de lítio, tivemos um debate com professores universitários e especialistas na matéria e reunimo-nos diversas associações. Nós estamos tão preocupado com essa situação quanto eles. Entendemos que não há condições para a exploração do lítio no distrito de Braga face àquilo que se sabe atualmente. É preciso estudar mais e aprofundar o tipo de exploração que querem fazer. Bastou vermos a futura exploração de lítio em Montalegre. Um buraco com 850 metros de diâmetro e 350 metros de profundidade é uma agressão brutal à natureza. Não há condições para tal. Nós tomaremos posição contra isso nos fóruns próprios.

Também temos preocupações nas áreas da saúde. Nós defendemos seguros de saúde para todos, dedutíveis em matéria fiscal. Nós não queremos acabar com o público, mas também não queremos acabar com o privado, ao contrário de alguns partidos (risos). Não faz sentido um utente ir ao hospital público e se este tiver condições para o atender, ele não poder usar o seu seguro de saúde para ser atendido no hospital privado. Deve poder fazê-lo. Há hospitais públicos com listas de espera de quatro e cinco anos. Como é possível um doente estar anos à espera? Não pode! Por isso nós defendemos a universalização dos seguros de saúde. É um bem primário. É a principal preocupação dos cidadãos.

Relativamente à regionalização, nós somos a favor. Em 1998 votei contra, como muitas outras pessoas. Mas passados 20 anos, a experiência que tive como deputado e governador-civil mostrou-me que a regionalização é necessária e urgente. Há 20 anos caímos na asneira de começar pelo mapa, mas essa é uma questão secundária. É imperioso tirar poder a Lisboa. Quatro quartos dos fundos comunitários que vêm para este país vão para a Área Metropolitana de Lisboa. Isso é inaceitável! O país não é Lisboa! Enquanto não houve uma regionalização a sério, não vale a pena. Mas já sabemos que essa luta não será fácil. Se há assunto no qual todos os estados-maiores partidários estão de acordo é em manter o poder em Lisboa.

A nível nacional, há muita coisa que é preciso fazer e a Aliança estará certamente na génese dessas mudanças. O sistema político está completamente caduco na sua formulação atual. Nós defendemos uma mudança acentuada na legislação eleitoral. Enquanto o sistema eleitoral for este, defenderemos a limitação dos mandatos dos deputados. Se evoluir para os círculos uninominais, como nós desejamos, não serão necessários limites. Eu já defendia os círculos uninominais quando estava no PSD, sem sucesso nenhum. Uninominalmente, um deputado pode estar 40 anos na AR. Se está lá, é porque a população sabe quem, o que faz e vota nele. No atual sistema, há deputados eleitos há 20 anos que ninguém das suas terras conhece. Se passarem na rua por eles, ninguém sabe quem são. Depois há os paraquedistas, algo ainda pior.

PMM: Quais são as mais-valias que poderá trazer se for eleito?

LC: Em primeiro lugar, conheço muito bem os 14 concelhos do distrito, não preciso de GPS para deslocar de uns para outros (risos).

Em segundo lugar, ao contrário de outros deputados, eu nunca fui alguém preso na bolha parlamentar. Eu sei que quem está confinado a essa bolha perde o contacto com a realidade do dia-a-dia.  Quando fui eleito deputado, há 20 anos, encontrei na AR deputados do PSD e do Partido Socialista que já lá estavam, e ainda lá estão. Passaram 20 anos e lá continuaram. Eu pergunto-me que conhecimento da vida real fora do parlamento têm eles. Voltando agora para a AR, levarei a experiência acrescida de já ter sido deputado e de ter voltado à vida profissional.

Em terceiro lugar, experiência, tanto de vida como política.

PMM: Que poderemos esperar dos seus companheiros?

LC: Deixe-me lembrar-lhe que a Aliança é um partido verdadeiramente nacional. Uma coisa é um partido que concorre às eleições em 18 distritos, duas regiões autónomas e nos círculos da Europa e Fora da Europa. É outra é ser um verdadeiro partido nesses círculos. Nós temos campanha em todos os distritos, todos os dias e em simultâneo, somos um partido no terreno. Felizmente nós não temos paraquedistas. Um dos critérios que adotamos desde o início é a ligação efetiva dos candidatos ao seu círculo eleitoral: ou vivem lá ou são de lá. Na lista que eu encabeço, todos os candidatos têm uma ligação efetiva ao distrito.

Nós procuramos contemplar todos os concelhos do distrito. Há apenas três que não têm ninguém na lista, por força da circunstâncias: Vizela, Póvoa do Lanhoso e Vieira do Minho.

Temos um conjunto muito interessante de pessoas. A nossa média de idades é de 40 anos, são pessoas com experiência profissional e de vida, o que eu acho razoável para uma candidatura à AR.

Outra característica que nos distingue é o género: a lista da Aliança por Braga é a única na qual há mais mulheres do que homens. Acho que não há mais nenhuma lista com 13 mulheres e 11 homens em mais lado nenhum do país. Elas não foram convidadas por serem mulheres, mas por preencherem os requisitos para ocupar um lugar na lista. É o caso da número dois, a arquiteta Angélica Pinheiro, de Famalicão. Ou da número três, a Drª Marta Ribeiro de Guimarães. Ou da número cinco, a Cristina Lemos Ferreira, de Esposende, que é técnica superior da Câmara, com uma grande ligação ao movimento associativo e às IPSS. Não se pense que só temos profissionais da elite. O representante de Celorico de Basto é o Guilherme Marinho, um operário da construção civil. Nós temos uma mescla de idades e experiências profissionais.

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