Fiel a si mesma, Clara Haddad é um mundo de histórias

 

“Meus amores e amoras,

É com meu coração cheio de emoção que anuncio que no dia 8 de Dezembro, às 18h00, no Ateneu Comercial do Porto, eu vou lançar meu novo livro: ‘A Narradora de Histórias e outros contos de encantar’ com belíssimas ilustrações da Anabela Dias”, assim começa o press release de divulgação do novo lançamento editorial de Clara Haddad, prefaciado por Marco Haurélio, amigo pessoal da autora e escritor, professor e investigador da literatura de cordel e do folclore brasileiro“.

Clara Haddad soa doce e delicada nesta introdução. É sincera e verdadeira no seu jeito de feminino de mulher-menina. Este é apenas o seu jeito simples de ser a dar expressão ao que lhe vai em mente e à sua forma de estar.

‘A Narradora de Histórias e outros contos de encantar’ é lançado ao público. A escolha da data é simbólica. Clara escolheu-a em homenagem da sua avó que, se estivesse viva, comemoraria mais um aniversário. Assim,  trata-se de “uma homenagem para esta grande mulher que foi minha avó e que me ensinou tanto! E, para todos os narradores e narradoras que encantam e espalham magia através de suas palavras e histórias”.

Clara vive momentos de “gratidão”. Sente que esta “é a palavra!” Gratidão pela vida, mas também aos amigos e familiares por tudo o que aquela e estes lhe têm proporcionado.

Prossegue: “Estou extremamente feliz por dar vida a esta obra através da Fábrica das Histórias”. ‘A Narradora de Histórias e outros contos de encantar’ é um livro em que Clara Haddad reconta oito histórias da tradição oral, cada qual com origem em diferentes pontos do Planeta, escolhidas com muito carinho e que de alguma maneira “refazem” a sua trajetória pessoal.

Pedro Costa: Quem é a Clara Haddad afinal? A Clara parece ter – tem – um jeito muito solto e divertido
de estar ou, pelo menos, muito feliz. É sempre assim? As maleitas do mundo não a perturbam?

Clara Haddad: A Clara Haddad é um mundo de histórias. Nem eu sei me definir, sempre descubro muitas coisas em mim, aprendo com a vida e no meu dia-a-dia, busco melhorar e evoluir sempre!

Sobre as maleitas do mundo, claro que me perturbam! Sou humana e fico triste também, choro, me desiludo… Mas a capacidade que tenho de acreditar na vida, de me reconstruir, a minha fé e minha determinação de buscar sempre o melhor e não abaixar a cabeça perante as dificuldades é o que me faz sorrir sempre, ser solta e divertida, mesmo em situações difíceis. Procuro ser leve e ter um olhar amoroso para tudo o que acontece. Aprendi a ser grata -com tudo o que tenho- e essa gratidão me traz felicidade e sei que enfrentar as adversidades nos torna mais fortes. As maleitas do mundo e as pessoas nós não podemos mudar. Cada um faz as suas escolhas. O que podemos mudar é nossa forma de ver e sentir. E já diz o ditado: Sorrir é o melhor remédio. Acredito nisso!

Pedro Costa: A Clara vai lançar ‘A Narradora de Histórias e outros contos de encantar’. Como encaixa este livro na sua carreira de escritora? Que contos são estes?

Clara Haddad: É um livro importante na minha carreira porque marca uma nova fase da minha vida. Foi difícil escolher somente oito histórias para recontar porque foram muitas as narrativas que me marcaram ao longo dos mais de 20 anos de carreira como narradora. No livro, os leitores vão encontrar histórias do Líbano, do Brasil, de Portugal, da Índia, da França, do México, da Espanha e da tradição judaica. E eu inicio com uma narrativa que ouvia na infância, narrada pela minha avó libanesa, e que tem grande significado para mim. E finalizo com uma história que penso ser uma mensagem para todos, porque nos diz sobre a importância de ser fiel a si mesmo, num mundo onde os valores andam invertidos.

Pedro Costa: Supomos que essas que ouviu quando era ainda a criança terão sido um dos motivos que a levaram  à escrita. Quando começou a escrever, Clara? Tem “jeito” para narrar histórias escritas desde que se conhece? Como se desenvolveu o processo?

E a narrar?

Clara Haddad: Eu sempre escrevi, entretanto, nunca mostrei a ninguém. Tinha vergonha. Porque minha escrita revela muito sobre o que sinto e como sinto. Sou muito emotiva e escrever sempre foi uma forma de escape, de deixar no papel minhas emoções e resolvê-las. Eu escrevia, guardava tudo numa caixa e metia dentro do armário. Só que um dia, me encontrei com a Lenice Gomes, que foi a grande impulsionadora da minha carreira de escritora. Ela me fez tirar as histórias da gaveta. Isso foi em 2006 em São Paulo. Em 2009, participei de um livro, organizado por ela e pelo Fabiano Moraes: «Histórias de quem conta histórias», e foi minha estreia na literatura. Nesta obra, eu escrevi uma história que eu ouvia da minha avó: “A Montanha encantada”. Em 2010, esse livro foi muito premiado no Brasil e também no exterior, sendo referenciado em Bolonha, na grande feira mundial do livro infantil.

A partir daí, resolvi estudar mais sobre o mercado do livro antes de me lançar sozinha. Foi um longo percurso porque gosto de fazer as coisas bem feitas, sou muito detalhista e cuidadosa em tudo o que faço, e por  isso quis me preparar antes, fazer as coisas com pés e cabeça. E no ano passado, dei um grande passo, avancei na publicação do livro «Poeira das Estrelas» através da minha Fábrica das Histórias. Foi uma das melhores coisas que fiz! Tenho tido imenso retorno e brevemente farei a 2º edição da obra aqui em Portugal. No Brasil, ele foi publicado pela Cortêz Editora. Muitas pessoas me escrevem falando como o livro as motiva. Isso me faz feliz! Quanto a narrar… eu narro desde muito pequenina. Sempre gostei de falar e fabular sobre tudo.

Gostava também de ler e lia tudo o que caía em minhas mãos. Minha avó foi minha grande inspiração. Era uma grande narradora de histórias. Demorei um tempo até perceber que essa seria a minha profissão. Segui por outros caminhos: desporto, teatro, tv e cinema, até que foi inevitável, me reencontrar e perceber que narrar seria aquilo que iria fazer por toda a vida.

Pedro Costa: E este processo de andar cá e lá, entre Brasil e Portugal? A Clara vive em Portugal há quanto tempo? Por que razão veio para Portugal?

Clara Haddad: Já estou em Portugal há 14 anos. Vim a trabalho, mas virou passeio. Eu me apaixonei pelo Porto nos dois dias que estive na cidade e decidi que viria morar aqui. Foi amor à primeira vista. Não pensava viver fora do Brasil, mas amor é amor, por isso passado um ano de ter conhecido a Invicta retornei e vim para ficar. Aqui é o meu lar.

Pedro Costa: De entre os seus livros, qual é aquele de que mais gosta, que mais aprecia?

Clara Haddad: Todos têm valor e importância, são como filhos. Não tem um livro que seja mais importante do que o outro.

Pedro Costa: A sua atividade de escritora encaixa-lhe que nem uma luva na de storyteller? A maior parte dos escritores apenas conta as suas próprias histórias…

Clara Haddad: Eu gosto de narrar e gosto de escrever, portanto, estou como um peixe dentro da água. É o meu mundo, definitivamente.

Pedro Costa: A Clara também realiza atividades para adultos quer na área do trabalho quer na do lazer. A sua agenda deve ser muito preenchida. Conciliar as mais diversas funções, até a de “celebrante de casamentos”, não deve ser fácil…

Clara Haddad: Não, não é! Exige muita organização e disciplina. E isso, eu tenho de sobra! Dinamizo formações no país inteiro e no exterior, sobre Storytelling e Mediação de leitura, através do meu projeto Escola de Narração Itinerante. Visito escolas, como escritora, apresentando meus livros, e também, como narradora, contando histórias tradicionais do mundo ou contos literários diversos para as mais variadas idades. Ser celebrante de casamentos começou por acaso, quando escrevi a história de amor de um casal de amigos e narrei no casamento deles. Foi um grande sucesso e comecei a fazer casamentos, onde a cerimónia é a narração da história do casal. É bem emocionante e especial, pois cada um tem a sua história! Eu, para fazer o trabalho preciso primeiro entrevistar as pessoas. Depois, com esse depoimento começo a trabalhar e a escrever o texto, que será a celebração. Dá bastante trabalho, pois precisamos manter a “alma do casal” no texto escrito e não perder os pormenores importantes. E no grande dia, faço a narração para o casal e seus convidados, respeitando o discurso que pretendem: mais formal ou informal. Geralmente, quem busca esse serviço não quer uma cerimónia tradicional. Também faço batizados. Depois da cerimónia religiosa que os pais escolhem conforme a sua crença, chega a minha vez, e narro a “saga” de preparação para receber o novo membro da família, a escolha do nome, a trajetória dos nove meses de espera, a ansiedade e todo o processo até o nascimento e a apresentação oficial da criança aos amigos e familiares, e é sempre lindo e enternecedor. Um momento único.

Pedro Costa: Retomando a literatura, Clara… Os seus livros falam de quê ou sobre quê?

Clara Haddad: Da vida, dos comportamentos humanos, de sonhos, de fé, de buscar sempre fazer mais e melhor e não ser apático na vida. Gosto de criar histórias que façam rir, que inquietam e que ao mesmo tempo fazem refletir. Inspiro-me em situações do dia-a-dia, na minha família, nas pessoas que eu amo ou que me despertam curiosidade.

Pedro Costa: E enquanto leitora, o que mais a fascina num livro? Quais são os seus favoritos?

Clara Haddad: Fico apanhada quando o livro tem romance, mistério e aventura. Gosto de vários estilos literários. Meu livro preferido de infância é: «A Fantástica Fábrica de Chocolates» do Roald Dahl, mas também adoro «O Gênio do Crime» do João Carlos Marinho, «O mistério do cinco estrelas» do Marco Rey, a coleção toda do Harry Potter da J.K. Rowling, «O senhor dos anéis» do Tolkien, o «Gato Malhado e a Andorinha Sinhá» do Jorge Amado, «O fio de Missangas» do Mia Couto, «O poder do mito» e o «O herói de mil faces» do Joseph Campbel, entre muitos outros.

Pedro Costa: Projetos para o futuro, Clara? Imagino que não lhe devem faltar…

Clara Haddad: Tenho sempre a minha cabeça e coração a fervilhar. Muitas ideias e sonhos para colocar em prática e seguir realizando. Sou sonhadora e inquieta, e essa inquietude me leva a estudar e a querer saber mais sobre tudo. Neste momento, estou dedicada à escrita de novos projetos, a estudar sobre edição de livros, mas também quero viajar para lugares que nunca fui antes, continuar a partilhar minhas histórias, conhecer outras… viver, e para isso é preciso seguir tendo saúde e energia, e o resto conseguimos.

Sinta-se à vontade para acrescentar algum ponto que possa ser pertinente esclarecer e não conste
neste questionário.

O lançamento de ‘A Narradora de Histórias e outros contos de encantar’, publicado pela Fábrica das Histórias, contará também com a presença musical do maestro da Orquestra Filarmónica Portuguesa, Osvaldo Ferreira e Carolina Frederico, ambos violinistas, Anabela Dias, a ilustradora “que deu vida ao livro com suas belas imagens”, e com todos os “amores e amoras” acompanham a autora.

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Ligações:

Clara Haddad . Storyteller* Escritora*Celebrante*Produtora Cultural e Atriz

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