‘Nem mais uma’ tem o intuito de recordar que todos os dias mulheres e raparigas são vítimas de violência e privadas aos seus direitos. Assim, a 24 de novembro, no Barhaus, no centro da cidade de Braga, pelas 15h30, um dia antes do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, que acontece a 25 de novembro, com ações por todo o mundo, o movimento político Braga para Todos e o Núcleo Antifascista de Braga marcam a data com 5 debates sobre a violência exercida contra as mulheres.
A violência contra as mulheres compreende crimes como a violência doméstica, no namoro, tráfico humano, mutilação genital feminina, casamento forçado e assédio sexual.
Assim, estarão em cima da mesa, diversos temas de discussão serão contextualizados. Dividido em 2 partes, na primeira será analisada a violência surgida no namoro e em contexto doméstico, que este ano já ultrapassou as mortes de 2017 contando 21 vítimas, e a violência contra as mulheres nas redes sociais, desde a agressão verbal ao assédio sexual. Na segunda parte, serão contextualizadas a situação da mulher no Estado Novo e a situação atual da mulher latino-americana.
‘Nem mais uma‘ é o slogan da segunda iniciativa do Braga para Todos, que o ano passado organizou debate sobre a mesma temática e ainda uma marcha, mas em 2018, face ao que considera novos desafios políticos, a agenda é diferente, indica Elda Fernandes: ” O ano passado centramos a nossa ação na violência doméstica e na importância de quebrar o silêncio, sejamos vítimas ou testemunhas de um crime deste âmbito”. Apesar de se tratar de um crime público, Elda Fernandes considera que “é dever de todos agir e o mais rápido possível, de forma a não permitir desfechos como aqueles que infelizmente nos assombram todos os anos e mostram que há muito para fazer”. Este ano o Braga para Todos optou por não fazer uma manifestação em Braga porque, “havendo uma outra no Porto faz mais sentido juntar forças do que separar. Por isso vamos ficar pelos debates a realizar no dia anterior. Além da violência doméstica, na lista de temas a abordar vai constar também a violência no namoro, muito comum quer no plano físico como no psicológico entre os jovens, e vamos ainda debater a violência de que uma grande fatia das mulheres são vítimas nas redes sociais por estranhos”. Elda Fernandes crê que “esta violência, com o crescimento dos partidos e movimentos de extrema- direita, está a tomar proporções assustadoras, como vimos, aliás, no Brasil e em Portugal nos grupos de apoio a Bolsonaro que desrespeitaram amplamente os direitos das mulheres e da comunidade LGBTI+. Urge combater esta violência que cimenta o patriarcado e menospreza a mulher que, apesar de ter conquistado muitas vitórias – relembra -, não são garantidas”. E acrescenta: “Ainda é preciso lutar contra a violência. Por todas nós!”.
O quarto debate é moderado por Filipa Teixeira do Núcleo Antifascista de Braga, e trará à colação a situação da mulher durante o Estado Novo. Sob uma perspetiva histórica, analisar-se-á o papel secundário que a mulher assumia socialmente, frequentetemente sem direitos de ação pública. Como afirma Filipa Teixeira: ” Com o avanço da extrema-direita um pouco por todo o mundo, é importante discutir e refletir sobre o que foi o Estado Novo, principalmente para a mulher portuguesa, ou seja, ilustrar todas as limitações a que a mulher estava sujeita e como era catalogada, desde os livros da escola, ao não direito de voto, às penas em caso de adultério e ao modo como devia agir no seu espaço: o lar”.
A terminar este dia, Manuela Melo, brasileira que viveu na Argentina e agora reside em Braga, dará a conhecer a realidade da mulher nestes países. Para Elda Fernandes, do Braga para Todos, o painel é diverso, tal como os temas, mas ao mesmo tempo versam sobre o mesmo: “A mulher surge, através dos números, como sendo sempre a maior vítima, muito à frente dos homens, seja ela na violência no namoro, na doméstica, no digital e, principalmente, em regimes fascistas.” A dirigente política considera ser “importante agir em rede, porque o que não é uma realidade visível hoje para todos, é um perigo que espreita”.
Os debates acontecem no dia 24 de novembro no bar Barhaus, em Braga e terão cada um a duração de 20 min. com espaço para discussão. Salienta Elda Fernandes que esta ação “será mais informal. Vamos fazer uma roda de conversa e tentar criar um plano de ação, em Braga, para sensibilizar sobre um tema que mata em Portugal e em que a justiça, demasiado branda, tem decisões presas a uma sociedade patriarcal que é necessário acabar. Só assim a mulher não será vítima do parceiro e da sociedade que coloca sobre ela o ónus de toda a responsabilidade.”
A entrada é livre, mas carece de inscrição.
Fonte: Braga para Todos
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