Hoje gostaria de vos falar sobre estas duas plantas porque, para mim, são, para além de muito interessantes, aquelas cujos nomes científicos mais me surpreendem. O primeiro, por não soar lá muito bem, e o segundo, Angelica archangelica, por ser encantador. Uma planta com um nome assim só pode ser interessante; e é. Para além de todas as suas muitas propriedades medicinais, é uma bela planta que quando, florida, nos deparamos com ela, não podemos deixar passar a ocasião para a observar e constatarmos que é realmente magnífica.

Raramente conseguimos assimilar os nomes científicos que são dados às plantas. Alguns são tão esquisitos que por muito que nos esforcemos não chegamos a perceber o que está na origem dessas designações.

É compreensível que a qualquer erva ou planta lhe seja atribuído um nome científico único para que possa ser identificável, sem qualquer margem para dúvidas, em qualquer parte do mundo. Se assim não fosse, as plantas que são batizadas com nomes comuns (vernáculos), que variam de região para região e que ao longo dos tempos outros nomes lhe vão sendo atribuídos, de tal modo que algumas plantas chegam a ter tantos nomes que se torna difícil saber qual deles utilizar quando queremos falar delas. Deixo aqui o exemplo da Raphanus raphanistrum que é conhecida pelos vernáculos: Cabrestos, Ineixa, Labresto-branco, Rábano, Rábão, Rábão-bravo, Rábão-silvestre, Saramago, Saramago-de-fruto-articulado, Saramago-de-fruto-grosso e alguns mais.
Para este artigo, perdi algum tempo a tentar saber por que razão ao Saramago lhe foi atribuído o nome Raphanus raphanistrum, para chegar, não sem dificuldade, à conclusão seguinte: a planta que pertence à família das Brassicaceae (família das couves, nabiças, rúculas etc.), e embora a raiz não seja pivotante, é considerada muito próxima da sua irmã Raphanus sativus (rabanete), que em francês se diz “radis”, e na Grécia antiga “raphanos”. No latim clássico, raphanus significa “radis” (rabanete). Et voilá! Já no que diz respeito ao nome da espécie Raphanistrum, de acordo com Tournefort, (botânico francês muito conceituado), em Éléments de botanique, publicado em 1797, foi o botânico escocês Robert Morison quem lhe atribuiu tal designação.
Passemos agora à interessante Angelica archangelica (Angélica). Esta planta bianual pertence à família das Apiaceae (Umbelíferas) e, para além de haver lugares onde é cultivada, nasce espontaneamente em espaços frios e húmidos, principalmente junto às correntes de água. É facilmente identificável, principalmente devido às suas vistosas inflorescências em forma de umbela, embora existam outras espécies muito parecidas como sendo as Angelica major, Angelica sylvestris e a Angelica pachycarpa, esta última com as umbelas bastante diferentes é facilmente excluível. A A. archangelica é parecida com a cicuta (Conium maculatum), mas o seu aroma intenso e aprazível, muito diferente do odor desagradável da cicuta, desfaz-nos todas as dúvidas.
Também conhecida por Erva-dos-anjos, esta planta, segundo a lenda, teria sido entregue pelo arcanjo Gabriel (daí o nome archangelica), a um monge eremita, que deveria utilizá-la para combater a peste. A partir dessa altura, monges e frades começaram a cultivá-la para produzirem diversos tipos de remédios em forma de licor. Nos dias de hoje ainda se utiliza esta planta na preparação dos licores franceses Bénédictine e Chartreuse.
Como todos sabemos é imensa a lista de plantas que tem propriedades medicinais, e a grande maioria das substâncias que se utilizam em farmacologia, são de origem vegetal. Recorrentemente constatamos que o princípio ativo de certas plantas, de acordo com os entendidos, serve para tratar uma enorme quantidade de problemas de saúde. Uma panaceia que, por vezes, deixa algumas dúvidas. Em relação à Angélica estão provados os seus benefícios no tratamento de problemas da pele e do couro cabeludo, doenças como infeção pulmonar, artrite e muitas outras que seria fastidioso estar aqui a enumerar.
A autoridade científica destas duas espécies é Carlos Lineu, o botânico que mais contribuiu para a identificação e classificação das espécies (taxonomia) na área da botânica.
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Imagens: José Alberto Salgado.
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