Hoje, 10 de fevereiro, pelas 21h30, o agrupamento coral Cupertinos, anteriormente conhecido por Capella Musical Cupertino de Miranda, apresenta mais um concerto em Vila Nova de Famalicão. Desta feita, o concerto decorrerá na Igreja Matriz (velha), tendo por base o reportório de Pedro de Cristo. Aproveitam , assim, o momento para evocar este importante compositor português do Século XVI.
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Dom Pedro de Cristo nasceu em Coimbra, em data indeterminada, mas cerca de 1550, vindo a falecer, na mesma cidade, em 1618.
Dom Pedro de Cristo passou a maior parte de sua vida em Coimbra, no Mosteiro de Santa Cruz, onde tomou hábito em 1571, embora tivesse estado também no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa, pertencente à mesma congregação.
Mestre de capela do mosteiro, cargo de que foi titular a partir de 1597, Dom Pedro de Cristo foi em simultâneo professor de música, cantor e instrumentista, nomeadamente de tecla, harpa e flauta.
Domingos, de seu nome próprio, pode ser considerado um dos maiores polifonistas do século XVI no domínio da música religiosa. É como compositor que tem o seu lugar na história, com a sua vasta obra vocal polifónica de 3 a 6 vozes, compreendida por inúmeros motetos, responsórios, salmos, missas, hinos, paixões, lamentações, versos aleluiáticos, cânticos e vilancicos espirituais.
Pouco conhecido, em virtude da sua obra não ter sido ainda publicada na quase totalidade, é possível, todavia, avaliar da qualidade e número de suas obras através do que foi publicado sobre ele por Ernesto Gonçalves de Pinho, com alguns dados biográficos inéditos e uma informação valiosa sobre as obras, ainda manuscritas deste frade crúzio.
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Das cerca de 220 peças musicais que compõem aproximadamente a sua obra, apenas uma dúzia e meia foi até hoje publicada em notação musical atual. Elaboradas com simplicidade e elegância, inspiradas ou não na temática gregoriana, mantendo, por um lado, aquela técnica rigorosa herdada da maneira de compor quatrocentista de influência flamenga, Dom Pedro de Cristo conseguiu, por outro lado, libertar-se dos apertados esquemas de imitação nas linhas melódicas, de forma a produzir um contraponto de construção sóbria afastada dos grandes efeitos, mas que realça com clareza a palavra do texto sagrado.
As obras de Dom Pedro de Cristo conservam todo o elevado sentido espiritual da oração cantada dirigida a Deus, em que a profunda religiosidade e o simbolismo cristão de inspiração humanista se moldam na perfeição formal da polifonia do Renascimento.
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O agrupamento coral Cupertinos, apoiado pela Fundação Cupertino de Miranda, tem vindo a desenvolver regular atividade, sob a direção artística de Luís Toscano, desde há vários anos. O agrupamento dedica-se, em particular, ao estudo e divulgação da música polifónica portuguesa do Século XVI, embora, nos últimos tempos, tenha também vindo a dedicar-se a autores de outras proveniências europeias. A quase totalidade dos seus integrantes são cantores profissionais integrados em agrupamentos de destaque, como o Coro da Casa da Música, e desenvolvem carreiras pessoais de reconhecido mérito.
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