Que pena temos dos pobrezinhos dos médicos sindicalistas!

Que pena temos dos pobrezinhos dos médicos sindicalistas!

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Eu tenho uma pena imensa das médicas e dos médicos portugueses: têm salários baixíssimos, vivem em casas “abarracadas” e têm que deslocar-se para o trabalho em carros utilitários com mais de vinte anos de idade… São uns pobrezinhos.

Como calculam os meus leitores, estou apenas a fazer ironia. As médicas e os médicos do meu País ganham todos acima da média dos outros trabalhadores, vivem em casas muitas vezes luxuosas e não dispensam o seu “topo de gama” para as suas deslocações. Nunca se ouviu dizer que algum deles tenha recorrido ao “Rendimento Social de Inserção”, para suprir uma eventual carência económica, ainda que conjuntural.

Todas as reivindicações dos médicos desembocam em mais uns euros no final de cada mês

Nestas condições, e sendo eles uma classe privilegiada no conforto, no bem-estar e na segurança física e material, tenho imensa dificuldade em compreender o seu recurso à greve para fazer valer aquilo que dizem ser os seus direitos, quando os seus direitos se reduzem a mais um aumento substancial daquilo que recebem no fim do mês. Eles não reivindicam melhores condições de trabalho, não exigem novas condições tecnológicas e novos equipamentos para as suas profissões. Tudo vai dar em mais uns euros no fim do mês.

A escola deve ser clara: ou trabalhar no serviço público – SNS  – ou nos serviços privados de Saúde

Penso que só há uma alternativa para resolver este problema que é propor à classe médica uma escolha definitiva: ou querem trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) com as condições que o SNS pode oferecer ou escolhem o exercício da sua profissão no seu consultório privado ou nos grupos privados de saúde.

Mas nós bem sabemos como as coisas funcionam: eles preferem o Serviço Nacional de Saúde porque têm a porta sempre entreaberta para uns “ganchos” nas clínicas e hospitais privados e em múltiplas situações que não enumero por pudor e que nos envergonham a todos.

Depois, é ainda incompreensível como é que alguns médicos proclamados dirigentes sindicais têm todo o tempo do mundo para se dedicarem a declarações contínuas às televisões, às rádios e aos jornais, sabendo nós como sabemos que alguns “abutres” do sistema de informação o que querem é escândalo e maledicência. Estes dirigentes sindicais médicos não estão no seu trabalho porque o “dom da ubiquidade”, por mais inteligentes que sejam, ainda não lhes é acessível. Ou fazem declarações contínuas ou exercem medicina, o trabalho para que foram formados.

Médicos deveriam lembrar-se que o maior investidor na sua formação foi o Estado

Falando em formação, estes médicos sindicalistas nunca se podem esquecer também dos investimentos avultados que o Estado – e o Estado somos nós todos -, fez no seu percurso académico até serem “médicos de corpo inteiro”. Eles podem dizer que pagaram propinas avultadas, que o curso lhes “custou os olhos da cara”, que as suas famílias fizeram um esforço titânico para conseguirem que fossem médicos, que e que…

A obrigação moral de retribuir a todos nós e honrar o Juramento de Hipócrates

Porém, o maior investimento é do Estado, através dos impostos dos seus cidadãos, e os médicos nunca podem esquecer-se desta verdade absoluta. Não lhes ficaria nada mal que honrassem por inteiro o “Juramento de Hipócrates” que todos fazem, dando o melhor de si à sociedade e, sobretudo, aos membros da sociedade que estão doentes e que mais sofrem, não pensando em “mais uns cobres” para “engordar” a sua conta bancária.

SNS conta com profissionais e serviços de saúde entre os melhores do mundo

Quero aqui também dizer que tenho a melhor das impressões dos médicos e dos outros profissionais de saúde que tenho contactado ao longo da minha vida, no contexto da assistência de que todos necessitamos, no âmbito das atribuições e competências do Serviço Nacional de Saúde.

No Centro de Saúde do Alto da Vila, a funcionar ali perto da estação dos caminhos de ferro, no Hospital de Vila Nova de Famalicão, agora integrado no CHMA, e no Hospital de Braga, sempre fui acolhido e tratado com bondade e profissionalismo por todos os membros desta cadeia complexa da saúde que nos recebe quando temos que recorrer aos seus serviços, profissionais que honram os seus compromissos e que fazem com que o Serviço Nacional de Saúde Português seja considerado um dos melhores do Mundo!

Já tenho muitas dúvidas que esta medalha olímpica do SNS de que todos nos orgulhamos nos fosse atribuída se os nossos hospitais e os nossos centros de saúde tivessem como trabalhadores e a dirigi-los os médicos sindicalistas que nos entram pela casa dentro sem pedirem licença, somente para nos pedirem mais dinheiro, a qualquer hora do dia ou da noite.

Notícias dão a sensação de que tudo vai mal no SNS, mas a verdade é o contrário

Teria muitas e boas histórias para contar sobre o SNS: histórias de sonho, de amor, de amizade, de competência e de solidariedade que dignificam todos os profissionais que lá trabalham. Irei contá-las, como sempre faço, à medida que tal me for possível.

Agora, gostaria de ir até António Correia de Campos que foi, num passado recente, “nosso” Ministro da Saúde. Num escrito recente, ele diz assim: “Apesar do amolecimento estival, quem frequente os média (televisões, jornais e rádios, acrescento eu), recolhe a sensação de o nosso SNS se encontrar em estado calamitoso. E, todavia, hospitais e centros de saúde continuam a tratar cada vez mais e melhor os doentes que os procuram. Na verdade, para 75% da população, este é o seu serviço de saúde, no qual se habituaram a confiar. E confiam”.

E continua Correia de Campos: “As notícias sobre greves constantes, declarações de desresponsabilização, concentrações temporárias de serviços, reação à vinda de médicos estrangeiros (esquecendo que mais e 1 500 já hoje nos servem), exigências rigorosas de pessoal no SNS, sem paralelo na saúde privada, centenas de milhares de portugueses sem médico de família (esquecendo que mais de um milhão jamais o procuraram), tudo isto deixa no ar a sensação de que tudo vai mal entre nós. E não é verdade: pelo contrário, a quase totalidade do Serviço Nacional de Saúde, SNS, está intata e funciona bem.”


Imagem: Harlie Rathael / Unsplash


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Categorias: Crónica, Saúde, Trabalho

Acerca do Autor

Mário Martins

Nasci na casa dos meus pais, em 1951, em Arnoso Santa Eulália, e por lá me fiz adolescente, jovem e homem. Da minha infância, guardo na memória as longas jornadas da escola primária, para onde íamos muitas vezes descalços e com frio, a professora Beatriz, tirana e hostil para as crianças que nunca fomos, os dias sem fim a guardar ovelhas que pastavam nos montes… No fim da “instrução primária”, fui para o seminário, a “via de recurso” para quem não tinha “posses” para estudar no ensino oficial. Por lá andei cinco anos, dois em Viana do Castelo e três em Braga, nos seminários da Congregação do Espírito Santo. Foram tempos felizes: rezava-se muito, estudava-se muito, jogava-se muito “à bola” e havia boa comida! Com muitos sacrifícios dos meus pais, “fiz” o 7º ano (hoje 12º), no Liceu Sá de Miranda, em Braga. No fim deste “ciclo” fui operário na Grundig, em Ferreiros, também do Concelho de Braga, durante um ano. Entretanto, com uma bolsa de estudo da Fundação Gulbenkian, entrei na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Ao fim de três anos, em janeiro de 74, fui para a “tropa”, primeiro em Mafra, depois em Lamego, nos “comandos”. Eu era pequenino e franzino, mas os campos e os montes de Arnoso Santa Eulália, tinham-me feito forte, ágil e robusto! Depois fui professor, a minha profissão, carreira que foi acontecendo, enquanto completava a licenciatura, interrompida pela “tropa”. Fui Chefe de Divisão da Educação e Ação Social e Diretor de Serviços (adjunto do presidente), na Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, na Presidência de Agostinho Fernandes, “no tempo em que tudo aconteceu”. Fui também Diretor do Centro de Emprego, num tempo difícil, em que a “casa” estava sempre cheia de desempregados, e vereador da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, primeiro eleito pelo MAF (Movimento Agostinho Fernandes) e depois pelo PS. Hoje sou bom marido, pai e avô. A vida já vai longa, mas continua a trazer com ela a necessidade de construir, pensar e fazer…

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