Pub
Na véspera do Dia Mundial da População, o Instituto da População (Population Institute), uma ONG com sede em Washington, DC, capital dos Estados Unidos, publicou um relatório sobre “População e Vulnerabilidade Climática”. No relatório evidencia-se a demonstração de importantes ligações entre o crescimento populacional e a capacidade da sociedade em gerir os impactos das mudanças climáticas.
A vulnerabilidade climática é uma medida de quão mal a mudança climática afetará as populações humanas e os ecossistemas. O Dia Mundial da População foi estabelecido pelas Nações Unidas para destacar a importância e a urgência das questões populacionais.
O novo relatório constata que nos 80 países mais vulneráveis ao clima, a população está a crescer em média duas vezes mais do que a taxa global. A combinação de impactos climáticos severos e crescimento demográfico mais rápido pressiona a capacidade dos governos no sentido de fornecer serviços básicos para adaptação e resiliência climáticas, o que agrava ainda mais os impactos climáticos e a vulnerabilidade das populações.
Para lá das ligações muitas vezes suaves entre o crescimento populacional e os impactos climáticos, este relatório revela alguns exemplos que estão a ser trabalhados, quer em países em desenvolvimento, quer nos EUA, de iniciativas que procuram enfrentar as mudanças climáticas e as questões populacionais.
Em muitos dos países mais vulneráveis ao clima, o rápido crescimento populacional está relacionado com a desigualdade de género, incluindo a falta de acesso ao planeamento familiar e aos serviços de saúde reprodutiva. Os países mais vulneráveis ao clima sofrem algumas das piores desigualdades de género, com direitos, oportunidades económicas e educacionais e acesso à saúde de mulheres e meninas reduzidos ao mínimo. A desigualdade de género prejudica a resiliência às mudanças climáticas e a capacidade de adaptação de indivíduos, famílias e comunidades no curto prazo, e também é um fator no crescimento populacional contínuo que exacerba a vulnerabilidade climática no longo prazo.
Nos 80 países mais vulneráveis, o valor médio do Índice de Desigualdade de Género é de 0,521 (para comparação, no caso do Portugal este valor é apenas de 0,765 e da Islândia, o país melhor classificado, é de 0,912). Esses países têm cerca de duas vezes mais meninas entre os 15 e os 19 anos a dar à luz a cada ano em comparação com a média global. As suas necessidades de planeamento familiar não atendidas são quase o dobro da média global e as suas taxas de mortalidade materna são 25% mais elevadas.
O nexo entre a vulnerabilidade climática e o crescimento populacional está a acontecer no plano global, segundo o relatório do Instituto da População. Mesmo nos países menos vulneráveis ao clima, os governos e doadores estão comprovadamente a falhar na realização de investimentos suficientes em saúde e direitos reprodutivos que possam suprir necessidades não atendidas e fortalecer ainda mais a resiliência às mudanças climáticas e a capacidade de adaptação. Mas isso também representa uma oportunidade para elaborar estratégias holísticas para enfrentar os desafios relacionados ao rápido crescimento populacional, desigualdade de gênero e vulnerabilidade às mudanças climáticas, conclui o relatório.
“O Dia Mundial da População oferece uma oportunidade para refletir sobre as tendências populacionais e o que elas significam para o nosso futuro”, refere Kathleen Mogelgaard, administradora e presidente do Instituto da Populaçãoe. “Como as tendências populacionais afetam a nossa capacidade de lidar com a crise climática é uma área que tende a ser negligenciada. O nosso relatório mostra exemplos de esforços inovadores, impactantes e multissetoriais que modelam a forma como os desafios vinculados à vulnerabilidade às mudanças climáticas, a equidade de género e a saúde da reprodução e direitos podem ser abordados em conjunto.”
Na Nigéria, o país mais vulnerável ao clima em todo o mundo, as temperaturas estão a subir mais rapidamente do que noutras partes do Planeta, o que reduzirá a produtividade agrícola num país onde 2,5 milhões de pessoas já sofrem de insegurança alimentar aguda e quase metade das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crónica. Lá, Sani Ayouba cofundou e dirige a organização Jovens Voluntários para o Ambiente (Jeunes Volontaires pour l’Environnement – JVE Niger), que trabalha com jovens e Organizações da Sociedade Civil locais na linha de frente desses impactos para afetar a mudança nas frentes de saúde reprodutiva e climática, muitas vezes contra a resistência de organizações políticas nacionais. “As suas perspetivas precisam ser ouvidas”, afirma o ambientalista, “e, francamente, eles sabem [o que é preciso] melhor [do que ninguém].”
Imagens: PI
1ª Página. Clique aqui e veja tudo o que temos para lhe oferecer.
Pub
17% da população europeia em risco de falta de água até 2050
Obrigações contratuais do proprietário ao arrendar um imóvel
Pub
Acerca do Autor
Comente este artigo
Only registered users can comment.