Bolonha, cidade do assombro e das emoções inesperadas

Bolonha, cidade do assombro e das emoções inesperadas

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Que saudades de Bolonha, a cidade que com os anos se tornou a minha preferida, ultrapassando o mistério de Génova e o fascínio de Veneza.

Bolonha não ostenta monumentos célebres em todo o mundo, nem está construída numa posição que a torne particularmente original ou rapidamente identificável.

Pelo contrário, o inesperado encanto de Bolonha está na intensidade das emoções que transmite a quem as souber colher. Por exemplo, que outra cidade nos dá tanta alegria por estar sentado a uma esplanada a tomar um prosecco e a ver o dia anoitecer? Que outra gastronomia nos faz sentir tão ávidos e pecaminosos e preenchidos de vida? Que outra ideia de Idade Média consegue ser tão apelativa como a ideia que nos sugerem os becos e fachadas do centro histórico? Que outras mulheres em Itália caminham de forma tão sedutora pela praça central da sua cidade, como as mulheres de Bolonha nas praças de Bolonha?

A igreja de Santo Stefano transporta o mesmo assombro e a mesma harmonia labiríntica do resto da cidade medieval, uma das igrejas mais intrigantes que conheço. Na realidade, são várias igrejas que se sucedem com uma coerência conseguida pela poeira dos séculos. No fundo da última das sete igrejas (ou será a penúltima? ou serão só quatro?) aparece esta Adoração dos Magos, um grupo de figuras esculpidas em madeira, datada do final do século XIII, da autoria de um artista anónimo. Esta coreografia em três dimensões, que hoje está presente em quase todas as casas da cristandade durante o período do Natal, e a que chamamos Presépio, na época devia ser absolutamente inédita, uma visão ao mesmo tempo enternecedora e inesperada para os fiéis que visitavam a igreja. De facto, segundo os historiadores de Arte, esta é a mais antiga representação que se conhece de um presépio, e não me espanta que se encontre em Bolonha, cidade do assombro e das emoções inesperadas.

Obs: texto previamente publicado na página facebook de Gonçalo Cadilhe, com ligeiras adequações na presente edição.

Imagens: Gonçalo Cadilhe

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Categorias: Cultura, História, Lazer, Viajar

Acerca do Autor

Gonçalo Cadilhe

Gonçalo Cadilhe é o mais reconhecido escritor de viagens português da atualidade. Escreveu, à sua conta, catorze livros de narrativa de viagem e três 'coffee-tables' de fotografia. Os seus títulos somam dezenas de reedições. Várias das suas obras encontram-se incluídas na listagem do Plano Nacional de Leitura. Viagens, biografias históricas, surf e encontros de vida são os seus temas de eleição. Ao longo dos anos, tem assinado vários documentários de viagens e História para a RTP. Palestrante motivacional, percorre regularmente os auditórios culturais do país do país para falar sobre viagens, História e experiência de vida. Organiza e acompanha mini-tours pelo globo em colaboração com a agência Pinto Lopes Viagens.

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