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O legado de Mesquita Machado, que agora é o legado de Ricardo Rio, é uma cidade fraturada pelas circulares urbanas, coroadas pelo Nó de Infias.
Como resultado, Braga, pequena cidade no contexto europeu, está retalhada por grandes vias onde os automóveis circulam em excesso de velocidade e onde os restantes modos de mobilidade não são bem-vindos.
Este problema foi bem identificado pelo município na sua proposta de Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS, apresentado com pompa em 2019, desaparecido em 2020), logo prosseguindo a política de fracturação da cidade. Como exemplos, a obra da Av. Padre Júlio Fragata acentuou as suas características de via rápida no meio da cidade; a Variante da Encosta apresenta 700m entre passadeiras.
Durante os três mandatos, foi efetivamente negado o acesso seguro e confortável da população aos transportes públicos, modos suaves e até ao direito inato de se deslocar a pé na cidade. Falo no passado, porque Ricardo Rio já não tem tempo para mudar de rumo, tendo perdido a oportunidade histórica que se lhe apresentou, estando relegado a mostrar galardões a la minute e fazer propaganda de iniciativas avulsas (incentivar monetariamente o uso da bicicleta sem a necessária infraestrutura é jogar com a vida das pessoas, esperemos pelo melhor).
Apesar do contexto legal, económico, social e ambiental cada vez mais exigir acessibilidades pedonais, modos suaves e transportes públicos, Ricardo Rio recusou redistribuir democraticamente o espaço da via pública. O exemplo mais flagrante é o engavetamento, em reunião à porta fechada, do bom projeto previamente aprovado para a Rodovia, porque “restringia o automóvel”.
Outro exemplo, a promessa esquecida de articular os TUB deu lugar à nova promessa do BRT, que não vai servir a esmagadora maioria da população nem vai resolver os restantes problemas, parecendo ser apenas motivada pelos milionários fundos europeus. Os anunciados custos estratosféricos e o secretismo do projeto fazem adivinhar mais uma oportunidade perdida.
Os futuros governantes de Braga terão, inevitavelmente, de suturar as feridas da cidade, substituindo em toda a cidade as passagens desniveladas para peões por passadeiras, reunindo as ruas cortadas pelas rodovias com cruzamentos semaforizados, criando corredores BUS e ciclovias nas avenidas da cidade, etc.
Estas medidas são não só desejáveis, para criar alternativas ao automóvel e humanizar a cidade, como inevitáveis dado o já referido contexto, a imperativa redução das emissões de gases de efeito de estufa e o visível rumo que as cidades europeias estão a seguir.
O monstruoso novo nó de Ínfias vem, em conjunto com outras opções erradas do passado, ainda mais entravar a cidade, segregar as suas populações (algumas, serão diretamente prejudicadas, caso da urbanização de Ínfias), negar o transporte público e os modos suaves. Tudo, coisas que não foram consideradas no seu projeto de engenharia rodoviária, que apenas serve (servirá?) os interesses da empresa Infraestruturas de Portugal, com prejuízo dos interesses de Braga.
Tendo perdido a oportunidade de fazer História, é este o legado de Ricardo Rio: um paradigma de cidade fraturada e imobilizada, condenado a ser revertido e esquecido.
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Imagem: DR
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