Comboio dos Movimentos Sociais

Comboio dos Movimentos Sociais

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Vale a pena comparar as notícias do Público sobre os comboios da liberdade com as da BBC. O Público, que por vezes tem gordas que não se distinguem de um boletim do Governo ou de um press release de farmacêuticas, explica-nos, a nós crianças, que o protesto é de “extrema-direita e apoiado pelo Trump”. É fácil de perceber que o movimento é gigantesco de base, portanto com muito mais apoiantes do que a extrema-direita, que tem centenas de trabalhadores imigrantes que dançam e convivem nos piquetes abraçados a canadianos loirinhos, que a França Insubmissa, de esquerda, já declarou apoio ao comboio da liberdade em França, que na Austrália são centenas de milhar nas ruas e que grupos LGBT apoiam estes comboios, e que os métodos, greve (não lockout) são métodos de interrupção da acumulação, portanto de trabalhadores. Sabemos hoje que as reivindicações exigem fim dos certificados, baixa do preço da energia e dos bens de consumo. Mais, a BBC informa-nos que tentaram colar o protesto à extrema-direita mas os organizadores deixaram claro que nada tinham a ver com estes e, cito a BBC, há menos de 20% de não vacinados no Canadá, mas 40% de todos os canadianos declaram apoiar os camionistas e a população contra os certificados.

Uma grande lição da classe trabalhadora canadiana

Uma nota para a pessoas de esquerda e de direita de classe média confinadas a pedir restrições democráticas desde o primeiro dia. Quando estavam nas suas casas confortáveis, a gritar por mais estados de emergência, com hospitais atulhados e sem medicação e sem se saber que vírus era este, estes camionistas nunca pararam um dia. Agora pararam para dizer que um Estado não os pode obrigar a certificados ou vacinas quando eles foram os trabalhadores essenciais da linha da frente, sem pestanejar. Grande lição nos chegou da classe trabalhadora canadiana.

Compreender a diferença entre movimentos sociais e políticos

Os vídeos, de manifestações absolutamente gigantescas, as entrevistas, são impressionantes. Confusos, contraditórios, populares, como se espera de um movimento de massas. Comparar isto com grupos de extrema-direita é um delírio que não compreende a diferença entre movimentos sociais e direcções.

Tal como com os enfermeiros, os camionistas, os estivadores, os operários das refinarias de petróleo inglesas, os coletes amarelos, que mal se mexeram tiveram sociólogos como Boaventura Sousa Santos a explicar ao povo que são todos de “extrema-direita”, espera-se agora o extremo-centro a produzir rios de papel a explicar-nos que isto é tudo controlado pelo Trump e pela Marine le Pen. Assim que o centro está ameaçado por trabalhadores organizados, a narrativa do papão fascista começa a sair para comermos a sopa toda.

Macron e o Circo de Papel: a urgência da democracia

https://vilanovaonline.pt/2020/10/02/liberdade-milhares-de-manifestantes-pacificos-em-franca-presos-e-multados-em-onda-repressiva-sem-precedentes/

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Obs: artigo publicado originalmente no blogue da autora Raquel Varela | Historiadora, endo sofrido ligeiras adequações na presente edição.

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Acerca do Autor

Raquel Varela

Raquel Varela é Historiadora, Investigadora e professora universitária da FCSH da Universidade Nova de Lisboa / IHC / Socialdata Nova4Globe, Fellow do International Institute for Social History (Amsterdam) e membro do Observatório para as Condições de Vida e Trabalho. Foi Professora-visitante internacional da Universidade Federal Fluminense. É coordenadora do projeto internacional de história global do trabalho In The Same Boat? Shipbuilding industry, a global labour history no ISSH Amsterdam / Holanda. Autora e coordenadora de mais de 2 dezenas de livros sobre história do trabalho, do movimento operário, história global. Publicou como autora mais de 5 dezenas de artigos em revistas com arbitragem científica, na área da sociologia, história, serviço social e ciência política. Foi responsável científica das comemorações oficiais dos 40 anos do 25 de Abril (2014). Em 2013 recebeu o Santander Prize for Internationalization of Scientific Production. É editora convidada da Editora de História do Movimento Operário Pluto Press/London e comentadora residente do programa semanal de debate público O Último Apaga a Luz na RTP. Entre outros, autora do livro Breve História da Europa (Bertrand, 2018).

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