José Luís Barbosa, uma visão com sentido para Nine

José Luís Barbosa, uma visão com sentido para Nine

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O texto que se segue constitui, na sua versão original, um post na minha página de Facebook (publicado a 7 de Setembro deste ano). Transcrevo-o na íntegra, com o tom pessoal que o enforma. Acrescento-lhe apenas esta nota introdutória que visa, acima de tudo, salientar o quão fundamental tem sido para toda a comunidade ninense – ainda que muitos se esforcem por fingir o contrário (ou, o que é pior, nem sequer o compreendam de todo) – haver um projecto político alternativo. Neste caso, uma candidatura pelo Partido Socialista para a Junta de Freguesia de Nine, no concelho de Famalicão, liderada por José Luís Barbosa. Uma candidatura forte, com um projecto com pés e cabeça, assente em ideias robustas. Ideias não apenas fazíveis – o realismo tem costas tão largas quanto pedantes na indigência destes tempos… –, mas também interessantes, arrojadas e civicamente mobilizadoras. Os elementos deste projecto querem primar pela proactividade e pela transparência. Nunca enveredaram, durante este par de meses de campanha, nem pela boçalidade dos ataques pessoais, nem pelos devaneios desesperados (experimente-se dizer “elevar Nine a vila”, ou criar perfis falsos nas redes sociais…), nem pela retórica insípida dos lugares-comuns. Ainda no rescaldo da pandemia, sem a possibilidade (mais do que vital) de haver um debate público entre candidatos. Partem, como é óbvio, de uma vantagem: trata-se de um projecto novo, logo sem vícios instalados, nem mesmo a viciosa insipidez na comunicação ao público. Querem ser uma clara alternativa ao actual executivo – e é em honra dessa proposta, porque nela me revejo, e em honra da audácia que a faz acontecer, que partilho com os leitores da Vila Nova as linhas que se seguem.

Quem já conhece o Zé Luís – por ser da sua família, por pertencer ao seu grupo de amigos, por já ter trabalhado com ele, ou por outra qualquer circunstância da vida –, dispensa enredar-se em álibis rebuscados para justificar o que não carece de provas públicas, nem se presta a vergar dois elementares palmos de testa às diatribes paranóicas que tanto furor fazem pelos meios digitais.

Portanto, quem já conhece o Zé Luís não fica de queixo caído, num pavor medieval, agora que ele lançou formalmente a sua candidatura à Junta de Freguesia de Nine, apresentando os elementos da sua equipa, partilhando dia a dia a sua visão para os próximos anos da comunidade ninense.

Se o objectivo para estes dias fosse catalogar virtudes morais, ou converter gestos de cortesia em gráficos de barras, das duas, uma: ou a razão de ser das eleições autárquicas bateu o fundo do poço em matéria de maturidade crítica e sentido de serviço público, ou andamos todos a brincar ao Fama Show. Só falta averiguar se se acredita mesmo na paz no mundo, na luta do Bem contra as forças malignas, ou no mito rousseauniano da bondade natural. Tudo o resto – ou seja, Nine e o que se interpreta por ‘Nine’ – é só paisagem.

É compreensível haver quem ainda não conheça suficientemente o Zé Luís. É o efeito colateral mais óbvio de quem nunca esteve no poder, nem usufruíra da visibilidade pública que é inerente a um cargo com estas funções. Assim como é igualmente compreensível – não fosse a natureza humana esse limbo complexo de zonas cinzentas e areias movediças – quem finja por estes dias não reconhecer no Zé Luís as qualidades que tanto apregoam como essenciais para a presidência à Junta de Freguesia.

O que já é menos compreensível – e que roça o inaceitável – é fazer colapsar todo o pleno debate de ideias, a substância crítica de um projecto que se destina a todos, a dignidade e o rigor do serviço público, em nome de uma espécie de direito natural que, ao que parece, assiste mais a uns do que a outros, como o sangue azul dos absolutismos régios. Isto é tudo menos política: é polícia, ou melhor, é policiamento. Policiamento de cargos, de um perímetro partidário que se pretende inviolável, de um jogo viciado que ganhou gosto aos enredos de bastidores, de um falso consenso sobre o que é a participação democrática, em geral, e a vida concreta de muitas pessoas da terra, que não gostam de ser tomadas por parvas, nem estão dispostas a perder um minuto que seja a rebater o vazio de argumentos tão cheios de nada – que são o luxo instalado, precisamente, de quem ou não tem nada para dizer, ou apenas já não sabe o que diz. E quando a ausência de um verdadeiro espaço público é suplantada pelas neuroses espumantes do Facebook, pelas lisonjas hiperbólicas do lambe-botismo aplicado, o não saber o que se diz resvala para o vale-a-pena-dizer-tudo: o que não é, ao menos, aparenta ser alguma coisa. Mas só por má-fé, quando não por manifesta ignorância, é que se toma isto, este vácuo, por sentido crítico do bem comum.

Pois contra aparências fátuas e a resignação face a essa “alguma coisa”, a esse contentamento por tal vácuo emproado, o Zé Luís quis dar este passo, com este projecto. Está insatisfeito com o que vê e, por isso, resolveu mobilizar essa insatisfação interventivamente, quando viu reunidas as condições necessárias para esse efeito. Que tenha conseguido o que conseguiu até agora demonstra que não está sozinho. Muito pelo contrário. E demonstra, por sua vez, que instiga desassossegos grandes naqueles que confundem política com consensos moles e o deixa-andar passadista, ou – o que é pior e, na minha cabeça, inconcebível – naqueles que agridem a emergência de um projecto alternativo e que, sendo alternativo, sendo outro, o eliminam do horizonte das possibilidades reais, como se não tivesse sequer o direito a existir. Há ruas, de facto, que têm uma merecida calçada nova, mas não há restauros eleitoralistas que salvem os telhados de vidro.

Mas isto, ainda que relevante, não é o que verdadeiramente importa ao Zé Luís. Nem importa, a quem de facto o não conhece pessoalmente, que me ponha aqui a listar o que entendo serem as suas características pessoais, ou o que me faz gostar mais ou menos dele como o humano que irredutivelmente ele é. Importa é o que o traz à política activa, o que tenciona ele fazer quando deseja “mais e melhor para Nine”, que aspirações o movem em nome deste compromisso público, qual a sua visão para que tantas dinâmicas associativas como as que Nine ostenta não se deixem anquilosar em umbiguismos e redescubram um sentido maior de cooperação (e nada como ter pugnado pelo ADN para que o Zé Luís tenha experiência de sobra quanto a saber, sobretudo, o que ‘não’ quer que aconteça ao associativismo local). Inaugurou há dias, no centro da freguesia, uma sede de campanha para esclarecer isto e muito mais durante as semanas que decorrem até ao dia das eleições. Se me quisesse focar em exclusivo no seu sentido de humor carismático, na galhofa de estar com ele à mesa, no seu talento para o desenho, na sua sensibilidade estética, na sua generosidade, na vontade de aprender sempre mais, no entusiasmo com que fala daquilo que gosta, no amor que não esconde pela família – não precisaria nem de presidentes, nem de juntas. Teria, como sempre tive, um primo chamado Zé Luís.

E ele teria, como sempre teve, espelhos em casa para neles se mirar e dar todos os dias os parabéns a si mesmo. Mas sei que o cargo a que ele se candidata está, e merece estar, muito para lá do reflexo dos seus atributos pessoais ou deste miserável tom de conversa rasteira, quando o que está em jogo, de verdade, são os rumos da terra onde se vive. Parvos, parvinhos e muito –inhos são os que transformam tudo isto num qualquer concurso de egos; nem tão pouco se pode aceitar que isto descambe para a politiquice rasa, como se a vida de todos os dias passasse a plasmar a vidinha sem espessura dos perfis virtuais, nimbados por uma falsa, quando não hipócrita, transparência. Não mudo uma vírgula no que vejo aqui ser repetido acerca do carácter do Paulo Oliveira, por sinal meu vizinho, com quem sempre nutri uma honesta cordialidade. Mas desmancho brutalmente a sintaxe de todas as frases feitas sem pingo de substância, ou de peito feito armado ao pingarelho, quando é apenas esse vazio que me propõem como intrinsecamente superior, e por isso imune ao dissenso, a um projecto que arrisca traçar um caminho, não apenas diferente, mas um caminho, de facto.

Nine - Famalicão - autárquicas - 2021 - josé luís barbosa - eduardo oliveira - partido socialista - ps -

E dito isto, regresso ao que deixei aqui escrito no início de Julho: a única possibilidade irredutivelmente humana que me resta é contar com os outros, saber que há outros, sempre outros, que não eu. Política é isso, ou é acima de tudo isso (ou deveria sê-lo, sobretudo quando disso se esquece): a vida da pólis, o bem de todos. A quem isto se destina, sem que a consciência de cada um desespere por parêntesis para não implodir sob os empecilhos da militância, o que mais me interessa é honrar este gesto do meu primo Zé Luís, a determinação de longa data que, sem calculismos, sentiu ser esta a altura ideal para se afirmar. Gabo-lhe tudo o que não tenho: este sentido de coragem, de comprometimento com as causas e as coisas da terra, a vontade de fazer. Delineou um projecto – José Luís Barbosa – Nine é por aqui – e basta-me o arrojo de haver esta possibilidade, o facto de ser outra possibilidade, para que os ares deste tempo fiquem menos pesados e democraticamente mais respiráveis, porque mais plurais.

Muita força, Zé Luís, a ti e à tua equipa. Um grande abraço.

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Acerca do Autor

Diogo Martins

Diogo Martins nasceu em 1986 e é natural de Nine, do concelho de Vila Nova de Famalicão. Doutorado em Teoria da Literatura pela Universidade do Minho, iniciou em 2017 um projeto de pós-doutoramento intitulado "Ousar corromper: (o)caso retratístico em Rui Nunes". Interessa-se por poesia, literatura, cinema e fotografia, e mais ainda pelas relações entre estas e outras artes.

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