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Mia Couto afirma que “é muito difícil viver apenas da escrita”. Na manhã do Domingo passado, o escritor moçambicano encontrava-se presente numa tertúlia dedicada à sua obra “Mar me Quer”. No último dia da sua visita a Esposende, o autor aconselhou os jovens a “procurarem outra profissão além da escrita”. Nesse sentido, o vencedor do Prémio Literário Manuel Boaventura apontou para o seu próprio exemplo. Enquanto biólogo, Mia Couto consegue “ter um rendimento mais seguro”, possibilitando uma maior dedicação à escrita. Em contrapartida, a generalidade dos escritores “recebe apenas dez por cento das vendas dos seus livros”. De acordo com o autor, “o dinheiro restante é tripartido”. E quem fica com esses três terços? Editores, distribuidores e livreiros.
De acordo com o escritor, a outra alternativa seria “viver com muitas contingências”. Essas dificuldades existem em todo o sector cultural. O autor moçambicano aponta para o exemplo de uma das suas filhas, que trabalha como actriz. “Ela aceitou que nunca terá uma vida muito confortável”, afirma Mia Couto. Além disso, o escritor moçambicano aponta para o exemplo de amigos seus do teatro e do cinema. “São muitos os que têm de fazer anúncios a champôs para sobreviver”, refere.
Conhecer o outro
As questões coloniais e pós-coloniais dominam a obra de Mia Couto. Foi por esse motivo que o escritor moçambicano não hesitou em afirmar que o racismo também existe no continente africano. De acordo com o autor, “as pessoas com a pele mais escura são consideradas menos bonitas, são desvalorizadas”. “Mesmo em Moçambique, diz-se que quem é muito escuro é feio”, acrescenta. Apesar de “os governantes do país serem negros”, o preconceito continua a existir. De acordo com o autor africano, “todos fomos educados de forma a identificar os outros pela cor da pele”. “Há séculos que nos ensinam a ver o outro como diferente e a ter medo dessa diferença”, afirma.
Para o também biólogo, a melhor forma de combater esse preconceito é “conhecer o outro”. Nas suas palavras, “temos de entender que existem culturas diferentes e com valores diferentes. Devemos estar abertos a perceber essas culturas”.
A origem do nome “Mia”
Os leitores de António Emílio Leite Couto conhecem-no como “Mia”. Um nome aparentemente feminino, que já trouxe dissabores aquando da sua visita aos Estados Unidos. Os seus anfitriões norte-americanos “pensavam que tinham convidado uma mulher negra, mas no final receberam um homem branco”. Mas qual será origem dessa alcunha? De acordo com o próprio escritor, “tudo começou quando tinha dois ou três anos”. A sua mãe tinha o hábito de “dar comida aos gatos que iam para enorme varanda” da sua casa. Como o pequeno António costumava dormir no meio dos gatos e brincar com eles, começou “a achar que era um deles”. Em nome do miado dos gatos, o futuro escritor pediu aos seus pais para lhe chamarem “Mia”. Assim passaram a chamá-lo, “tanto em casa, como na escola como na rua”. De acordo com o próprio, “agora não posso largar este nome”.
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