Barcelos Vila Condal

Barcelos Vila Condal

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A cidade de Barcelos foi, no seu início uma vila régia, com carta de foral passada por D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, cerca dos anos de 1165 e 1167. Em 1298, tornou-se a primeira vila condal, por obra do rei D. Dinis que a concedeu ao seu mordomo-mor D. João Afonso de Meneses, o primeiro conde de Barcelos.

A localidade ganha, entretanto, importância como ponto de circulação e comércio. Vila de almocreves (mercadores), local de passagem, de atravessamento do rio Cávado de sul para norte, de nascente para poente, situada no importante caminho de Santiago.

Ao tempo do primeiro foral

“Era já na altura do seu primeiro foral uma povoação com um desenvolvimento superior ao das terras vizinhas”, diz o historiador Carlos Alberto Ferreira de Almeida. “Barcelos designava então uma ampla área ribeirinha dos dois lados do rio. Não existia ainda a igreja de Santa Maria de Barcelos, mas existia a de S. Pedro de Barcelos, atualmente Vila Frescainha e a de Santo André de Barcelos, atualmente Barcelinhos.

Vila Frescainha, Vila Boa ou Arcozelo, são vilas agrárias mais antigas que Barcelos. Em Vila Frescainha existe o lugar do Paço Velho.

A igreja paroquial que se construiu, por alturas do primeiro foral, na villa de Barcelos situava-se no sítio da atual Matriz. Segundo os poucos restos arquitetónicos existentes, era um cuidado edifício em estilo românico.

Barcelos designa uma terra ribeirinha e plana, uma várzea, e não qualquer tipo de barco, diz o mesmo historiador.

“O terreno onde nos aparece implantada a cidade não era muito favorável para a agricultura. Era, contudo, uma terra enxuta e um local de cruzamento de caminhos regionais…”

Ao tempo do foral, o sítio de atravessamento do rio era o vau, no Fundo de Vila, atual Fonte de Baixo. Ali estava instalada uma gafaria, hospital para leprosos, que assim podiam melhor beneficiar das esmolas dos viajantes.

Depois subia-se para a vila, centrada no largo do Apoio, primeira praça cívica de Barcelos, que se desenvolveu na elevação dominante da passagem do rio.

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Nas Inquirições de 1258

Nas Inquirições de 1258 já se faz referência à existência de 22 ruas e a uma densidade populacional relativamente elevada. O Abade do Louro (Domingos Joaquim Pereira), que escreveu a “Memória Histórica da Villa de Barcellos, Barcellinhos e Villa Nova de Famalicão” (1867), sem fazer menção de data, faz referência a 32 ruas, intramuros e extramuros: rua da Igreja, da Misericórdia, do Terreiro, dos Açougues, da Cruz, de Trás, dos Pelames, das Flores, dos Carvalhos, das Velhas, da Cadeia, rua Direita.

A rua da judiaria, ou rua Nova, hoje rua Infante D. Henrique, tinha uma cancela em cada um dos extremos que se fechava com chave ao pôr-do-sol, e se abria ao amanhecer. Possuía uma sinagoga do lado poente, onde hoje é o edifício da Câmara Municipal.

Passagem a condado

Com a passagem da Villa a condado, e sempre nas mãos de nobres muito poderosos e próximos do rei, Barcelos sobrepõe-se às administrações e às justiças das “terras” circundantes de Castelo de Neiva (onde antes se integrava), de Faria, de Aguiar de Neiva, de Penafiel de Bastuço e de Vermoim, alcançando assim um extenso termo, muito maior do que o da cidade de Braga.

A igreja Matriz e a ponte terão sido iniciadas pelo terceiro conde de Barcelos, D. Pedro. As suas armas estão nas arquivoltas do portal principal da igreja. A ponte já estava a ser construída em 1325 e estaria pronta em 1328. Nesse ano foi construída a capela de Santa Maria da Ponte, precisamente para a sacralização da ponte.

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João Afonso, sexto conde, tomou o partido castelhano, durante a crise de sucessão (1383-85) e morreu na batalha de Aljubarrota. D. João I entrega então o condado de Barcelos ao seu condestável, D. Nuno Álvares Pereira, tornando-o sétimo conde e fazendo da sua família um verdadeiro estado dentro do estado.

No tempo do oitavo conde (1401-1461), D. Afonso, fizeram-se obras de vulto em Barcelos, como as muralhas da cidade (a cerca). O paço condal terá sido iniciado pelo seu filho, D. Fernando, o nono conde. A colegiada de Barcelos foi instituída em 1464, também no tempo do conde D. Fernando.

O regente D. Pedro, irmão do conde D. Afonso, torna-o também duque de Bragança, duque de Guimarães e marquês de Vila Viçosa.

Condes e duques de Barcelos na origem da Casa de Bragança

“Excetuando as casas reinantes, nenhuma família da Península, nem talvez da Europa, gozou de tão grandes honras e privilégios e de tantas riquezas e poderio como os condes e duques de Barcelos e Bragança, antes de se tornarem reis de Portugal”, diz o Abade do Louro.

“Os duques não recebiam o título de conselheiros de estado, mas quando iam à corte eram sempre chamados a conselho e tinham direito de entrar mesmo que não tivessem sido convocados. (…) Se os duques jantavam à mesa do rei eram servidos pelos seus próprios oficiais e não pelos do rei.”

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Carlos Alberto Ferreira de Almeida diz, no entanto, que o condado de Barcelos perdeu força com a passagem dos condes a duques de Bragança, Guimarães e marqueses de Vila Viçosa.

A família dos antigos condes de Barcelos tornar-se-ia real na 4ª dinastia, a dinastia de Bragança.

O simbolismo do 1º de Dezembro de 1640

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Obs: artigo previamente publicado no blogue Torcer o Destino, tendo sofrido ligeiras adequações editotiais na presente publicação.

Imagens: João Sousa

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Categorias: Barcelos, Cultura, História

Acerca do Autor

Mário Costa

Mário José Martins da Costa, licenciado em História, professor do ensino básico, ex-jornalista da imprensa de negócios e da imprensa local. Natural e residente em Barcelos.

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