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Palavra do Senhor é o título do segundo romance de Ana Bárbara Pedrosa, acabado de lançar pela editora Bertrand. ‘Radicalmente diferente do anterior, uma nova experiência estética e narrativa’ surge na sequência do seu romance de estreia Lisboa, Chão Sagrado, que impressionou a crítica portuguesa pelo vigor e singularidade. Segundo Maria Moreira Rato, no Nascer do SOL, trata-se de um livro em que a relação de Deus com Maria é repensada.
«Leram tudo e entenderam tudo mal.
Falam de Sodoma e Gomorra, chacinas, inundações.
Dizem que separei famílias, disseminei a fome, escolhi matar pessoas. Com tanto mundo à frente, só um insensato pode julgar que não há Deus. Poderia a vida, esta coisa múltipla e parca, ser obra mera do acaso? Mais tarde ou mais cedo, eu teria de repor a verdade, contar à gente de onde vem, para onde vai, quem é. Pode julgar-se que vem tarde a narrativa fundadora que corrige as anteriores, mas veio na hora certa porque foi a hora que eu escolhi.»
Este romance de Ana Bárbara Pedrosa revela uma escrita experimental irreverente, bem-disposta, desarmante e até mesmo deliciosamente herética. Essa, segundo a jovem escritora, é uma forma “não só de espelhar o mundo, mas também de participar nele”, não ficando acantonados “na nossa casa, no nosso círculo, no nosso umbigo”.
Na citada entrevista, Ana Bárbara Pedrosa refere que o novo livro “está dividido entre uma versão do Antigo Testamento e uma do Novo Testamento. (…) O narrador é Deus. Assume alguns dos aspectos canónicos, mas tive a liberdade de fazer o que me apetecia, e de pôr as histórias do cânone ao serviço de uma outra ideia. No caso, repensei a relação de Deus com Maria para fazer outra proposta. Passa a ser Maria a ditar o início do Cristianismo e o filho dela passa a ser o instrumento. No cânone, é o contrário: Jesus é humano em pleno, Maria é um instrumento. No meio disto, Deus acaba por se humanizar com a existência humana”.
“A Bíblia e o catolicismo, em geral, fazem parte do meu imaginário e das minhas referências culturais. Mas, desde que comecei a ver o que eram os dogmas, não tive como não os questionar. A ideia surgiu-me e agarrei-a. Escrever o livro foi divertido porque usei uma prosa muito mais contida” do que em Lisboa, Chão Sagrado, conclui.
A autora de Palavra do Senhor é um nome ainda recente da literatura portuguesa. Nascida em Vizela, em 1990, é licenciada em Línguas Aplicadas, mestre em Estudos Portugueses, pós-graduada em Linguística e em Economia e Políticas Públicas, e doutorada em Ciências Humanas, tendo estudado em Portugal, no Brasil e nos Estados Unidos. A linguista, cronista e crítica literária estreou-se, na Bertrand Editora, na literatura de ficção com Lisboa, Chão Sagrado, após ter publicado antes um livro dedicado à memória de seu pai (José Inácio Pedrosa “Zézito”) intitulado Viveste, realizando também trabalhos de edição e revisão de texto, bem como de tradução. Nos tempos livres, dedica-se à literatura, viaja, estuda norueguês e pratica jiu-jitsu e kickboxing.
O Divino no Budismo e no Cristianismo: pistas para uma espiritualidade de diálogo
Imagem: Bertand + ABP / ed VN
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