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Para um cidadão comum, aquele que como eu, não reside em perímetro local onde haja jazida de lítio apetecível para exploração, é difícil perceber, afinal, o que querem os autarcas e os seus eleitores no interior profundo onde a desertificação é uma realidade quotidiana.
Ou seja:
- O que querem os eleitos, presidentes de câmara?
- O que querem as populações do interior, em concreto?
- Combater a desertificação?
Ou
- Manter e agravar as condições que promovem a desertificação a que estão indubitavelmente votados?
Todos sabemos que o progresso local tem custos.
E todos sabemos que o preço em causa não se compadece com hábitos, usos e costumes.
Aquilo que temos dificuldade em compreender é o que querem afinal as populações locais embora as pretensões dos autarcas convertidas em votos sejam de demasiado fácil perceção.
Tudo o mais são interesses escondidos na sombra dos interesses que as energias convencionais envolvem e as energias renováveis elencam.
A extração do lítio é uma exploração mineira semelhante a outras, inclusive a exploração de areia que deixou autênticas crateras – hoje lagoas a céu aberto -, tanto em áreas de cultivo como de floresta, sem que nunca um qualquer autarca se tivesse rebelado e as populações nunca para tal se tenham mobilizado ou sequer denunciado com a veemência que demonstram ter contra a exploração do lítio, com a devida ressalva das manifestações contra a exploração de caulinos.
Nesta perspetiva quer-me parecer que, assim como as explorações do volfrâmio, ouro e outros, em localidades do interior, contribuíram para o seu desenvolvimento no tempo e para a economia nacional, de forma irrefutável, enquanto duraram. A exploração do lítio daria uma outra vida e levaria outras dinâmicas sociais e económicas ao interior profundo que marcaria de forma indelével o seu progresso e desenvolvimento com condições económicas vantajosas para a sua economia local de que as populações seriam o primeiro beneficiário com efeito relativo direto na fixação das suas populações com ênfase maior para as suas valências mais jovens a que acresce a deslocação de pessoas de outras localidades para o seu perímetro local e regional.
Como é óbvio, o tempo atual não se compadece com práticas ultrapassadas de insegurança no trabalho e muito menos a insegurança do meio promotor da biodiversidade sustentável.
Nesta última valência, as pessoas são um elo incontornável embora o seu papel deva ser reequacionado numa lógica do equilíbrio necessário, mesmo que em primeira linha os seus interesses e satisfação de necessidades seja tido como prioridade.
Daí que as condições de exploração inerentes, desde a implantação ao lacre, devam obedecer às regras em vigor para o setor na União Europeia (UE) e, se necessário, implementar regras específicas tendo em atenção a região; o local; os efeitos; e outros.
As energias renováveis são uma das garantias que a Humanidade tem para a sua continuidade e sobrevivência, uma vez que as reservas naturais são finitas e a poluição provocada pelas energias convencionais colocam em causa a sobrevivência de todo o habitat natural na justa medida em que das energias, sejam elas quais forem, depende a vida tal qual a conhecemos.
Assim sendo, toda a evolução no domínio da exploração de inertes, de forma controlada, visando a salvaguarda da vida, acaba sendo em benefício da Humanidade e do meio.
Não se entende por isso o comportamento político dos agentes eleitos autarcas, e muito menos, o das populações do interior contra a sua própria condição de secundarização e subsequente agonia enquanto localidades com vida Humana, comportamento que resulta numa luta social e económica em defesa de interesses instalados em manifesto prejuízo: das pessoas; das localidades: do equilíbrio na densidade habitacional; da sustentabilidade territorial.
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Imagem: DPM
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