‘Aparição’ de Vergílio Ferreira ensina a amar e a sentir com lágrimas cobertas de garras
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Aparição de Vergílio Ferreira, dá-nos a conhecer Alberto, um homem solitário e perdido. De saúde frágil tem um destino estranho e interessante. Filho de Álvaro e de Susana, não será o filho preferido de nenhum dos progenitores. O amor, esse sentimento de vertentes várias, é padrasto e despótico.
Tomás é o irmão mais velho. Casado com Isaura, é o homem da terra. Engenheiro agrónomo e pai de uma ranchada de filhos, é o modelo que o pai deseja para a sua continuidade. A semente que não morre e que se fertiliza.
Evaristo é o outro irmão, o que apenas estudou até ao fim do liceu mas casou com Júlia, a filha de um homem rico. Pessoa sem nada de relevante a não ser o facto de ser um estroina, é o menino de sua mãe. Não desenvolve mas a vida ajuda-o mesmo assim.
As triangulações de Aparição
Professor de português e latim, Alberto acaba por aterrar na cidade de Évora onde os Mouras residem. A relação que se estabelece é forte e a família acolhe-o de forma simpática e amistosa. O novo professor, ou professor novo, ambienta-se com alguma dificuldade.
O Dr. Moura é pai de três filhas: Ana, casada com Alfredo e com quem partilha uma vida de mais do mesmo, sem desafios ou algo que a motive, Sofia, uma rapariga muito atraente e pouco dada ao convencional, e Cristina, uma menina que é o anjo familiar, o tão desejado equilíbrio que todos buscam.
Três irmãos e três irmãs e um enredo que mexe com todos. Vidas que se cruzam e que vão sofrer rudes golpes. Alberto envolve-se em demasia, mesmo não o querendo e a morte, a carrasca que se sabe existir, vai trazer-lhe recordações doces, a tia Dulce, e muito amargas, o seu cão.
Amar, com Vergílio Ferreira
A trilogia vivida em Aparição é tão bem elaborada que entramos nestes triângulos com uma enorme facilidade. O Alentejo pacífico é, afinal, um local onde as tormentas ardem sem se ver, tal como o amor. Um livro magistral que se relê com imenso prazer. Um Vergílio, só nosso, que ensina a amar e a sentir com lágrimas cobertas de garras.
Vinte e cinco anos passados sobre a sua partida, Vergílio Ferreira continua tão vivo como quando ainda dava aulas no Liceu Camões e os seus alunos o ouviam atentamente. Ou melhor, bebiam de uma fonte que não parava de jorrar.
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Imagem: Bertrand + autor desconhecido (DR) / ed VN
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