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Estamos a um mês da Páscoa com as metas definidas por Marcelo atingidas (incluindo a das UCI porque essa é determinada pelo número de internamentos gerais hoje e não daqui a 2 semanas).
Marcelo e Costa, numa demonstração simbólica de força, insistem em manter o lazer encerrado, as escolas fechadas, enquanto mais de 70% estão a circular e trabalhar. É evidente que se basearam em previsões com erros grosseiros do ponto de vista estatístico e que os seus autores não percebem, de forma cabal, como se comporta uma curva epidémica (Jorge Torgal previu esta curva exactamente como ela se comportou a meio de Janeiro, dizendo que a queda seria no fim de Janeiro, como foi).
Não podemos enfrentar seja o que for em sociedade se não temos intenção de verdade, rigor e objectividade. Confunde-se tudo, numa amálgama de medo. Nunca se confinaram pessoas saudáveis na história porque nunca se fizeram na história confinamentos, a não ser nas ditaduras como a nazi, que aliás são os pais modernos da própria palavra “confinamento”. O que se fez no passado foram quarentenas e cercas sanitárias, pontuais, distintas de confinamentos. Não se compreende, pelos milhões de pessoas que viram a sua vida, saúde e independência económica destruída, como é que alguém usa exemplos medievais para sustentar uma medida destas no século XXI, recusando-se a aceitar (por isso falei de intenção de verdade contra o relativismo) que:
1) foi em vão, porque o vírus matou os mais frágeis, já confinados, que governo algum, incluindo o sueco, conseguiu proteger, porque as sociedades ocidentais não conseguem (e/ou não querem) resolver a questão do envelhecimento com dignidade;
2) todos os Países que confinaram e não confinaram tiveram sensivelmente a mesma evolução da curva epidémica, mesmo dentro dos EUA em que uns estados confinaram e outros não a curva é a mesma; a grande maioria dos Estados no mundo nunca confinou (não insistam na ideia contrária, porque é falsa); e nos que confinaram nunca esteve confinada a maioria da população que esteve sempre a trabalhar, ou seja, de facto só houve, em rigor, confinamento numa cidade chinesa, e que representa 1% da população desse país;
3) O confinamento foi sempre, por estas razões, um erro, porque fez mal e não fez bem. Não evitou o pior (os lares) e teve efeitos devastadoras para a maioria da sociedade, mas hoje nem os seus defensores têm qualquer argumento. Só é mantido ignorando dados, razão e a ciência, ignorando as próprias palavras e promessas, como demonstração de poder, simbólica (dimensão fulcral de todo o poder). Estamos num processo que em sociologia designamos anomia – há um processo em curso de desagregação social, uma eterna destruição dos direitos democráticos e da vida em sociedade, e não é da responsabilidade da pandemia mas da gestão política da pandemia.
Tudo para ocultar um Governo que falhou e um Estado que falhou em ter serviços de saúde que, no pico da pandemia, tiveram que lidar com 0,07% da população doente. Não é a Páscoa que vai salvar a crise de reconhecimento e aceitação que o Estado tem hoje da imensa maioria da população. Não há ressurreição possível, quando temos 813 mil desempregados, na realidade mais de 1 milhão, porque estão “hibernados” com subsídios às empresas, também elas falidas, mas “hibernadas” com créditos impagáveis. Os 4 bancos portugueses somaram lucros – neste ano de pandemia – de 1.300 milhões. Uma burguesia, real, que fez esta travessia no deserto com lucros astronómicos, e milhares de pessoas a trabalharem todos os dias, incansáveis, nunca chegarão sequer a compreender o que são 1.300 milhões de euros. Sim, estamos a falar de liberdade, democracia, direitos fundamentais, entre eles o direito à vida, que não se circunscreve à existência biológica, como nos lembra o filósofo Giorgio Agamben. Vida só existe se há meios para a viver, emprego, salários, sustento, bem estar social e afectos.
Obs: a publicação original no blogue Raquel Varela | Historiadora . Labour Historian sofreu ligeiras adequações editoriais na presente edição.
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