Pub
O “mundo rico” vive tão fechado sobre si mesmo, sobre o seu próprio umbigo, tão cheio de “problemas”, que não consegue estender a sua humanidade além mais da sua casa.
Na semana em que se assinalou o Dia Mundial da Justiça Social, a 20 de fevereiro, refletimos: haverá justiça social no acesso à saúde?
Enquanto 10 países “privilegiados” receberam já 75% das doses da vacina contra a Covid-19 disponíveis, 130 não receberam ainda qualquer dose.
A dureza desta informação assemelha-se à que se sente ao assistirmos às toneladas de alimentos que diariamente vão para o lixo quando, paralelamente, existem milhões de pessoas a morrer de fome: o mundo desperdiça, especificamente, ⅓ dos alimentos produzidos.
Se as assimetrias entre países eram já evidentes, a COVID-19 veio acentuar ainda mais as diferenças de acesso à saúde e de tratamento entre quem pode pagar a vacina e quem, vivendo em países subdesenvolvidos, não pode.
A falta de sensibilidade para esta questão é preocupante e apenas uma profunda reflexão sobre o comportamento humano não é suficiente. Urge uma ação rápida por parte da Organização Mundial de Saúde e da União Europeia.
Não fosse grave o suficiente esta realidade, ainda assistimos a um chico-espertismo que, num primeiro instante, nos deixa na dúvida se é uma brincadeira de dia das mentiras. Mas não! Desde viagens de luxo para o Dubai com vacinas incluídas no pacote de férias, a milionários que pressionam os seus médicos para que lhes seja ministrada a vacina mais rapidamente, temos visto de tudo.
Mas, também por cá, não ficamos alheios à tentação de dar um twist à listagem de prioritários/as para a toma da vacina. Desde as desculpas mais simples às mais trabalhadas, é impossível não ficar com vergonha alheia de pertencer a um país – e até a um concelho – onde se tenta trapacear o/a outro/a.
O “mundo rico” vive tão fechado sobre si mesmo, sobre o seu próprio umbigo, tão cheio de “problemas”, que não consegue estender a sua humanidade além mais da sua casa.
Agora, perante as falhas na resposta da indústria farmacêutica, como seria expectável, continuaremos a assistir a uma pressão para que contratos sejam cumpridos, para que encomendas sejam entregues. Novas mutações do vírus estão a surgir, novas vacinas serão desenvolvidas, novos contratos serão feitos. E, sem grandes surpresas, o ciclo repetir-se-á.
A incapacidade de pensarmos o mundo como um todo tem causado injustiças sociais, pobreza, fome e, consequentemente, morte. No entanto, a nossa incapacidade de mudarmos comportamentos e de criar mecanismos de apoio ao nosso semelhante continua a imperar.
Este vírus, que surgiu pelo contínuo desrespeito do ser humano pelo meio ambiente e tudo o que o rodeia, teve repercussões mundiais. E, no entanto, continua-se a correr atrás do prejuízo.
Perante o grito desesperado do planeta, urgem políticas de prevenção, debates sérios sobre os impactos nefastos do ser humano na natureza e uma verdadeira responsabilização dos Estados e da não-ação destes.
Mais de 700 mil portugueses deixaram situação de pobreza ou exclusão social desde 2015
**
*
VILA NOVA, o seu diário digital
Se chegou até aqui é porque provavelmente aprecia o trabalho que estamos a desenvolver.
A Vila Nova é cidadania e serviço público.
Diário digital generalista de âmbito regional, a Vila Nova é gratuita para os leitores e sempre será.
No entanto, a Vila Nova tem custos, entre os quais a manutenção e renovação de equipamento, despesas de representação, transportes e telecomunicações, alojamento de páginas na rede, taxas específicas da atividade.
Para lá disso, a Vila Nova pretende produzir e distribuir cada vez mais e melhor informação, com independência e com a diversidade de opiniões própria de uma sociedade aberta.
Como contribuir e apoiar a VILA NOVA?
Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu simbólico contributo sob a forma de donativo através de netbanking ou multibanco (preferencial), mbway ou paypal.
NiB: 0065 0922 00017890002 91
IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91
BIC/SWIFT: BESZ PT PL
MBWay: 919983484
*
Obs: envie-nos os deus dados e na volta do correio receberá o respetivo recibo para efeitos fiscais ou outros.
*
Gratos pela sua colaboração.
*
Pub
Acerca do Autor
Comente este artigo
Only registered users can comment.