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Urbanismo: atuais Hortas Urbanas de Famalicão reduzidas a tijolo a cimento
As hortas urbanas têm vindo a ganhar força: quer pela questão ambiental, quer por possibilitarem o acesso a bens agrícolas frescos e, consequentemente, a uma alimentação mais saudável e economicamente mais acessível – o que ganha ainda mais importância no atual contexto que vivenciamos. A adesão a estes projetos tem sempre números muito significativos e por todo o país temos assistido a uma aposta no seu desenvolvimento.
Recentemente, a Câmara Municipal de Famalicão anunciou que as hortas urbanas do parque da Devesa iriam ser transferidas para outro local. A razão é conhecida: ampliação das instalações do CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes para o desenvolvimento da sua atividade.
Aqui não se coloca em causa a quem pertence o terreno, mas sim se a Câmara Municipal desenvolveu os esforços necessários – e que seriam esperados – para encontrar alternativas junto do CeNTI para que esta situação tivesse um fim diferente.
O descontentamento da população de Famalicão é notório e compreensível. Durante anos, foi-lhe possibilitado que, de uma forma próxima, usufruísse de um espaço de partilha e convívio. E, de repente, retiram-lhe isso.
A mudança da localização das hortas não só trará dificuldades de acesso aos atuais utilizadores, como ficará localizada numa zona exposta a poluição atmosférica. Mais: ficará numa zona onde regularmente se assiste a uma concentração de águas, devido à falta de escoamento em épocas mais chuvosas, muito por força das margens do rio que hoje, ao invés de serem naturais , são nada mais nada menos do que betão.
Acresce ainda que o próprio rio ficará exposto a possíveis resíduos materiais – como plásticos, por exemplo – que podem ficar esquecidos nas hortas, juntando-se ao lixo que semanalmente já ali se concentra devido à feira semanal e bem sabemos que, apesar dos esforços dos funcionários camarários no final do dia, é inevitável que uma percentagem significativa acabe no rio. Da Câmara Municipal, esperamos que seja assegurada a disponibilização de vários ecopontos e ações de sensibilização aos utilizadores tanto das hortas como da própria feira.
Por muito que se tente justificar que a área das hortas será maior, o certo é que a área verde no centro da cidade ficará reduzida. São 9 mil metros quadrados de zona verde que darão lugar a cimento e tijolos, para grande orgulho da autarquia.
Aliás, as palavras do presidente da Câmara Municipal são esclarecedoras: “A autarquia não pode ficar insensível à necessidade de expansão de instituições como o CITEVE e o CeNTI, que muito contribuem para a nossa dinâmica concelhia…”
Pois é, Sr. Presidente Paulo Cunha: também os utilizadores das hortas e do parque dinamizam a cidade, também eles são importantes para a dinâmica de uma cidade que se quer mais verde, mais sustentável, com menos construções e mais espaços verdes que promovam a qualidade de vida dos munícipes, inclusive a sua saúde mental.
Por fim, porque não foi considerada a relocalização das hortas dentro do próprio parque da Devesa? Existiria realmente interesse na manutenção das hortas neste local? Fica para reflexão!
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