ZERO alerta para necessidade de reduzir queima de lenha

ZERO alerta para necessidade de reduzir queima de lenha

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ZERO alerta para “necessidade de reduzir queima de lenha face à enorme poluição do ar” no fim de semana de 16 e 17 de janeiro. Nesses dias, devido às condições meteorológicas desfavoráveis que se fizeram sentir e conduziram a níveis dramáticos de frio, a má qualidade do ar foi registada em quase todo o país. Embora tal seja seguro, devido à inexistência de dados, o Norte Litoral registaria muito provavelmente as concentrações mais elevadas do país.

Estarreja e Seixal registam os piores níveis, mas Almada e Barreiro também registam índice de qualidade do ar “mau”. A região Norte de Portugal, onde o uso de lenha para aquecimento é frequente, não realiza tal monitorização, pelo que o Norte Litoral registaria muito provavelmente concentrações ainda mais elevadas do que as restantes zonas do país.

Para obviar a este problema seria fundamental “avançar com a estratégia para a reabilitação de edifícios públicos e privados”, salienta a ZERO, em nota assinada por Carla Graça. “Em nosso entender esta é a medida verdadeiramente estruturante e de longo prazo que é necessário implementar e cujo avanço deve ter lugar em breve. Da mesma forma, a estratégia de combate à pobreza energética é um elemento essencial para lidar com a incapacidade de muitas famílias para conseguirem garantir conforto térmico nas suas casas”.

Excesso de poluentes oriundos da queima de biomassa

As temperaturas muito baixas no passado fim de semana de 16 e 17 de janeiro (sábado e domingo) conduziram a um episódio de poluição particularmente grave pelas enormes emissões provenientes do uso de lenha em muitas habitações em zonas urbanas e rurais que se verificaram desde a Península de Setúbal até à Região Norte. As condições meteorológicas particulares envolvendo vento fraco e uma inversão térmica, limitando assim uma maior dispersão dos poluentes, quer horizontal, quer vertical, conduziram a concentrações muito elevadas de alguns poluentes, com destaque para as partículas resultantes da queima de biomassa.

Valores médios diários de partículas nefastas superiores ao recomendado pela OMS

A ZERO, através da consulta ao site da Agência Portuguesa do Ambiente que disponibiliza as medições de Qualidade do Ar, identificou que no domingo, dia 17 de janeiro, foi ultrapassado o valor-limite diário de partículas inaláveis (PM10) (50 mg/m3) em cinco estações de monitorização de qualidade do ar das redes geridas pelas diferentes Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. As duas piores situações verificaram-se nas estações de Paio-Pires, no Seixal, e em Estarreja, com valores médios diários de 87 mg/m3 e 83 mg/m3, respetivamente. Ao mesmo tempo, e nessas duas estações, foi superado também de forma significativa o valor médio diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde para as partículas finas (PM2,5) de 25 mg/m3, tendo-se atingido 73 mg/m3 e 72 mg/m3 em Estarreja e no Seixal, respetivamente.

Na Área Metropolitana de Lisboa Sul, envolvendo concelhos como Almada, Barreiro e Seixal, o índice de qualidade do ar no domingo foi “mau”. A norte do Tejo, três zonas apresentavam um índice “fraco” e as restantes “médio”, com uma única exceção no interior centro.

Substâncias libertadas provocam ou agravam doenças respiratórias e cardiovasculares

O perfil das concentrações ao longo do dia é coincidente, entre as várias estações de monitorização, com um pico ao final do dia e início da noite, precisamente quando o aquecimento através de lareiras é mais utilizado.

Os efeitos das partículas inaláveis na saúde humana manifestam-se sobretudo ao nível do aparelho respiratório, dependendo da sua composição química. As partículas em suspensão de maiores dimensões são normalmente filtradas, podendo estar relacionadas com irritações ao nível do nariz e das vias respiratórias superiores, e hipersecreção das mucosas. Já as partículas mais finas são normalmente mais nocivas dado que atingem os pulmões em profundidade e passam para a corrente sanguínea, causando e/ou agravando doenças respiratórias e cardiovasculares, e até cancro do pulmão.

Norte regista situação agravada pela falta de registos

Na consulta corrente que a ZERO efetua às medições de qualidade do ar através da internet, sobressai um alerta urgente para a necessidade e obrigação de disponibilização de dados em muitas estações da Região Norte. No dia 17 de janeiro, não existiam dados de partículas inaláveis (PM10) disponíveis em 21 estações, nem dados relativos a partículas finas (PM2.5) que deveriam ser disponibilizados em cinco estações. Face às temperaturas registadas, o Norte Litoral de Portugal muito provavelmente apresentaria concentrações ainda mais elevadas do que as restantes zonas do país.

Encontrar soluções alternativas à queima ineficiente de biomassa

A ZERO considera que este episódio de poluição é consequência da falta de políticas que alertem para a perigosidade do uso excessivo de lenha, principalmente de forma ineficiente. A este facto acresce ainda o elevado custo de soluções alternativas estruturais que tenham em conta a sustentabilidade energética dos edifícios e a promoção de sistemas de climatização ativa eficientes e menos poluentes.

Recorrer ao uso de biomassa através da queima de lenha em lareiras deve ser feito recorrendo a recuperadores de calor tão eficientes quanto possível ou através de sistemas a pellets. A utilização de biomassa deve ser, no entanto, sempre moderada ou mesmo proibida em determinadas circunstâncias meteorológicas, porque a queima de madeiras, de acordo com o tipo de instalação, pode causar uma poluição do ar muito significativa por partículas com grandes prejuízos para a saúde pública, podendo ainda prejudicar a qualidade do ar interior, e em algumas situações, tal como aquando do uso de braseiras, provocar intoxicações por monóxido de carbono que podem levar à morte.

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Imagem: Gabriela Clare Marino / Unsplash

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