‘Mosaico de histórias interligadas’ ‘do ‘poeta definitivo de Honk Kong’ é exibido no Theatro Circo a 4 de janeiro
Cinema | ‘Chungking Express’ de Wong Kar-Wai. Como no amor, um filme com 10.000 anos de prazo de validade

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O Theatro Circo, em Braga, dá início à sua programação de cinema de 2021 com Chungking Express (2009) de Wong Kar-Wai. O filme é exibido – em restauro digital, supõe-se, uma vez que foi recentemente reeditado em 4K – no Pequeno Auditório da casa de espetáculos da capital do Minho a 4 de janeiro, pelas 19h00.
Chungking Express ‘é um filme-caleidoscópio, onde a câmara gira à volta das personagens que rodopiam sobre si mesmas e em torno de breves tangentes entre elas’, refere João Araújo no blogue À pala de Walsh. Trata-se de ‘um filme hiperativo enamorado pela ideia de amores e desamores efémeros, e pela ideia do cinema como prova de amor e rendição às suas personagens’.
O filme é um ‘mosaico de histórias interligadas’ e, ‘através de uma miríade de recursos estilísticos, é também um exercício de imaginação, uma redefinição de coolness – mas é o romantismo com que o filme aborda o desamparo sentimental destas historietas, e a forma como se coloca ao lado das personagens, que o ampliam para algo sublime’. Foi, por essa razão, e em parte à distribuição realizada por Quentin Tarantino em solo americano, que catapultou o nome do realizador Wong Kar-Wai junto do público ocidental.
‘Se o amor tem um prazo de validade, então que dure dez mil anos’
Sob os neons da paisagem urbana de Hong Kong, duas histórias paralelas exploram a melancolia do amor perdido e a inocência das novas paixões. Duas histórias, dois polícias, algo em comum: os polícias 223 e 663 trabalham em Hong Kong, no turno da noite e ambos os jovens foram abandonados pelas namoradas. A primeira narrativa segue o agente 223, um polícia que projeta o seu destino numa coleção de latas de ananás cujo prazo de validade expira a 1 de Maio seguinte. Um encontro com uma mulher misteriosa que usa uma peruca loira arranca-o do estado de torpor em que se encontra. A segunda história desenrola-se em torno do agente 663 e do fim da sua relação com uma assistente de bordo, uma tragédia que chega aos ouvidos do empregado de um snack-bar que começa à procura de formas de o animar. O bar “Midnight Express” está aberto toda a noite e o seu gerente ouve pacientemente os desabafos deste polícia enquanto dá conselhos gastronómicos, pelo telefone, ao outro. Faye trabalha no bar do tio como empregada de balcão e desenvolve uma paixão secreta pelo agente que frequenta o bar.
Com este despretensioso filme, rodadp em apenas 23 dias, Wong Kar-Wai assume-se como ‘o cineasta mais lírico e romântico de sempre’. Afinal, ‘se o amor tem um prazo de validade, então que dure dez mil anos’, argumenta Tiago Ramos, no SplitScreen, um outro blogue sobre cinema e televisão. ‘Tal como noutras suas obras, aqui o que vemos é poesia no seu estado puro, é a poesia fílmica, um sentido estético perfeito e sublime, mas que não subverte sequer a mensagem que tem para transmitir. É o poeta do amor focado nas relações interpessoais, um excelente contador de histórias, um perpetuador da história de amor de qualquer uma das suas personagens. O que ele quer é precisamente o que nós também queremos e sentimos: que a história seja nossa, que ali estejamos nós, que nos identifiquemos’ com as personagens em situação.
Com as suas cores vibrantes e movimento efervescente, ‘Chungking Express’ marcou o momento de internacionalização de Wong Kar Wai. Para lá do argumento, o filme assenta sobretudo em imagens de uma das cidades mais cosmopolitas do planeta, onde as luzes nunca se apagam e o movimento é quase perpétuo. Imagens tranquilas de existências rotineiras numa cidade que desconhece a rotina e onde se vive em permanente frenesi. As pessoas passam, os lugares ficam, como disse Wong Kar-Wai. Wong Kar-Wai poderá mesmo ser considerado ‘o poeta definitivo de Hong Kong’.
Prémios
Festival Internacional de Cinema de Estocolmo – Prémio FIPRESC; Melhor Actriz (Faye Wong)
Prémios de Cinema de Hong Kong – Melhor Filme; Melhor Realizador (Wong Kar Wai); Melhor Actor (Tony Leung Chiu Wai); Melhor Edição de Filme (William Chang Suk Ping, Hai Kit Wai, Kong Chi Leung)
Ficha Técnica
Realização: Wong Kar Wai
Interpretação: Tony Chiu-Wai Leung, Brigitte Lin, Faye Wong, Takeshi Kaneshiro, Valerie Chow
Argumento: Wong Kar Wai
Fotografia: Christopher Doyle (H.K.S.C.), Andrew Lau Wai Keung
Produção: Wong Kar Wai, Chan Ye Cheng, Jacky Pang Yee Wah, Jet Tone Productions Ltd.
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