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Dez personalidades bem conhecidas do grande público colaboraram a ZERO num estudo realizado em cinco países, entre eles Portugal, para avaliar a presença no corpo humano, de substâncias químicas potencialmente perigosas, em resultado da nossa utilização quotidiana de embalagens, em particular as embalagens alimentares.
Os resultados são claros: das 28 substâncias químicas analisadas, em cada uma das amostras foram encontradas entre 18 e 23 substâncias. A variação entre países não foi muito significativa, o que indica que o contacto quotidiano com estas substâncias acontece um pouco por toda a Europa, sendo transversal à geografia, profissão, idade, entre outras variáveis.
André Silva: deputado, Carla Tomás: jornalista, Fernando Alves: jornalista. Francisco Ferreira: professor universitário e Presidente da ZERO, José Sá Fernandes: Vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Júlia Seixas: professora universitária, Luísa Schmidt: investigadora, Raquel Gaspar: ativista, Ricardo Paes Mamede: professor universitário e Sandra Cóias: atriz e influencer são os nomes que se associaram ao projeto.
Pesquisa por substâncias nocivas à saúde
A pesquisa da ZERO incidiu na procura de ftalatos (17) e fenóis (11) em amostras de urina para avaliar a presença de alguns dos químicos que podem ser encontrados em embalagens alimentares descartáveis, em particular as de plástico, que têm sido associadas por cientistas a doenças como o cancro ou às doenças cardiovasculares, bem como a impactos negativos nos sistemas reprodutivo e imunitário.
Estas substâncias são muitas vezes adicionadas a embalagens de plástico como aditivos para lhe dar determinadas características: maior estabilidade à luz ou ao calor, maior flexibilidade, diferentes cores, entre outras.
Parceria internacional atarvés da rede Zero Waste Europe
Este projeto resultou de uma parceria no seio da rede da Zero Waste Europe que envolveu cinco dos seus membros e incluiu participantes da Bélgica, Bulgária, Letónia, Portugal, Eslovénia e Espanha. Tal como cá, nos demais países os participantes incluíram decisores políticos, artistas, investigadores, ativistas, atores, jornalistas.
“Estes resultados são mais uma prova de como as embalagens e os produtos que consumimos e usamos quotidianamente, introduzem substâncias químicas estranhas ao nosso corpo, que a ciência tem vindo a demonstrar serem potenciais riscos para a nossa saúde e para o ambiente. É urgente reduzir o uso de opções descartáveis e apostar em materiais seguros e circulares”, refere Susana Fonseca, da Direção da ZERO,
Objetivos do projeto
Com este projeto as ONG envolvidas pretendem chamar a atenção para os potenciais problemas para a saúde humana decorrentes do atual modelo de produção e consumo, apelando a que:
- Os decisores políticos deem prioridade ao tema dos impactos na saúde das embalagens de plástico e que avancem rapidamente para uma significativa reformulação da legislação aplicável aos materiais para contacto com os alimentos;
- Os retalhistas e as marcas mudem para alternativas mais seguras e reutilizáveis, reduzindo o uso do descartável;
- Os consumidores façam escolhas mais saudáveis e exijam a disponibilização de alternativas mais seguras às marcas e aos retalhistas, enquanto aguardamos por nova legislação.
Urge mudar a legislação
Em março deste ano, um grupo alargado de cientistas de renome, divulgaram um “Consensus Statement” que alertava para os milhares de substâncias químicas usadas em embalagens alimentares e noutros materiais para contacto com alimentos. Este documento sublinhava que, dada a capacidade de muitas destas substâncias químicas (muitas das quais perigosas) migrarem das embalagens e outros materiais, para os alimentos, o seu uso continuado dever ser entendido como um risco para a saúde humana.
No seguimento deste documento, mais de 230 ONG de todo o mundo (entre elas a ZERO), assinaram um documento onde expressavam a sua preocupação com esta situação e apelavam aos decisores políticos para tomarem ações urgentes.
Também no início deste ano, a Comissão Europeia comprometeu-se a propor a revisão da legislação sobre os materiais para contacto com os alimentos até ao final de 2022.
A legislação existente é antiga, insuficiente e desadequada, sendo reconhecido por muitos que não está a cumprir o seu objetivo de proteger a saúde humana.
Imagens: (0) Unsplash (1) ZWE
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