StayawayCovid: há limites ao autoritarismo

StayawayCovid: há limites ao autoritarismo

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Um Primeiro-Ministro que conseguiu no meio da pandemia perder ainda mais médicos e profissionais de saúde para o sector privado, profissionais que não foram aumentados 1 euro nesta pandemia, e agora quer colocar a polícia a verificar os nossos telemóveis – em circunstâncias normais de funcionamento da democracia e se o PR fosse de um partido de direita o país já tinha – e bem – exigido a sua demissão pela incompetência em dotar o SNS para a segunda vaga, pelo atentado flagrante à Constituição e pela manipulação descarada da opinião pública, baseada da irracionalidade, convencendo que uma aplicação teria qualquer efeito no combate ao Covid-19 – é tudo mau de mais para ser verdade.

Mas Portugal vive uma época histórica única – não há oposição, de esquerda, de direita, de centro. É deprimente. Junto-me às várias vozes que não aceitam esta medida – figuras públicas e milhares de anónimos, o Presidente do Conselho Nacional de Saúde Pública, centenas de médicos sérios, juristas, cientistas. Todos contra.

Há limites ao autoritarismo. Há linhas vermelhas que exigem de nós posições inequívocas contra o populismo e a manipulação política da ignorância. O que nos pode proteger numa pandemia é cuidar de quem cuida da nossa saúde, dos profissionais de saúde a quem não foi oferecido nada nestes tempos – nada, zero. Tudo o resto é um atentado à nossa inteligência e aos nossos direitos fundamentais.

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Categorias: Crónica, Sociedade

Acerca do Autor

Raquel Varela

Raquel Varela é Historiadora, Investigadora e professora universitária da FCSH da Universidade Nova de Lisboa / IHC / Socialdata Nova4Globe, Fellow do International Institute for Social History (Amsterdam) e membro do Observatório para as Condições de Vida e Trabalho. Foi Professora-visitante internacional da Universidade Federal Fluminense. É coordenadora do projeto internacional de história global do trabalho In The Same Boat? Shipbuilding industry, a global labour history no ISSH Amsterdam / Holanda. Autora e coordenadora de mais de 2 dezenas de livros sobre história do trabalho, do movimento operário, história global. Publicou como autora mais de 5 dezenas de artigos em revistas com arbitragem científica, na área da sociologia, história, serviço social e ciência política. Foi responsável científica das comemorações oficiais dos 40 anos do 25 de Abril (2014). Em 2013 recebeu o Santander Prize for Internationalization of Scientific Production. É editora convidada da Editora de História do Movimento Operário Pluto Press/London e comentadora residente do programa semanal de debate público O Último Apaga a Luz na RTP. Entre outros, autora do livro Breve História da Europa (Bertrand, 2018).

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