José Oliveira e o ‘regresso do filho pródigo à sua casa em Braga’
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“Os Conselhos da Noite” estreia nesta Quinta-feira nos cinemas de todo o país. Para saber mais um pouco sobre o filme, a Vila Nova Online resolveu trocar umas palavrinhas com José Oliveira. O cineasta revelou-nos alguns detalhes sobre o elenco, a relação com a cidade de Braga e o significado do regresso do protagonista, Roberto, à sua terra natal.
Como descreves os Conselhos da Noite?
Um regresso a casa, como na parábola bíblica do filho pródigo. Ainda na bíblia, uns laivos da história de Caim e Abel, com os pesos das errâncias e das rejeições eternas. A obra “A Leste do Paraíso”, tanto o livro de John Steinbeck como o filme do Elia Kazan. Enfim, a minha vida e a vida de muitos outros que deixaram Braga na década ou no milénio passado e que iam regressando espantados, vendo os véus do fascismo e do poder da igreja sendo diluídos pela sede de criação e da vida visceral.
Tiago Aldeia e Adolfo Luxúria Canibal são os dois nomes mais conhecidos do elenco. Como descreves a participação deles?
O Tiago é quase um alter-ego, e um actor de exempção, do método. Tal como faziam Marlon Brando, James Dean ou Montgomery Clift no cinema pós-guerra, o Tiago trabalhou de forma maníaca o sotaque bracarense, procurou conhecer os usos e os costumes, os lugares mais secretos, estudou pessoas da terra, como que ajustando a gravidade e as pulsões locais ao seu corpo e à sua alma. Quanto ao Adolfo, tentei filmá-lo como um mito, um monumento, uma lenda – foi ele e os Mão Morta que no cinzentismo e na pasmaceira dos anos oitenta e noventa nos entregaram, aos jovens vídeos de mundos outros, a possibilidade de fazer coisas diferentes, singulares, uma poética abismal.
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Tags:
Braga, cinema, entrevista, estreia, fuga, José Oliveira, luz, o medo, Os Conselhos da Noite, Pedro Maia Martins, redenção, sétima arte, tragédia
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