Governo aprova Estratégia Nacional para o Hidrogénio

Governo aprova Estratégia Nacional para o Hidrogénio

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O Governo aprovou a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2). A EN-H2 tem por objetivo promover a introdução gradual do hidrogénio numa estratégia global de transição para uma economia descarbonizada.

O documento aprovado foi enriquecido através de uma consulta pública e de um debate com vários agentes. Desta forma, foi possível determinar e estabelecer o grau de ambição nacional, as necessidades de investimento atuais e futuras, a necessidade e tipologia de apoios, os desafios que se colocam à adoção do hidrogénio e a adequação das metas para a sua incorporação nos diversos setores da economia.

Além do processo formal de consulta pública, foram organizadas seis sessões de discussão da Estratégia com representantes dos setores da Inovação e Desenvolvimento, Indústria, Transportes, Energia e Formação, Qualificação e Emprego. Estas sessões contaram com a presença de representantes de 87 empresas, associações e entidades do Estado e envolveram diversas áreas governativas – Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Economia e Transição Digital, Infraestruturas, Mobilidade e Trabalho e Formação Profissional.

Portugal, ao assumir o objetivo da neutralidade carbónica em 2050, comprometeu-se com um processo ambicioso de transição energética. Este é o ambiente natural para a desenvolvimento de novos modelos de negócio e para o relançamento da economia, criando novas oportunidades para os agentes económicos.

A Estratégia ora adotada defende que Portugal deve apostar na produção e na incorporação de gases renováveis, com enfoque no hidrogénio verde, promovendo desta forma a substituição de combustíveis fósseis nos setores em que a os custos da eletrificação não são eficientes.

Cumpre ainda outro objetivo, o de enquadrar todos os promotores com projetos de hidrogénio, incentivando sinergias. Deve também ser entendida como facilitadora do cumprimento das metas e objetivos que já constam do PNEC 2030, baixando os custos da estratégia de descarbonização ali proposta.

Como exemplo de projetos e iniciativas que podem ser dinamizadas no âmbito do hidrogénio, destacam-se:

  • A criação de um projeto âncora de produção de hidrogénio verde, em Sines. Focado na energia solar, mas também na eólica, tira partido da localização estratégica de Sines, onde será instalada uma unidade industrial com uma capacidade total em eletrolisadores de, pelo menos, 1 GW, até 2030. Tal permitirá posicionar Sines, e Portugal, como um importante centro de produção de hidrogénio verde.
  • A descarbonização do setor dos transportes pesados, no qual o hidrogénio, e os combustíveis sintéticos produzidos a partir de hidrogénio, em complemento com a eletricidade e os biocombustíveis avançados, são essenciais para a descarbonização. Em paralelo, apoiar-se-ão as infraestruturas de abastecimento de hidrogénio, preferencialmente com produção local associado;
  • A descarbonização da indústria nacional, sobretudo, entre outros, dos subsetores químico, extrativo, do vidro e da cerâmica e do cimento;
  • A criação de um laboratório colaborativo para o Hidrogénio, enquanto referência nacional e internacional de atividade de I&D em torno das componentes relevantes da cadeia de valor do hidrogénio. Pretende-se que este laboratório desenvolva novas indústrias e serviços e recursos humanos qualificados.
  • A formalização de uma candidatura ao IPCEI(sigla da designação inglesa deProjeto Importante de Interesse Europeu Comum) Hidrogénio.Durante 2020 serão continuados os trabalhos de preparação para a submissão de uma candidatura ao IPCEI Hidrogénio, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento da cadeia de valor industrial em torno do hidrogénio verde.

Esta oportunidade que o hidrogénio representa para o setor e para a economia poderá traduzir-se, no horizonte 2030, em investimentos na ordem dos 7 mil a 9 mil milhões de euros, representando uma redução das importações de gás natural entre os 380 e os 740 milhões de euros e de amónia de cerca de 180 milhões de euros. Estima-se ainda que possa criar entre 8.500 a 12.000 novos empregos, diretos e indiretos.

A aposta na produção de hidrogénio é um movimento global. Na Europa, pela mão da Comissão Europeia, e em vários Estados-Membros, o hidrogénio está no centro das políticas de energia e clima associadas à industrialização, como se demonstra pelas várias estratégias recentemente apresentadas. Este movimento traduzir-se-á em volumes significativos de apoios por via de vários fundos Europeus que permitem viabilizar os investimentos necessários e reduzir muito significativamente a necessidade de apoios nacionais.

Assim, “esta Estratégia contribui para a promoção e aceleração de uma política que representa novas e melhores oportunidades para a economia, para as empresas, para a indústria e para os consumidores, enquanto contribui para os objetivos nacionais de neutralidade carbónica”, destaca Pedro Henriques em nome do Partido Socialista.

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Grandes empresas nacionais envolvidas no projeto

Poucos dias antes, antecipando a resolução governativa, EDP, Galp, Martifer, Vestas e REN assinaram um memorando de entendimento para avaliar a viabilidade do projeto H2Sines, que visa implementar este ‘cluster’ industrial de produção de hidrogénio verde com base em Sines, noticiou o Dinheiro Vivo em artigo produzido pela Lusa.

“A produção de hidrogénio verde em Sines contemplada pelo projeto H2Sines integra e otimiza toda a cadeia de valor, desde a geração de eletricidade renovável, produção de hidrogénio e a sua distribuição, transporte, armazenamento, comercialização e exportação”, salientaram a EDP, a Galp e a Martifer. “Além da vertente exportadora, o hidrogénio verde a produzir em Sines poderá ser utilizado a nível nacional nos setores industriais e de transportes, bem como para injeção na rede de gás natural, contribuindo para o esforço de descarbonização da economia e do reforço da competitividade dos bens transacionáveis nacionais no espaço europeu”.

‘Tertúlia Energia’ manifesta-se contra EN-H2

O manifesto “Tertúlia Energia” defende que a aposta do Governo no hidrogénio é um “erro” e que “aumenta os custos de produção”, divulgou o Observador, há cerca de um mês, em artigo da agência Lusa. “A eficiência energética da cascata do hidrogénio é muito baixa, o seu manuseamento reveste-se de alta perigosidade, e a dependência destas tecnologias de metais preciosos (platina), torna problemática a sua massificação”, defenderam os signatários, entre os quais se encontram Abel Mateus, ex-presidente da Autoridade da Concorrência, o ex-ministro Mira Amaral, o empresário Henrique Neto, e Ribeiro e Castro, antigo líder do CDS.

De acordo com o documento, a política energética nacional nem sempre seguiu o melhor caminho; e poderá estar agora a seguir-se um caminho semelhante. “O maior erro foi a introdução de tecnologias ainda imaturas, como as eólicas em grande escala e a solar em menor escala, de forma maciça, sem criação de valor acrescentado nacional e emprego”.

Estes signatários alertam, por isso, que “o custo do hidrogénio injetado, apesar de utilizar a energia solar, custará entre o dobro ou o triplo do gás, pelo que o consumidor final verá a sua fatura do gás subir entre 15 e 30%”.

Por outro lado, “a utilização para abastecimento de automóveis movidos a hidrogénio apontada a EN-H2 não tem base tecnológica”, indica o manifesto, salientando que “o grau de imaturidade tecnológica revelado é bem evidente na confusão entre a utilização do hidrogénio misturado com metano na rede de gás natural, e a utilização do hidrogénio em células de combustíveis de veículos rodoviários”.

Os signatários alertam também para elevados custos e riscos de segurança na armazenagem e para o facto de a localização prevista em Sines não ser apropriada, porque o processo de produção exige muita água, que não existe no local.

“Não se compreende uma estratégia deste tipo num país com cerca de 20% de pobreza, e a necessitar de um forte investimento produtivo para poder aumentar o seu rendimento per capita“.

Ativistas ambientais também não estão de acordo

Ao contrário do gasóleo e da gasolina, o hidrogénio não produz poluição quando queimado, tornando-o um candidato promissor para um dia alimentar a economia global sem provocar alterações climáticas. Apesar de utilizado em alguns automóveis e para gerar eletricidade, porém a grande maioria do hidrogénio usado é um derivado do gás natural, cujo processo de extração não é nada amigo do ambiente, dado que produz o metano causador do aquecimento do planeta. Embora a União Europeia saliente que o seu foco será no hidrogénio verde, produzido através da eletrólise da água por recurso exclusivo a renováveis, como a energia eólica, essa tecnologia está, ainda, em fase experimental, admitindo-se explorar o hidrogénio produzido a partir de gás natural, mas com as emissões poluentes mantidas no subsolo.

Para tornar este plano realidade, Bruxelas pretende estabelecer uma Aliança de Hidrogénio Limpo, um consórcio de empresas, autoridades públicas e organizações não governamentais que ajudariam a direcionar o investimento. A ideia está sustentada na aliança de baterias de automóveis da UE, que incentiva as empresas europeias a investir e atender à crescente procura por baterias e postos de carregamento elétrico na Europa, referiu Ilídia Pinto, no Dinheiro Vivo. “Mas os ativistas observam que muitas das grandes indústrias envolvidas são empresas de energia que desejam usar a infraestrutura já usada para o gás natural”, acrescenta. E cita: “A Comissão deixou-se levar pela mediatização do hidrogénio por parte da indústria de combustíveis fósseis”, diz Tara Connolly, ativista de energia da Friends of the Earth Europe, para quem os apoios da União Europeia se deveriam limitar ao hidrogénio verde.

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Fontes: PS, DV, Observador; Imagens: (0) Wirestock / Freepik, (1) Governo/DP


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