‘Slow food’ ou… comer devagar

‘Slow food’ ou… comer devagar

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Quem vive no ritmo acelerado da cidade dá-se conta, muitas vezes, da alimentação desadequada que faz, do comer apressado, da pouca qualidade dos alimentos, vindos do fim do mundo, de avião, de barco, cheios de pesticidas, criados com hormonas de crescimento, de uma forma rápida e quase instantânea. São os frangos do aviário, os ovos criados em gaiolas, as vacas criadas em meio ano, as alfaces em quinze dias, tudo rápido, tudo fast e sempre as mesmas variedades e as mesmas espécies. Parece que só há uma variedade de couves, uma de alfaces e outra de feijão, este agora consumido em lata porque comprá-lo seco e cozê-lo em casa é tarefa muito demorada. Será?

Ao contrário a vida simples do campo, o ritmo vagaroso ao sabor da natureza, apela a uma alimentação com produtos frescos da horta ou oriundos de mercados de circuitos curtos, sem pegada ecológica, onde a riqueza das variedades e das espécies é mais abundante, às vezes variedades regionais que ainda encontramos no mercado local e que fazem parte do nosso património vegetal e animal desde há séculos. Também aqui encontramos alimentos mais saudáveis, com menos pesticidas onde a produção biológica se vai implantando. Com estes alimentos fazem-se comidas que se comem com tranquilidade e que são cada vez mais recomendadas pelos agentes de saúde.

Temos que desacelerar! Pelo bem da nossa saúde!

Foi neste contexto que surgiu o movimento slow food e associado a ele a “Arca do Gosto” onde se vão guardando os sabores ancestrais perdidos no tempo e em risco de desaparecerem ou serem substituídos por outros. Aqui identificam-se, localizam-se,  descrevem-se e divulgam-se sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção mas ainda vivos e com circuitos reais de produção e de comercialização.

O slow food, cuja imagem de marca é um caracol, é um movimento ecogastronómico, fundado em 1986 pelo italiano Carlos Petrini, para contrariar os efeitos negativos do fast food trazendo para a mesa as tradições culinárias locais, preservando a biodiversidade e a cultura gastronómica de cada região. São sabores associados a um território, a uma memória, à identidade de uma comunidade e ao conhecimento tradicional local.

O movimento chegou a Portugal em 1997 e conta já com vários produtos na sua “Arca do Gosto”. Entre eles destacamos o queijo de Serpa, a alheira de Mirandela, a carne de vaca cachena da serra da Peneda, a broa de Rio Frio, nos Arcos de Valdevez, e o “feijão tarrestrefeijão tarrestre” também do mesmo concelho. Sabores únicos, sabores de sempre, sabores com história que importa preservar.

A associação portuguesa e o movimento internacional realizam, também, vários eventos que apoiam e divulgam estes e outros produtos locais. São exemplo o mercado anual “Terra Madre”, realizado em Turim com pequenos produtores agrícolas; o slowfish, encontro anual, realizado em Génova, dedicado à pesca sustentável; as “comunidades do alimento” que apoiam comunidades que produzem determinados produtos, assim como vários workshops e formações.

Cada comunidade pode solicitar a esta Associação, sem fins lucrativos, a introdução de inúmeros produtos na sua Arca. Pode também propor a organização de outros tantos eventos ligados à produção e comercialização de boa comida, feita com produtos regionais e com técnicas tradicionais. De que estamos à espera? É só começar a pensar no assunto porque produtos locais não faltam!


Imagens: (0) Anabela Ramos, (1) Slow Food Ark of Taste


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Categorias: Crónica, Cultura, Sociedade

Acerca do Autor

Anabela Ramos

Historiadora.

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