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O tempo das favas está a acabar. Semearam-se no início do Outono, acarinharam-se ao longo do Inverno e, chega a Maio, tornam-se iguaria alimentar. Fazem parte da alimentação mediterrânica desde há milhares de anos. Os gregos deixaram receitas e o romano Apício apresenta-as no seu livro de cozinha. E por cá se mantiveram neste tão rico quadro alimentar dos países do sul a que hoje chamamos dieta mediterrânica. Secas ou verdes comem-se ao longo de todo ano, mas é na Primavera, acabadas de sair da horta, que se tornam rainhas. E vão bem com o alho, que também floresce na horta por esta altura, com os coentros, com o chouriço e a carne de porco que se guardam no pote e na salgadeira desde a matança. E esta combinação encontramo-la já em Gil Vicente e continua pelos séculos seguintes. Mas nos mosteiros comiam-se favas estufadas com alfaces, ervas aromáticas, pimenta, azeite, cebola e guarnecidas, no final, com ovos escalfados, tornando-se comida para dias de peixe.
E falando de favas esclareçamos ainda uma curiosidade: as favas contadas. Esta expressão está ligada à vida monástica e às suas grandes reuniões capitulares, onde se decidia a vida em comunidade. Assembleias que também se realizavam nas irmandades e misericórdias. Nestas reuniões, as decisões eram feitas por voto secreto. E a melhor forma de o fazer era com favas. Brancas e pretas, duas variedades que se cultivavam. E porque, muitas vezes, havia decisões importantes a tomar elas eram previamente negociadas. Quando se ia para a eleição já se sabia quem iria votar contra ou a favor. Eram favas contadas! “(… ) e votando-se por favas brancas e pretas, saiu vencido que assim se observasse(…)”. O que, aliás, também acontece no nosso parlamento na actualidade e em outras situações da vida política e social. E houve um tempo que se negociou com um queijo…
E assim as favas contadas foram passando para o linguajar popular! Mas agora, das favas sobejam apenas as brancas que se vão comendo de vez em quando!
Imagens: Anabela Ramos
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